UOL


São Paulo, segunda-feira, 20 de janeiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMÉRCIO EXTERIOR

Primeiro embarque deve ocorrer em fevereiro; acordo pode render US$ 100 milhões ao país em 2003

Pela 1ª vez, Brasil exportará carne direto para a China

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

China e Brasil fecharam uma parceria inédita na terça-feira passada. Pela primeira vez, produtores brasileiros de carne bovina vão exportar diretamente para o mercado chinês. Até a assinatura do acordo, as exportações tinham que passar obrigatoriamente por Hong Kong.
A negociação foi acertada pelo recém-criado consórcio Brasil-China de Carnes. O grupo reúne 14 dos principais frigoríficos brasileiros e a empresa China Animal Husbandary Group, distribuidora que detém 40% de participação no mercado chinês.
O acordo entre os dois países vinha sendo preparado desde agosto do ano passado, quando uma missão chefiada pelo ministro chinês de controle sanitário, Li Chanjiang, se reuniu com o então ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, e representantes de frigoríficos brasileiros.
O valor do primeiro embarque-que deve ocorrer ainda na primeira quinzena de fevereiro- está estimado em aproximadamente US$ 1 milhão, mas a expectativa é que a cifra obtida com as exportações do produto para o país chegue a US$ 100 milhões até o fim de 2003.
Segundo o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Andrew Tang, a abertura do mercado chinês para carne bovina e suína pode vir a render cerca de US$ 300 milhões por ano para o Brasil ou mais.
"A população chinesa não tinha o hábito de consumir carne bovina porque era uma produto considerado muito caro. Hoje, como a China está cada vez mais rica, o consumo de carne tem crescido mais rápido do que as estatísticas conseguem registrar", diz Tang.
Para acompanhar o ritmo de crescimento desse mercado, a Câmara Brasil-China, idealizadora do consórcio, vai oferecer seus escritórios de representação na China para promover a carne brasileira. O intercâmbio de delegações dos dois países e um "road show" pelas principais cidades chinesas estão entre as ações para divulgar a carne "made in Brazil".

Aves e leite
Além do consórcio para exportação de carne, estão em andamento negociações para a formação de consórcios sino-brasileiros para aves e para leite.
De acordo com Tang, o governo chinês quer que cada habitante consuma pelo menos um copo de leite por dia, mas não há produção em escala suficiente para suprir essa demanda. "Estamos falando de mais de 1 bilhão de copos de leite por dia. É uma oportunidade fantástica para o Brasil." A entrada de produtos agrícolas brasileiros no mercado chinês, porém, pode ser revista caso não haja a abertura do mercado brasileiro para o alho e tripa (invólucro para embutidos) chineses.
As autoridades chinesas estariam desapontadas com a sobretaxação dos produtos no Brasil e, segundo Tang, encaminharam recentemente uma queixa formal aos ministério do Desenvolvimento e da Agricultura. Os chineses não estipularam prazo máximo para a revisão das taxas de importação.


Texto Anterior: Cai procura por proteção contra oscilação cambial
Próximo Texto: Argentina estima vender 15% mais
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.