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São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 2003

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SETOR FINANCEIRO

BB, Bradesco, Itaú e Unibanco discutem compartilhar caixas automáticos, compensação e transporte de dinheiro

Bancos negociam unificação de serviços

Iano Andrade/Photo Agência
O Banco Central lançou ontem uma moeda em comemoração ao centenário do nascimento do pintor Cândido Portinari (1903-1962); feita de prata, custa R$ 72 e pode ser adquirida nos escritórios que o BC mantém em dez capitais estaduais

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Os grandes bancos brasileiros negociam o compartilhamento de serviços como caixa automático, compensação de cheques e transporte de dinheiro, com o objetivo de reduzir seus custos. A informação foi dada ontem pelo presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, que assumirá em março o comando da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos).
Segundo Cypriano, já há conversas nesse sentido entre o Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Unibanco, que ocupam os primeiros lugares no ranking de maiores instituições financeiras públicas e privadas do país.
Cypriano disse que ainda não tem planos para sua gestão de três anos à frente da Febraban, mas ressaltou que a busca da eficiência é o principal desafio do setor para o próximo ano. O compartilhamento do serviços teria um papel essencial na busca desse objetivo.
O acordo entre os bancos, afirmou Cypriano, poderia atingir todas as atividades que não têm relação direta com a atividade-fim do setor -a concessão de crédito e o atendimento ao cliente.
Para o usuário, isso significará, por exemplo, a concentração em um menor número de caixas eletrônicos do serviço de vários bancos, no lugar da multiplicação de máquinas que existe hoje. O abastecimento desses caixas também seria compartilhado. Cypriano disse que ainda não há cálculos do impacto que a unificação dos serviços pode ter sobre a redução de custos do setor.

Expansão do crédito
O atual presidente da Febraban, Gabriel Jorge Ferreira, afirmou que entidade espera expansão de 15% do volume de crédito em 2004, em consequência da redução da taxa de juros e do crescimento da economia.
Ferreira, que passará a ocupar a presidência da CNF (Confederação Nacional das Instituições Financeiras), disse que outros dois fatores devem estimular a ampliação do crédito no próximo ano: 1) a ampliação dos empréstimos que têm como garantia o desconto em folha de pagamento e 2) a execução de obras por meio das PPPs (Parceria Público Privada), cuja regulamentação está em discussão no Congresso.
Na opinião do atual presidente da Febraban, as PPPs possibilitarão a volta de financiamentos de longo prazo a empresas, desde que a futura lei preveja garantias para as instituições financeiras.
Apesar das declarações recorrentes de integrantes do governo pela redução dos "spreads" bancários, Cypriano disse não acreditar que o setor sofrerá pressões nesse sentido no próximo ano. "O governo sabe das dificuldades que temos", afirmou, citando problemas para recuperar bens dados como garantias de empréstimos, a pesada carga tributária e o alto volume de depósitos que o setor é obrigado a imobilizar no Banco Central, o chamado compulsório.
"Spread" é a diferença entre o que o banco paga para captar dinheiro e o que cobra para emprestá-lo a seus clientes.
Segundo Cypriano, a redução do compulsório teria um efeito "imediato" na redução dos "spreads". Hoje os bancos são obrigados a deixar no Banco Central, sem remuneração, 45% de seus depósitos à vista. O presidente do Bradesco disse acreditar que há disposição do governo para diminuir esse percentual. "O governo tem se sensibilizado."
O Bradesco, maior banco privado nacional, volta à presidência da Febraban depois de três gestões. O último executivo do banco a ocupar a função havia sido Alcides Tápias, de 1991 a 1994.


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