São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 2002

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CARROS

Siderúrgica prefere exportar

Falta de aço já ameaça produção de veículos

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento das vendas e da produção de veículos em outubro e novembro está criando um problema para as montadoras. Fornecedores de aço como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) não esperavam um crescimento na procura da matéria-prima no mercado interno, pois ele estava praticamente estagnado até setembro, e fecharam grandes contratos de exportação no período.
Além disso, siderúrgicas reivindicam reajustes de 14% a 16% nos preços de seus produtos entregues a indústrias de autopeças. Segundo a Folha apurou, esses dois fatores podem provocar um desabastecimento de aço para automóveis até o final de dezembro, prejudicando até mesmo as exportações do país.
"Tem ocorrido muitos aumentos de preços por parte das siderúrgicas, e as montadoras não podem repassá-los para os automóveis, porque o mercado está muito competitivo", afirmou ontem Ademar Cantero, diretor de relações institucionais da Anfavea (associação das montadoras).
A situação está no limite em algumas empresas. A Folha apurou que a General Motors, por exemplo, é uma das montadoras mais afetadas. A companhia tem sido obrigada a selecionar os automóveis com maior retorno financeiro para direcionar a maioria do aço que encomenda para a produção desses modelos.
A Fiat e a GM utilizam a Purchasing (empresa coligada às duas montadoras) para encomendar matérias-primas e autopeças. A Folha apurou, no entanto, que a Fiat tem conseguido contratos que favorecem seu abastecimento de aço. Já a GM não estaria sendo tão beneficiada.
Mesmo assim, a Fiat teve de paralisar sua produção em Betim (MG) no dia 1º de novembro, devido à falta de autopeças provocada pelas negociações de preços entre ela e seus fornecedores.

Olhos lá fora
A CSN confirmou ontem que tem direcionado boa parte de sua produção para as exportações, pois o preço no mercado internacional está mais atraente. Além disso, as vendas externas são pagas em dólar. Para a companhia, o mercado interno brasileiro está estagnado.
A informação não confere com os últimos dados da Anfavea, que indicam que em outubro houve um crescimento de 30,1% na produção de veículos em relação ao mesmo período do ano passado. Isso devido a fatores como a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e o aumento das exportações.
A CSN tem afirmado há meses que quer ampliar a participação das exportações na sua produção de 25% para 50%. A GM e a Fiat não comentaram o abastecimento de aço. O fornecimento, porém, pode ser normalizado em janeiro. Até lá, as exportações como a vendas internas das montadoras podem ser prejudicadas.


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