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COMÉRCIO EXTERIOR
Primeiro embarque deve ocorrer em fevereiro; acordo pode render US$ 100 milhões ao país em 2003
Pela 1ª vez, Brasil exportará carne direto para a China
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
China e Brasil fecharam uma
parceria inédita na terça-feira
passada. Pela primeira vez, produtores brasileiros de carne bovina vão exportar diretamente para
o mercado chinês. Até a assinatura do acordo, as exportações tinham que passar obrigatoriamente por Hong Kong.
A negociação foi acertada pelo
recém-criado consórcio Brasil-China de Carnes. O grupo reúne
14 dos principais frigoríficos brasileiros e a empresa China Animal
Husbandary Group, distribuidora que detém 40% de participação
no mercado chinês.
O acordo entre os dois países vinha sendo preparado desde agosto do ano passado, quando uma
missão chefiada pelo ministro
chinês de controle sanitário, Li
Chanjiang, se reuniu com o então
ministro da Agricultura, Pratini
de Moraes, e representantes de
frigoríficos brasileiros.
O valor do primeiro embarque-que deve ocorrer ainda na
primeira quinzena de fevereiro-
está estimado em aproximadamente US$ 1 milhão, mas a expectativa é que a cifra obtida com as
exportações do produto para o
país chegue a US$ 100 milhões até
o fim de 2003.
Segundo o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Andrew Tang, a
abertura do mercado chinês para
carne bovina e suína pode vir a
render cerca de US$ 300 milhões
por ano para o Brasil ou mais.
"A população chinesa não tinha
o hábito de consumir carne bovina porque era uma produto considerado muito caro. Hoje, como
a China está cada vez mais rica, o
consumo de carne tem crescido
mais rápido do que as estatísticas
conseguem registrar", diz Tang.
Para acompanhar o ritmo de
crescimento desse mercado, a Câmara Brasil-China, idealizadora
do consórcio, vai oferecer seus escritórios de representação na China para promover a carne brasileira. O intercâmbio de delegações dos dois países e um "road
show" pelas principais cidades
chinesas estão entre as ações para
divulgar a carne "made in Brazil".
Aves e leite
Além do consórcio para exportação de carne, estão em andamento negociações para a formação de consórcios sino-brasileiros
para aves e para leite.
De acordo com Tang, o governo
chinês quer que cada habitante
consuma pelo menos um copo de
leite por dia, mas não há produção em escala suficiente para suprir essa demanda. "Estamos falando de mais de 1 bilhão de copos de leite por dia. É uma oportunidade fantástica para o Brasil."
A entrada de produtos agrícolas
brasileiros no mercado chinês,
porém, pode ser revista caso não
haja a abertura do mercado brasileiro para o alho e tripa (invólucro
para embutidos) chineses.
As autoridades chinesas estariam desapontadas com a sobretaxação dos produtos no Brasil e,
segundo Tang, encaminharam recentemente uma queixa formal
aos ministério do Desenvolvimento e da Agricultura. Os chineses não estipularam prazo máximo para a revisão das taxas de importação.
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