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TRIBUTAÇÃO
Novas regras da Cofins prevêem isenção também para hedge cambial
Educação, setor usineiro e saúde ficam fora do aumento
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Entre as concessões feitas ontem para aprovar as mudanças na
Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), o governo aceitou incluir a
isenção para as vendas de álcool
hidratado (combustível), o que
deve beneficiar os usineiros, segundo a oposição. Além disso, as
operações de proteção contra a
desvalorização do real -chamadas de hedge cambial- foram
excluídas das novas regras.
Durante uma reunião de líderes
da base aliada, o relator Jamil Murad (PC do B-SP), também decidiu deixar os setores de saúde,
educação e transporte coletivo
nas regras antigas da Cofins.
A desoneração dos setores de
saúde e educação será restrita
-não entrarão cursos específicos, como os de inglês, nem clínicas especializadas.
As micro e pequenas empresas
que desenvolvem software e faturam até R$ 1,2 milhão por ano
também não sofrerão o aumento
da alíquota da Cofins previsto na
medida.
A assessoria da prefeita de São
Paulo, Marta Suplicy (PT), informou ontem que a retirada do setor de transporte coletivo foi um
pedido dela ao ministro Antonio
Palocci Filho (Fazenda). O pedido
foi feito em nome de prefeitos de
várias capitais para evitar a elevação das tarifas de ônibus. No ano
que vem, serão realizadas eleições
municipais.
Depois de negociar com o Ministério da Fazenda, Murad também elevou o crédito que os pequenos agricultores e os cerealistas têm ao adquirir insumos taxados pela Cofins.
A pedido da Bolsa de Mercadorias & Futuros, por meio de uma
emenda do PFL, Murad decidiu
dar crédito para que as operações
de "hedge" cambial (proteção
contra a valorização do dólar) feitas no exterior sejam taxadas em
apenas 3%. A mudança ainda necessita de uma regulamentação
para entrar em vigor.
A mudança nas operações externas havia sido rechaçada pela
Receita Federal. O secretário-adjunto da Receita Ricardo Pinheiro
disse em novembro que o crédito
seria um benefício fiscal injustificado.
Segundo ele, os empresários estavam reivindicando um crédito
por pagamentos externos. "Mas a
receita financeira não foi gerada
aqui dentro", explicou na época.
Pinheiro lembrou que a receita
poderia ser gerada até em paraísos fiscais, países que não tributam a renda ou tributam em menos de 20%.
Evasão
Ontem, o secretário-executivo
do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, disse que as mudanças na tributação das operações
externas dependerá de uma regulamentação. "Vamos evitar que o
crédito seja usado como uma forma de evasão fiscal", afirmou.
No caso do álcool hidratado, o
deputado Luciano Zica (PT-SP)
afirmou que a isenção vai trazer
para a formalidade os empresários que acrescentam água ao álcool anidro (que é misturado à
gasolina) para "transformá-lo"
em hidratado. Dessa forma, eles
não pagam a contribuição porque
o álcool anidro é isento. A medida
seria temporária para desestimular essas fraudes.
Deputados da oposição afirmaram, porém, que o setor de combustíveis é especial porque é tributado apenas na refinaria ou na
usina. Portanto, se o preço do álcool combustível não cair isso significará que os usineiros aumentaram seus lucros.
Segundo Zica, o governo de São
Paulo também reduziu de 25%
para 12% o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços
incidente sobre o álcool hidratado
pelas mesmas razões.
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