São Paulo, quinta-feira, 20 de janeiro de 2005

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PREÇOS

Setor compensa recuo da estimativa para a educação

Alta no transporte público em SP deve empurrar inflação para cima

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A educação, líder de pressão nas taxas de inflação nos meses de janeiro, continua com tendência de reajustes bem abaixo do previsto. A Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) refez as contas e agora prevê alta de 7% nas mensalidades escolares deste mês. A taxa prevista no início do mês era de 10%.
Essa pressão menor do setor de educação poderia reduzir a inflação do mês, mas isso não deverá ocorrer. Um novo foco de pressão chega ao índice: o setor de transportes. As novas estimativas da Fipe indicam que a inflação de janeiro deverá superar o 0,6% previsto anteriormente.
E a pressão do setor de transporte apenas começou. Foram reajustadas as passagens de metrô, trem, integração e ônibus intermunicipais. As passagens de ônibus, o item de maior peso, ainda não foram alteradas. Quando isso ocorrer, a inflação dará um salto no período.
Hoje em R$ 1,70, se for reajustada para R$ 1,90 (para facilitar o troco), só a passagem provocaria inflação de 0,5% em 30 dias. Ou seja, 75% do 0,67% divulgado ontem pela Fipe para os últimos 30 dias e que inclui 525 itens. Nos cálculos da Fipe, de cada R$ 100 gastos pelos paulistanos por mês, pelo menos R$ 4 são com passagens de ônibus.
Paulo Picchetti, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, diz que a inflação continua sendo afetada por poucos itens. Neste mês, o foco sai da gasolina e passa para educação e transportes. Em fevereiro, é a vez de imposto predial (IPTU), licenciamento de carros (IPVA) e continuidade da pressão do setor de transportes.

Sem pressão
Apesar da taxa elevada deste início de ano, Picchetti afirma que não há pressão inflacionária. Ele cita o exemplo do setor de educação que, por falta de renda da população, deverá ser reajustado com percentuais inferiores aos que o setor previa.
Mesmo sem pressão acentuada na inflação, Picchetti diz que o Banco Central deverá continuar com a política de reajuste nas taxas de juro. O BC toma como base, as expectativas inflacionárias -que continuam elevadas para o patamar das metas- e a capacidade de produção das indústrias -que seria inferior à demanda se a pressão de vendas continuar.
O economista da Fipe diz que está havendo recomposição das vendas na indústria e recuperação no comércio, mas sem grandes acelerações. Ele diz que o importante agora é ver a mensagem que o Banco Central vai passar na próxima ata. Essa ata vai mostrar as discussões de ontem dos membros do Copom (Comitê de Política Monetária). Por ela dá para saber se a elevação dos juros continua ou não, acrescenta.

Alimentação
Os alimentos continuam segurando a taxa de inflação. Das oito principais quedas dos últimos 30 dias, apenas uma não é desse setor. O arroz lidera as quedas, seguido de limão, o campeão de altas no ano passado.
Um importante recuo é o do óleo de soja, que passou a custar 2,4% a menos para os paulistanos nos últimos meses. A queda nos preços da soja no mercado internacional ajudou a derrubar os preços do óleo no mercado interno.


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