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"OVINO LOUCO"
Animais são do mesmo lote que originou, no PR, três casos de "scrapie", doença ligada ao mal da vaca louca
Ovelhas importadas terão de ser abatidas
RONALDO SOARES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O abate de ovelhas iniciado no
sul do Paraná em virtude do surgimento do "scrapie", doença associada ao mal da vaca louca, não
ficará restrito à propriedade onde
foi detectado o foco de animais
enfermos.
Ontem, o Ministério da Agricultura determinou que mais 35 ovelhas, de uma propriedade no município de Agudo do Sul, também
terão de ser sacrificadas.
O ministério agora espera o rastreamento dos animais de origem
canadense importados dos EUA
em 1989, em cujo lote foram encontrados os três casos da doença
até agora. O processo é longo, podendo tomar semanas, e de difícil
precisão: pode ter havido inúmeros cruzamentos não identificados entre os animais.
Todos os animais identificados
serão abatidos, disse o chefe da
Divisão Sanitária do Ministério da
Agricultura no Paraná, Carlos
Conte. Os bichos a serem mortos
em Agudo do Sul pertencem ao
deputado federal Gustavo Fruet
(PMDB-PR).
Segundo o ministério, ovelhas
oriundas da propriedade de Fruet
deram origem ao foco da doença
no município de Candói, onde
290 ovinos tiveram de ser sacrificados quarta-feira por medida de
precaução.
Fruet disse que as ovelhas importadas faziam parte de um lote
de cerca de 250 animais que seu
pai, Maurício Fruet, e outros dez
produtores trouxeram para o
Brasil.
O deputado afirmou ter documentos referentes à importação
em que, de acordo com ele, o próprio ministério reconhece que os
animais trazidos ao Brasil eram
saudáveis.
De acordo com o parlamentar,
em um dos documentos -o Certificado Zoossanitário Internacional de Origem para Importação-, a Secretaria de Defesa Sanitária Animal do ministério reconhece que as ovelhas importadas provêm de uma região dos Estados Unidos onde não há registro de paraplexia enzoóica, termo
clínico do "scrapie".
Fruet encaminhou cópia dos
documentos ao ministério e disse
que vai solicitar um laudo técnico
para que seja determinada a origem da doença.
Segundo Carlos Conte, o rastreamento dos animais se baseia
em registros de origem de animais importados, existentes no
ministério e na Arco (Associação
Brasileira de Criadores de Ovinos), com sede em Bagé, no Rio
Grande do Sul.
Ele acredita que o trabalho de
identificação dos animais levará
de três a quatro meses. Conte não
soube estimar quantas ovelhas
deverão ser sacrificadas.
De acordo com a Associação
Paranaense de Criadores de
Hampshire Down, existem no Estado cerca de 100 mil exemplares
desta raça -a mesma importada.
Segundo o presidente da entidade, Egon Antonio Torres Berg,
além da importação feita em 1989,
produtores paranaenses trouxeram outros dois lotes de animais
para o Brasil -com cerca de 200
ovelhas cada um- no início e no
final de 1990.
Degeneração nervosa
O "scrapie" é considerado o vetor da encefalopatia espongiforme bovina, o mal da vaca louca.
De acordo com os técnicos da
Defesa Sanitária Animal do Paraná, não há casos de transmissão
da doença dos ovinos a seres humanos.
A doença é transmitida entre
ovinos, no momento do parto,
por meio do líquido amniótico.
Ela também pode se manifestar
em animais que tenham predisposição hereditária.
A moléstia degenera as células
nervosas, levando à morte. No
Reino Unido, o uso de carcaças
(com material do sistema nervoso, como medulas e miolos) de
ovinos na composição de ração
para bovinos levou ao mal da vaca
louca.
Por sua vez, alguns humanos
que comeram carne bovina contaminada acabaram desenvolvendo a variante humana do mal, a
doença de Creutzfeldt-Jakob.
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