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Argentina estima vender 15% mais
MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES
Um ano após o colapso da moeda argentina, a economia do país
deve começar a colher os primeiros frutos da desvalorização.
O governo prevê, para este ano,
um crescimento das exportações
do país de cerca de 15%. As exportações do país chegariam a US$
29,5 bilhões, contra os US$ 25,7
bilhões registrados em 2002.
Segundo as expectativas, o setor
que mais irá aumentar suas exportações será o de carros e caminhões, que devem crescer 24,1% e
chegar a U$ 2,05 bilhões. Em segundo lugar, com crescimento de
18,8%, virá a farinha de soja, que
deverá terminar o ano de 2003 alcançando o saldo de U$ 3,45 bilhões. Por fim virá os combustíveis, com aumento de 16,9% e U$
1,45 bilhão exportados.
A desvalorização do peso já teve
alguns efeitos positivos em setores exportadores em 2002. Foram
justamente as vendas externas
que impediram que o país enfrentasse uma recessão ainda maior
no ano passado, quando a economia encolheu 11%.
Ainda assim, o ajuste de alguns
setores não foi suficiente para evitar uma queda no total de exportações de 5% no ano passado.
As importações caíram vertiginosamente e, em 2002, os argentinos trouxeram do exterior menos
da metade do que compraram no
ano anterior.
A queda acentuada das importações ajudou o país a economizar
dólares. O saldo comercial, a diferença entre exportações e importações, saltou de US$ 4,9 bilhões
em 2001 para cerca de US$ 16 bilhões no ano passado.
Para este ano, o governo prevê
que as exportações ultrapassem
os US$ 29 bilhões. O setor privado
é cauteloso, mas também prevê
uma alta que leve as vendas externas à casa dos US$ 28 bilhões, segundo levantamento feito pelo
jornal argentino "Clarín".
O saldo não deverá ser muito diferente dos US$ 16 bilhões de
2002, já que tanto empresários
quanto o governo esperam alguma recuperação das importações.
A alta é esperada porque, com a
recuperação da economia, as
compras de insumos importados
devem aumentar -o Ministério
da Economia prevê crescimento
de 3,5% da economia argentina
em 2003.
O desafio dos novos exportadores argentinos, no entanto, não
será encontrar compradores para
seus produtos, mas sim conseguir
financiar as vendas. O governo argentino anunciou o calote na dívida argentina em janeiro de 2002,
e, desde então, se fecharam quase
todas as possibilidades de financiamento para a economia do
país, inclusive para comércio, que
são as operações de financiamento consideradas mais seguras.
Muitas empresas, sem condições de conseguir os dólares para
pagar suas dívidas, acabaram
dando o calote na dívida também
-a exceção foram algumas multinacionais que contavam com dinheiro da matriz, e as empresas
que já exportavam na época. Os
importadores deverão enfrentar o
mesmo problema.
A Câmara de Importadores da
Argentina, por exemplo, estima
que as linhas de financiamento
para comércio exterior concedidas às empresas argentinas caíram de US$ 15 bilhões em 2001
para apenas US$ 3 bilhões no ano
passado. Assim, em 2001, o crédito representava cerca de 70% do
total importado e, em 2002, correspondia a apenas 30% do total
das compras do país.
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