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CONTAS PÚBLICAS
Governo diz que crise de confiança foi superada e há espaço para colocação de títulos no início de 2003
Tesouro vê mercado "de volta ao normal"
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O coordenador da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Paulo
Valle, acredita que o novo governo terá espaço para recompor as
reservas do Tesouro no início de
2003. Isso poderia ser feito com a
emissão de títulos públicos em
condições melhores que as atuais.
Valle e o chefe do Departamento de Mercado Aberto do Banco
Central, Sérgio Goldenstein, afirmaram ontem que o mercado está voltando à normalidade após a
crise de confiança que teve seu auge em outubro.
A dívida do governo no mercado caiu 0,1% entre outubro e novembro porque o Tesouro conseguiu quitar uma parcela do total
que venceu em novembro.
Apesar de retirar do mercado
R$ 10,4 bilhões em títulos, a redução foi pequena por causa do efeito dos juros sobre a dívida total.
No final de novembro, a dívida
atingiu R$ 631,46 bilhões. Em outubro estava em R$ 632,1 bilhões.
Valle lembrou que a estratégia
do Tesouro é deixar em caixa para
o novo governo cerca de R$ 40 bilhões, o mesmo total que vence no
primeiro trimestre de 2003.
De qualquer forma, será necessário aumentar esse volume de recursos para que o Tesouro possa
"rolar" (substituir títulos que estão vencendo por novos) a dívida
mais tranquilamente.
"O objetivo é ter sempre em caixa uma quantidade igual aos vencimentos dos dois meses seguintes", explicou. Entre abril e maio
de 2003 estarão vencendo R$
52,25 bilhões em títulos.
No primeiro trimestre de 2003
também vencem US$ 11,5 bilhões
em títulos corrigidos pela variação do dólar. Mas esse total está a
cargo do BC.
Em novembro o único indicador negativo sobre a dívida foi a
redução da participação dos títulos prefixados (quando a correção
é decidida no momento da compra do papel) no total da dívida.
A participação, que já foi de
14,76% em dezembro de 2000,
caiu para 4,41%, a menor do Plano Real. Valle disse que ainda não
é possível emitir esse título porque o preço exigido está alto.
O mercado vem pedindo taxas
de juros de 27% ao ano para títulos prefixados com vencimento
em abril de 2003. Até ontem a taxa
básica de juros (Selic) era de 22%
ao ano -subiu para 25%.
Mas o desconto que vinha sendo cobrado para a compra de títulos pós-fixados (correção pela Selic) vem caindo mês a mês. O governo estava trocando títulos pós-fixados com vencimentos entre
2004 e 2006 por vencimentos em
2003 para acalmar o mercado e
conseguir rolar a dívida. Mas essa
operação foi interrompida em
novembro.
"A procura pela recompra de títulos também é pequena, o que é
um bom sinal", afirmou Goldenstein. Foram recomprados R$ 11,5
bilhões de títulos pós-fixados desde agosto.
Com a melhora do mercado,
Valle explicou que o Tesouro
também terá espaço para emitir
títulos com prazos mais longos.
Entre setembro e outubro foram
emitidos papéis com vencimento
em dois meses. Agora, os títulos
pós-fixados estão saindo com
prazos de 6 a 12 meses.
A dívida em mercado está com
um prazo médio de 33 meses e a
parcela dos débitos que vence
dentro de um ano é de 39,67%.
Em março deste ano, essa parcela
era de 23,62%.
O governo também vem conseguindo reduzir a parcela de títulos
corrigidos pelo dólar no total da
dívida. Esse percentual, que chegou a 40,67% em setembro, está
hoje em 37,68%.
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