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São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 2003

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ECONOMIA INTERNACIONAL

Entrada de capital estrangeiro recua para o menor nível em 5 anos; euro bate novo recorde histórico

Investidor externo foge dos EUA e dólar cai

DA REDAÇÃO

Os EUA enfrentaram, em setembro passado, o menor ingresso de capital estrangeiro dos últimos cinco anos. A notícia ampliou as incertezas sobre a capacidade norte-americana de financiar o seu enorme déficit comercial e colaborou para uma acentuada desvalorização do dólar.
O euro disparou e bateu novo recorde histórico, encerrando o dia a US$ 1,1896 em Londres. A moeda chegou a ser negociada a US$ 1,1932 no mercado americano, o maior valor desde o seu lançamento, em janeiro de 1999.
Para analistas, a queda do dólar também se explica pelo receio de que os EUA adotem medidas protecionistas destinadas a estancar o seu déficit comercial. Ontem o país anunciou cotas para produtos têxteis chineses (leia abaixo).
Segundo relatório do Departamento do Tesouro dos EUA, a compra líquida (aquisições menos vendas) de ações e títulos americanos feitas por estrangeiros caiu de US$ 50 bilhões, em agosto, para apenas US$ 4 bilhões, em setembro.
A entrada líquida de capitais registrada em setembro foi a menor desde setembro de 1998, quando ocorreu a quebra da corretora de investimentos Long-Term Capital Management. Na época, houve uma grande crise de desconfiança dos investidores internacionais.
A maior queda ocorreu na compra de títulos públicos, que recuou para US$ 5,6 bilhões. No mês anterior, a captação líquida tinha sido de US$ 25,1 bilhões, e, nos oito primeiros meses do ano, a média fora de US$ 24 bilhões.
Os EUA têm um déficit nas contas externas equivalente a 5% do PIB (Produto Interno Bruto), ou cerca de US$ 45 bilhões ao mês. Para financiar o buraco, o país precisa receber recursos estrangeiros em valor equivalente, seja em investimentos diretos ou em ações e títulos.
Quando cai o fluxo de recursos, o dólar enfraquece, e é isso o que tem ocorrido. Há dois anos, o euro valia cerca de US$ 0,90.
"Ainda é cedo para soar os sinos e anunciar a morte do dólar, mas, se a moeda continuar caindo, diminuirá o apetite por ativos americanos", disse Lara Rhame, economista sênior da corretora Brown Brothers Harriman.
A queda do dólar na comparação com o euro e outras moedas tende a frear o aumento do déficit comercial. As importações tornam-se mais caras, enquanto as exportações do país tendem a se tornar mais competitivas.
Mas o dólar praticamente só tem perdido valor diante de moedas que oscilam, que operam em regimes de câmbio flutuante, e o euro é a principal delas.
Os países da Ásia voltados para as exportações adotam câmbios fixos ou fazem pesadas intervenções no mercado cambial, para manter suas moedas enfraquecidas e ampliar a competitividade de seus produtos.
Isso evitou que ocorresse uma queda ainda mais acentuada das captações americanas. Os governos e bancos centrais asiáticos seguem comprando títulos do Tesouro americano, e a queda no fluxo se deveu à fuga dos investidores do setor privado.
O Japão, por exemplo, tem batido recordes de intervenção cambial, fazendo compras maciças de dólares. O país é o maior detentor de títulos do Tesouro americano. O total em mãos de japoneses subiu de US$ 451,3 bilhões, em agosto, para US$ 470,9 bilhões.
Em segundo aparece o Reino Unido, com um total de US$ 139 bilhões. A China vem em terceiro, com US$ 122,1 bilhões.
As reservas chinesas em moedas estrangeiras são de cerca de US$ 400 bilhões. As reservas do Japão atingiram um nível recorde, de US$ 626,3 bilhões.


Com agências internacionais


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