|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para analistas, compras erradas prejudicaram instituições
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma sucessão de compras erradas e prejuízos estariam por trás
da saída de bancos estrangeiros
do país, na opinião de especialistas ouvidos pela Folha.
"O BBVA, por exemplo, cometeu o erro de comprar o Excel
Econômico sem fazer uma "due
diligence" [auditoria nas contas"
preliminar e sem a disposição de
investir o dinheiro necessário para levantar o banco", diz Carlos
Coradi, presidente da EFC -Engenheiros Financeiros & Consultores.
O resultado foi que, dois meses
após fecharem o negócio, os espanhóis descobriram que os ativos
do banco eram bem menores do
que a avaliação inicial fornecida
pelos antigos controladores.
Segundo Coradi, desde 1998,
data da compra do Excel Econômico, "o BBVA injetou pelo menos US$ 1 bilhão para recompor o
patrimônio líquido do banco, já
que as perdas com operações de
crédito do Excel eram pesadas".
Além disso, segundo o diretor
de um grande banco local, houve
ainda um "choque cultural" provocado pelas características próprias dos bancos de varejo locais:
automação elevada e necessidade
de se buscar ganhos de escala.
Mas o Excel Econômico era um
banco defasado do ponto de vista
tecnológico, o que exigia dos novos controladores pesado investimento em automação bancária.
Estilo
O estilo de gestão implantado
por três diretorias sucessivas de
expatriados da matriz também
espantava o mercado. Na área de
distribuição de fundos de investimento, por exemplo, os espanhóis entraram dando brindes
-panelas, toalhas- aos investidores, simplesmente porque tal
estratégia de marketing fora bem
sucedida em outras bases da
América Latina.
Já o Sudameris, à venda desde o
ano passado quando foi negociado pelo Itaú, sem sucesso, também teria tropeçado já nos seus
primeiros passos no país. "Os italianos compraram em 1998 o banco América do Sul, que carregava
pesados financiamentos concedidos à cooperativa Agrícola de Cotia e não pagos, sem uma auditoria prévia", diz Coradi.
Segundo ele, no ano seguinte à
compra daquele banco, o Sudameris perdeu o equivalente ao seu
patrimônio líquido ao absorver os
créditos podres do América do
Sul. Além disso, tanto o BBVA
quanto o Sudameris viram o valor
dos seus ativos caírem a um terço
do que eram na época da compra
com a mudança da política cambial, que catapultou o dólar de
US$ 1,10, em média, para os atuais
R$ 3,38.
(SANDRA BALBI)
Texto Anterior: Bancos: "Revoada" de estrangeiros deve continuar Próximo Texto: Concentração no sistema bancário vai prosseguir Índice
|