São Paulo, terça, 20 de janeiro de 1998.



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ANÁLISE
Prêmio Nobel culpa Japão pela crise nos países da Ásia

das agências internacionais

O economista Merton Miller, Prêmio Nobel de 1990, defende a tese de que o Japão é o maior responsável pela crise econômica vivida no Sudeste Asiático.
Segundo o economista, o Japão deve sanear sua economia, de modo a ajudar no restabelecimento da região. Para ele, a crise é resultado do modelo centralizador japonês e da política de taxas de juros e de câmbio, escolhidas por Tóquio para adiar um tratamento à crise bancária japonesa.
"Já se pode apontar o verdadeiro culpado pela crise financeira no Sudeste Asiático. A debilidade crescente do iene", afirma Miller.
Segundo Miller, a queda do iene, a moeda japonesa, que deixou de ser cotado em 80 unidades por dólar norte-americano, em 1995, para mais de 130, atualmente, é resultado de uma opção do Ministério das Finanças japonês.
Ao invés de obrigar os bancos japoneses a cobrir créditos podres, após a explosão da chamada "bolha especulativa", nos anos 90, e abrir o sistema financeiro a capitais estrangeiros, o Ministério das Finanças adotou estratégia que teria desestabilizado o Sudeste da Ásia.
"A estratégia consistiu em reduzir as taxas de juros aos níveis mais baixos já conhecidos, desde os anos da Depressão nos EUA, na década de 30", diz Miller.
Para Miller, as reduções de taxas tinham por objetivo garantir aos bancos japoneses margens artificialmente elevadas, que lhes permitiram somar capital.
Segundo ele, a queda do iene ocorreu concomitantemente à subida do dólar. Investidores julgaram que as moedas estavam supervalorizadas, e estas foram alvo de ataque especulativo.



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