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RESULTADOS
Maior evento musical do país movimenta valor próximo ao faturamento anual de uma grande empresa brasileira
Indústria do rock fatura R$ 500 mi no Rio
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Por um mundo melhor e também com muito dinheiro. A terceira edição do Rock in Rio, o
maior evento musical do país, deverá movimentar cerca de R$ 500
milhões em sete dias de shows na
capital carioca. O valor equivale
ao faturamento da Gradiente em
99. Só os turistas deixarão no festival mais de R$ 300 milhões em
estadia, passagens e alimentação,
pelas contas da Abav (Associação
Brasileira das Agências de Viagem).
Mas quem assistiu aos shows,
não se deu conta de outro "evento" que aconteceu atrás dos palcos: aquele que envolve disputas
por patrocínio e direitos de transmissão, esbarra nas rixas pelo melhor espaço das empresas nos gramados e envolve milhões de reais.
E dólares também.
Só a AOL, a maior patrocinadora do festival, colocou US$ 20 milhões na Cidade do Rock, como
foi chamado o local onde aconteceram os shows. Incluindo o valor
dispensado pela Coca-Cola,
Schincariol, banco Itaú e outros
patrocinadores, o valor chega a
R$ 65 milhões, ou cerca de US$ 33
milhões gastos para que 1,4 milhão de pessoas -que devem circular pelo evento - vejam a marca ou compre algum produto.
A Coca-Cola está gastando R$
15 milhões em ações de marketing
neste mês em que o festival é a
principal âncora. A empresa teria
colocado R$ 3,5 milhões em investimentos só dentro do Rock in
Rio como co-patrocinadora. Mais
do que isso, seria loucura, avaliou
a empresa. A Artplan, empresa
organizadora do evento ao lado
da AOL, até chegou a chamar a
Coca-Cola para ser a principal patrocinadora.
Para outras companhias, como
Brahma e Kaiser, fez proposta semelhante, mas para entrar como
co-patrocinadoras, porém não
houve acordo: ou a contraproposta das companhias não agradou
pelo baixo valor ou os grupos não
se interessaram pelo festival.
"Não fazia muito sentido sermos os cotistas maiores porque o
investimento seria muito grande", diz Ricardo Fort, gerente da
marca Coca-Cola. Como co-patrocinadora, a Coca paga 50% de
sua cota de participação à AOL e
50% à Artplan, que tem como sócio Roberto Medina, promotor do
evento. O mesmo fazem todas as
patrocinadoras, informa a AOL.
Mais dinheiro
Além dos R$ 65 milhões gasto
pelos patrocinadores, ainda foram dispensados R$ 60 milhões
na construção da Cidade do Rock.
Ela foi montada para receber 1
milhão de pessoas, mas deve receber até amanhã 1,4 milhão. Esse
número é 13 vezes maior que o total de visitantes que o Corcovado
recebe, em média, em janeiro, o
melhor mês em número de turistas no Rio de Janeiro.
Só com ingressos foram gastos
cerca de R$ 43 milhões (estudantes, que são cerca de 25% do total,
pagam meia-entrada).
Os gastos não param por aí. Os
dois shoppings na Cidade do
Rock, com 25 lojas, permaneceram lotados durante todos os
dias. O Extra, rede de hipermercados do Pão de Açúcar, teve que escalar funcionários para organizar
as filas que se formavam fora de
sua loja de CDs. "Vendemos 20%
mais do que nossa melhor loja, na
Barra na Tijuca", disse Roberto
Mariano, diretor de operações.
O Submarino, que só vende pela
Internet, abriu uma loja não virtual só para o festival. Lá, não há
mais CDs do Gun's and Roses: as
250 unidades foram vendidas.
"Mas fomos para ter um ganho de
imagem, principalmente", diz
Luiz Elísio de Mello, diretor comercial e de marketing.
Na loja da Coca-Cola não há
mais bandanas da marca, assim
como shorts, copo de plástico e o
urso polar de pelúcia, o animal de
estimação da empresa. Dos 12 mil
itens colocados nas prateleiras, 7
mil foram vendidos nos três primeiros dias do show. Restou 40%
do estoque. "Cerca de 20 mil pessoas já passaram pela nossa loja",
disse Ricardo Fort.
Essas empresas entraram como
parceiras da AOL no festival sem
precisar comprar cotas de participação. Mas, mesmo quem não era
parceiro, acabou sentindo o reflexo do evento no caixa.
A Varig/Rio Sul registrou uma
elevação de 20% na venda de passagens aéreas na ponte aérea Rio-São Paulo nos dias que antecederam o evento. A taxa de ocupação
dos aviões, que nessa época atinge
74%, foi de 100% na maioria dos
vôos que partiu do Rio na última
segunda-feira, dia que os turistas
voltaram para São Paulo. "Foi
melhor que o fim do ano", disse
Edevaldo Chechetto, gerente de
ponte aérea da empresa.
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