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São Paulo, segunda-feira, 20 de janeiro de 2003

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Argentina estima vender 15% mais

MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES

Um ano após o colapso da moeda argentina, a economia do país deve começar a colher os primeiros frutos da desvalorização.
O governo prevê, para este ano, um crescimento das exportações do país de cerca de 15%. As exportações do país chegariam a US$ 29,5 bilhões, contra os US$ 25,7 bilhões registrados em 2002.
Segundo as expectativas, o setor que mais irá aumentar suas exportações será o de carros e caminhões, que devem crescer 24,1% e chegar a U$ 2,05 bilhões. Em segundo lugar, com crescimento de 18,8%, virá a farinha de soja, que deverá terminar o ano de 2003 alcançando o saldo de U$ 3,45 bilhões. Por fim virá os combustíveis, com aumento de 16,9% e U$ 1,45 bilhão exportados.
A desvalorização do peso já teve alguns efeitos positivos em setores exportadores em 2002. Foram justamente as vendas externas que impediram que o país enfrentasse uma recessão ainda maior no ano passado, quando a economia encolheu 11%.
Ainda assim, o ajuste de alguns setores não foi suficiente para evitar uma queda no total de exportações de 5% no ano passado.
As importações caíram vertiginosamente e, em 2002, os argentinos trouxeram do exterior menos da metade do que compraram no ano anterior.
A queda acentuada das importações ajudou o país a economizar dólares. O saldo comercial, a diferença entre exportações e importações, saltou de US$ 4,9 bilhões em 2001 para cerca de US$ 16 bilhões no ano passado.
Para este ano, o governo prevê que as exportações ultrapassem os US$ 29 bilhões. O setor privado é cauteloso, mas também prevê uma alta que leve as vendas externas à casa dos US$ 28 bilhões, segundo levantamento feito pelo jornal argentino "Clarín".
O saldo não deverá ser muito diferente dos US$ 16 bilhões de 2002, já que tanto empresários quanto o governo esperam alguma recuperação das importações. A alta é esperada porque, com a recuperação da economia, as compras de insumos importados devem aumentar -o Ministério da Economia prevê crescimento de 3,5% da economia argentina em 2003.
O desafio dos novos exportadores argentinos, no entanto, não será encontrar compradores para seus produtos, mas sim conseguir financiar as vendas. O governo argentino anunciou o calote na dívida argentina em janeiro de 2002, e, desde então, se fecharam quase todas as possibilidades de financiamento para a economia do país, inclusive para comércio, que são as operações de financiamento consideradas mais seguras.
Muitas empresas, sem condições de conseguir os dólares para pagar suas dívidas, acabaram dando o calote na dívida também -a exceção foram algumas multinacionais que contavam com dinheiro da matriz, e as empresas que já exportavam na época. Os importadores deverão enfrentar o mesmo problema.
A Câmara de Importadores da Argentina, por exemplo, estima que as linhas de financiamento para comércio exterior concedidas às empresas argentinas caíram de US$ 15 bilhões em 2001 para apenas US$ 3 bilhões no ano passado. Assim, em 2001, o crédito representava cerca de 70% do total importado e, em 2002, correspondia a apenas 30% do total das compras do país.


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