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FINANÇAS
Investidores que tiveram perdas querem saber se houve má gestão de fundos
Bank of America abre carteiras à CVM
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 140 investidores dos
fundos High Yeld, Dinâmico e
Moderado do Bank of America,
que tiveram pesados prejuízos em
junho, começaram nesta semana
a analisar as informações sobre as
carteiras e movimentações dos
fundos, que o banco colocou à
disposição na CVM (Comissão de
Valores Mobiliários) desde a última quinta-feira.
Eles querem verificar se houve
má gestão dos ativos e informação privilegiada a alguns cotistas,
segundo o advogado de 40 desses
investidores, Antonio Lopes Muniz. "Houve um momento, antes
das perdas, em que saíram investidores dos fundos, escapando,
assim, dos prejuízos", diz Muniz.
Amanhã vence o prazo dado pelo banco para adesão dos investidores ao acordo para ressarcimento de parte das perdas. O
Bank of America propôs reembolsar 40% dos prejuízos dos
clientes do fundo High Yeld, 30%
dos do Dinâmico e 20% dos do
Moderado. Segundo o banco informou, 77% dos clientes diretos
e 66% dos indiretos (que aplicam
por meio de distribuidoras) já fecharam o acordo.
A Folha apurou que o Bank of
America vem propondo a investidores de seu fundo of shore, o
Global, que perderam 22% em junho, uma reposição maior do que
a oferecida aos clientes dos três
fundos locais -de 70%.
Também por esse motivo, os
cotistas desses fundos relutam em
fazer acordo. "Eles querem, antes
de mais anda, verificar toda a movimentação de aplicações e resgates registrados quatro meses antes
de começar a queda das cotas, durante e pouco depois do evento.
"Se ficar configurada movimentação atípica de resgates é porque
havia clientes mais bem informados que os demais", diz Muniz.
Segundo Francisco da Costa e
Silva, advogado de 100 cotistas do
Rio e ex-presidente da CVM, só a
autarquia pode ter acesso às informações da chamada "contraparte", ou seja, quem resgatou
aplicações antes que os prejuízos
começassem.
"Solicitei à CVM que investigasse as contrapartes, pois havia boatos de que os fundos vinham tendo perdas que não eram contabilizadas diariamente. Assim, quem
sacou antes, pegou uma cota mais
alta", diz Costa e Silva. Segundo
ele, se a autarquia constatar a irregularidade, deverá instaurar inquérito contra o banco. "Só assim, saberemos se houve informação privilegiada", diz.
Em São Paulo, entre os 40 cotistas que fizeram uma notificação
extrajudicial ao Bank of America,
em julho, está a Tok & Stok, tradicional indústria de móveis. A empresa tinha recursos aplicados no
fundo High Yeld.
Segundo Carlos Ernani Abraão,
diretor financeiro da empresa, de
acordo com o regulamento do
fundo, o Bank of America teria
sistemas de controle de risco que
permitiriam limitar os prejuízos
dos investidores a 200% do CDI
(Certificado de Depósito Interbancário, a taxa de juro praticada
entre os bancos) projetado para o
mês. Por esse critério, quando a
perda chegasse a 3,77% o banco
teria de desarmar as posições.
A Folha apurou que os fundos
teriam vendido contratos futuros
de juros, apostando na queda da
taxa básica da economia, a Selic.
Mas, naquele mês, o Banco Central manteve a taxa em 18,5% ao
ano e as taxas futuras dispararam
por conta do risco eleitoral fazendo os fundos ter prejuízos diários.
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