São Paulo, terça, 20 de janeiro de 1998.



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FINANCIAMENTOS
Dificuldade de captação de recursos externos poderá diminuir o valor para R$ 16 bilhões neste ano
Crise asiática reduz empréstimo do BNDES

CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio

Os empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) poderão sofrer este ano uma redução de aproximadamente 16% em relação ao ano passado por conta das dificuldades de captação de recursos externos provocadas pela crise asiática.
Segundo o presidente do banco, Luiz Carlos Mendonça de Barros, o valor deve cair de aproximadamente R$ 19 bilhões em 97 para R$ 16 bilhões em 98.
Para bater o recorde histórico de concessão de empréstimos no ano passado, o BNDES captou no exterior US$ 1,8 bilhão.
Mendonça de Barros disse que o banco está trabalhando este ano com duas hipóteses orçamentárias: sem financiamento externo, ficando nos R$ 16 bilhões, e com financiamento. Neste segundo caso, segundo ele, "o céu é o limite".
O presidente do BNDES disse que certamente, mesmo com a captação externa, o banco não dará outro salto como o de 97.
As principais fontes de recursos para financiamentos do BNDES são o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), o retorno dos financiamentos feitos e a captação de dinheiro no exterior.

Peugeot
A diretoria do BNDES aprova amanhã, segundo sua diretoria, o primeiro financiamento do banco para uma montadora de automóveis estrangeira.
Segundo o diretor da área industrial do banco, Eduardo Rath Fingerl, a francesa Peugeot receberá o equivalente a US$ 300 milhões para financiar parte da construção da sua fábrica de automóveis no município de Porto Real (RJ).
Mendonça de Barros disse que não há nada errado em um banco estatal financiar uma das maiores multinacionais do mundo.
Segundo ele, essa é uma característica dos capitalismo moderno, decorrente do elevado volume de investimentos necessários para cada unidade de produção.
Além da Peugeot, pleiteiam financiamentos para a construção de novas fábricas no Brasil a Mercedes, a Ford e a General Motors. A Fiat também deverá pedir empréstimos ao banco.
A alemã Mercedes pede US$ 300 milhões para o projeto da sua fábrica de automóveis em Juiz de Fora (MG). As norte-americanas Ford e GM estão com projetos no Rio Grande do Sul, o primeiro no valor total de US$ 700 milhões e o segundo, de US$ 1 bilhão.
Rath Fingerl disse que, possivelmente, o BNDES financiará cerca de 50% de cada projeto, o que elevaria o total de empréstimos para as quatro montadoras (Peugeot, Mercedes, Ford e GM) a cerca de US$ 1,45 bilhão.
No total, há projetos de instalação de fábricas de automóveis no Brasil que somam investimentos de US$ 17 bilhões até o ano 2003. O BNDES deverá financiar parte substancial desse valor.



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