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São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 2003

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Zoellick ironiza Brasil em cerimônia

DO ENVIADO ESPECIAL A MIAMI

Robert Zoellick, o responsável pelo comércio exterior norte-americano, é implacável: nem o fato de ter feito um armistício com seu colega brasileiro Celso Amorim, em reunião na Virginia há dez dias, impediu que ele usasse argumentos do próprio governo brasileiro para um comentário malicioso durante a cerimônia de anúncio da "intenção de iniciar negociações para uma área de livre comércio com Colômbia, Peru, Equador e Bolívia".
"Meus colegas brasileiros falam em acordos plurilaterais. (Esta) é uma forma de acordo plurilateral", disparou. De fato, foi o Itamaraty quem propôs (e Zoellick aceitou, a contragosto) que a Alca tivesse um conjunto básico de regras obrigatórias para todos os seus 34 países, deixando-os em liberdade para acordos plurilaterais que podem ir além do básico.
Zoellick fez uma segunda ironia com o Brasil: disse que o comércio dos EUA com os países centro-americanos mais a República Dominicana é maior do que o comércio com o Brasil.
O encontro com os andinos se transformou em cenas explícitas de submissão, de parte dos sul-americanos, e da habitual arrogância norte-americana, esta na forma de um sermão sobre as tarefas que os quatro países do Sul devem cumprir na negociação.
O Equador tem "inadequada proteção a direitos dos trabalhadores". O Peru "tem que demonstrar que está fazendo todo o esforço para assegurar uma resolução justa e expedita de um número de contenciosos envolvendo investidores norte-americanos". A Colômbia também, além de "enfrentar a violência contra sindicalistas". Tudo na carta em que Zoellick notifica o Congresso da intenção de iniciar a negociação.

Cantos de amor
Os sul-americanos entoaram cantos de amor ao livre comércio, a ponto de a ministra equatoriana Ivone Baki dizer que ele é bom para combater o terrorismo.
Os atos públicos para lançar essas negociações servem, acima de tudo, para corroborar a tese de Zoellick, segundo a qual, se o Brasil não quiser fazer acordo com os EUA na Alca, há uma fila de países querendo. (CR)


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