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Zoellick ironiza Brasil em cerimônia
DO ENVIADO ESPECIAL A MIAMI
Robert Zoellick, o responsável
pelo comércio exterior norte-americano, é implacável: nem o
fato de ter feito um armistício
com seu colega brasileiro Celso
Amorim, em reunião na Virginia
há dez dias, impediu que ele usasse argumentos do próprio governo brasileiro para um comentário
malicioso durante a cerimônia de
anúncio da "intenção de iniciar
negociações para uma área de livre comércio com Colômbia, Peru, Equador e Bolívia".
"Meus colegas brasileiros falam
em acordos plurilaterais. (Esta) é
uma forma de acordo plurilateral", disparou. De fato, foi o Itamaraty quem propôs (e Zoellick
aceitou, a contragosto) que a Alca
tivesse um conjunto básico de regras obrigatórias para todos os
seus 34 países, deixando-os em liberdade para acordos plurilaterais que podem ir além do básico.
Zoellick fez uma segunda ironia
com o Brasil: disse que o comércio dos EUA com os países centro-americanos mais a República
Dominicana é maior do que o comércio com o Brasil.
O encontro com os andinos se
transformou em cenas explícitas
de submissão, de parte dos sul-americanos, e da habitual arrogância norte-americana, esta na
forma de um sermão sobre as tarefas que os quatro países do Sul
devem cumprir na negociação.
O Equador tem "inadequada
proteção a direitos dos trabalhadores". O Peru "tem que demonstrar que está fazendo todo o esforço para assegurar uma resolução
justa e expedita de um número de
contenciosos envolvendo investidores norte-americanos". A Colômbia também, além de "enfrentar a violência contra sindicalistas". Tudo na carta em que Zoellick notifica o Congresso da intenção de iniciar a negociação.
Cantos de amor
Os sul-americanos entoaram
cantos de amor ao livre comércio,
a ponto de a ministra equatoriana
Ivone Baki dizer que ele é bom para combater o terrorismo.
Os atos públicos para lançar essas negociações servem, acima de
tudo, para corroborar a tese de
Zoellick, segundo a qual, se o Brasil não quiser fazer acordo com os
EUA na Alca, há uma fila de países querendo.
(CR)
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