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CARROS
Siderúrgica prefere exportar
Falta de aço já ameaça produção de veículos
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O aumento das vendas e da produção de veículos em outubro e
novembro está criando um problema para as montadoras. Fornecedores de aço como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN)
não esperavam um crescimento
na procura da matéria-prima no
mercado interno, pois ele estava
praticamente estagnado até setembro, e fecharam grandes contratos de exportação no período.
Além disso, siderúrgicas reivindicam reajustes de 14% a 16% nos
preços de seus produtos entregues a indústrias de autopeças.
Segundo a Folha apurou, esses
dois fatores podem provocar um
desabastecimento de aço para automóveis até o final de dezembro,
prejudicando até mesmo as exportações do país.
"Tem ocorrido muitos aumentos de preços por parte das siderúrgicas, e as montadoras não podem repassá-los para os automóveis, porque o mercado está muito competitivo", afirmou ontem
Ademar Cantero, diretor de relações institucionais da Anfavea
(associação das montadoras).
A situação está no limite em algumas empresas. A Folha apurou
que a General Motors, por exemplo, é uma das montadoras mais
afetadas. A companhia tem sido
obrigada a selecionar os automóveis com maior retorno financeiro para direcionar a maioria do
aço que encomenda para a produção desses modelos.
A Fiat e a GM utilizam a Purchasing (empresa coligada às duas
montadoras) para encomendar
matérias-primas e autopeças. A
Folha apurou, no entanto, que a
Fiat tem conseguido contratos
que favorecem seu abastecimento
de aço. Já a GM não estaria sendo
tão beneficiada.
Mesmo assim, a Fiat teve de paralisar sua produção em Betim
(MG) no dia 1º de novembro, devido à falta de autopeças provocada pelas negociações de preços
entre ela e seus fornecedores.
Olhos lá fora
A CSN confirmou ontem que
tem direcionado boa parte de sua
produção para as exportações,
pois o preço no mercado internacional está mais atraente. Além
disso, as vendas externas são pagas em dólar. Para a companhia, o
mercado interno brasileiro está
estagnado.
A informação não confere com
os últimos dados da Anfavea, que
indicam que em outubro houve
um crescimento de 30,1% na produção de veículos em relação ao
mesmo período do ano passado.
Isso devido a fatores como a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e o aumento
das exportações.
A CSN tem afirmado há meses
que quer ampliar a participação
das exportações na sua produção
de 25% para 50%. A GM e a Fiat
não comentaram o abastecimento de aço. O fornecimento, porém, pode ser normalizado em janeiro. Até lá, as exportações como
a vendas internas das montadoras
podem ser prejudicadas.
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