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LEÃO GULOSO
Contribuinte pagou ao fisco R$ 333,6 bi, total recorde; para Receita, resultado reflete retomada econômica e fiscalização
Governo amplia sua arrecadação em 11%
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os brasileiros pagaram R$
333,577 bilhões em impostos e
contribuições federais no ano
passado. O valor -corrigido pela
inflação do período- representa
um novo recorde histórico e, em
termos reais, supera em 10,62% o
montante arrecadado em 2003.
O volume de tributos recolhidos
em dezembro também supera as
demais marcas mensais registradas na história do país. Foram arrecadados R$ 32,620 bilhões, o
que significa um aumento real de
17,4% na comparação com dezembro de 2003 e de 25,62% em
relação a novembro de 2004.
O secretário da Receita Federal,
Jorge Rachid, atribuiu o recorde
do ano passado ao crescimento
econômico e à melhoria na eficiência da máquina arrecadadora.
Ele disse que não é possível afirmar se houve ou não aumento na
carga tributária, porque ainda
não foi divulgado o PIB (Produto
Interno Bruto) de 2004. "Mas temos o compromisso de não elevar
a carga", afirmou Rachid. Além
disso, ele destacou que o conceito
de carga tributária embute também a soma de impostos cobrados pelos Estados e municípios.
Cofins
A Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social) foi o tributo que apresentou
o maior aumento de arrecadação
no ano passado. Em termos reais,
o crescimento foi de 20,6% em relação a 2003. Ou seja, um aumento de R$ 13,527 bilhões.
Na explicação da Receita, isso é
fruto de três fatores: o fim da cumulatividade no recolhimento da
contribuição, o início da cobrança
sobre produtos importados e a retenção do tributo na fonte. A taxação dos importados rendeu ao fisco em 2004 mais de R$ 11 bilhões.
Como não havia a cobrança em
2003, diz a Receita, o crescimento
da Cofins foi tão expressivo.
Ao acabar com o fim da cumulatividade do tributo, o governo,
entretanto, elevou a alíquota da
contribuição de 3% para 7,6%.
Rachid minimiza os efeitos disso
no aumento da arrecadação.
"Quando acabou a cumulatividade do PIS, dizia-se a mesma
coisa. No início de 2004, provamos que havia uma arrecadação
inicial elevada, mas, com o tempo,
houve uma acomodação, um alinhamento do PIS. O mesmo vai
acontecer com a Cofins", disse.
Na avaliação dele, caso a receita
da Cofins seja excluída do total arrecadado no ano passado, ainda
assim será verificado um crescimento real (7,6%) da arrecadação
de 2004. "Isso mostra que a boa
arrecadação de 2004 foi reflexo do
crescimento, pois também cresceu a receita de determinados tributos, como a da CPMF e a do IPI,
e eles não sofreram mudanças de
legislação", afirmou Rachid.
A arrecadação da CPMF cresceu, em termos reais, 7,45% em
2004. O volume recolhido com o
IPI aumentou 8,73%. No caso do
Imposto de Renda Retido na Fonte sobre os rendimentos do trabalho, a elevação foi de 11,72%. Já a
arrecadação do IR sobre os rendimentos de capital caiu 15,01%.
O secretário lembrou que o
crescimento econômico e seus
efeitos na arrecadação permitiram em 2004 a adoção de várias
medidas com o objetivo de desonerar a produção. Ele citou ainda
a criação do redutor de R$ 100 na
base de cálculo do Imposto de
Renda da Pessoa Física, que vigorou de agosto a dezembro.
Entre os motivos para a arrecadação recorde do mês passado,
em relação a novembro, estão os
efeitos típicos desse período do
ano. São exemplos a tributação de
IR sobre o 13º salário e a mudança
na forma de calcular o imposto
sobre aplicações em fundos de investimento. Em vez de mensal, a
apuração passou a ser semestral,
com recolhimento nos meses de
junho e dezembro. Isso eleva a arrecadação nesses dois meses.
As mudanças na Cofins e o aumento na venda de carros são citados pelo fisco como fatores que
provocaram a elevação da receita
em dezembro ante novembro.
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