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LUÍS NASSIF
O grande vendedor
Algumas informações
adicionais, para compor
um perfil mais exato de Henrique Meirelles, futuro presidente do Banco Central, completando o currículo distribuído
por sua assessoria.
Meirelles possui 417.389
ações do FleetBoston, cotadas,
na terça-feira, a US$ 25,91 por
ação. De maio de 1998 a agosto
de 2002, foi membro do
"board" da Raytheon, empresa
que venceu o projeto Sivam.
De executivos brasileiros que
conheceram bem o trabalho de
Meirelles em Boston, fica-se sabendo que era considerado excelente vendedor, conquistando muitos clientes para um
banco que nunca teve atuação
dinâmica na região. A capacidade de conquistar clientes e
vender produtos é a chave do
seu sucesso, não a administração, as finanças ou o planejamento.
Sua saída do grupo foi inesperada para os clientes, e não
foi por motivo de aposentadoria. Aparentemente, Meirelles
apostou sua carreira no Fleet
em cima da expansão na América Latina, que parecia ilimitada, e não soube prever a crise
argentina. Os prejuízos sofridos na Argentina levaram seu
projeto de roldão. Agora, a
Global Banking -divisão internacional do banco, que ele
presidia-, exige um executivo
com perfil de controller para
organizar o prejuízo.
Existe pequena pendência
entre o banco e Meirelles em
torno da compra de um apartamento de US$ 5 milhões em
Nova York. Meirelles quis morar em NY e trabalhar em Boston, alegando que a cidade era
quieta demais para seu gosto, o
que causou mal-estar na cúpula conservadora do banco. O
banco emprestou o dinheiro
para a compra, sem juros. Agora, com a saída dele, sendo o
empréstimo prerrogativa do
cargo que exercia, quer-se cobrar juros de mercado imobiliário (que estão baixos). O caso está em negociação e não
tem implicações maiores.
O currículo de Meirelles está
certo quando informa que ele
se formou em 1972 na Poli, em
engenharia civil. Em 1978,
Meirelles concluiu sua tese de
mestrado no Coppead (o braço
de administração do Coppe)
com a tese "O Leasing do Brasil: Uma Proposta de Estrutura
Financeiro-Contábil".
Diz também que cursou o
programa de administração
da Harvard Business School,
"acessível apenas a um seleto
grupo de executivos internacionais". É um curso de dois
meses de duração, acessível a
qualquer executivo que possa
pagá-lo. Tem entre 60% e 65%
de estrangeiros, em geral executivos em atividade.
Informa também que ele
participa do conselho de oito
universidades, dentre as quais
sete estrangeiras. Das universidades consultadas, ele participa do Deans Consulting Adviser do Boston College e da Kennedy School of Governement.
Já a Harvard Businnes School
e a Sloan School of Management (MIT) não têm nenhum
registro dele. Mesmo o Coppead, onde Meirelles fez mestrado, garante que ele só aparece para os eventos e nunca
foi do conselho. Já o Bryant College confirma que ele ganhou
o título de doutor honoris causa em 1997.
O começo do currículo de
Meirelles também merece reparos. "Considerado o executivo brasileiro mais bem-sucedido no exterior, trocou sua carreira de sucesso no mundo dos
negócios para se inserir ativamente na discussão político-brasileira". Álvaro de Souza,
do Citicorp, Alain Belda, da
Alcoa, e Carlos Ghosn, da Nissan, ocuparam ou ocupam
cargos de maior relevância.
Sadia e Opportunity
Há quatro anos, o grupo Opportunity esteve a um passo de
adquirir o controle da Sadia.
Sabendo que o acordo de acionistas estava prestes a vencer, e
que havia descontentes, Daniel
Dantas iniciou contatos com
acionistas. Inicialmente, conseguiu opção de compra de cerca de 25% do capital. Depois,
de outro tanto. No final, faltava fechar a posição de dois
acionistas, que tinham um total de 16% do capital. A essa altura, o valor da aquisição chegava a US$ 350 milhões.
O negócio acabou emperrando na resistência de Dantas em
pagar um prêmio pelas opções,
estimado em US$ 1,5 milhão.
Com a demora em decidir,
houve a reunião do conselho
da companhia e Luiz Furlan, o
presidente, logrou apaziguar
os ânimos e impedir a venda.
E-mail -
lnassif@uol.com.br
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