São Paulo, quinta-feira, 20 de janeiro de 2005

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NEGÓCIOS

Com mercado aquecido, empresa prevê investir R$ 10,8 bilhões neste ano; gastos não incluem novas aquisições

Investimentos da Vale devem crescer 89%

MARCELO SAKATE
DA SUCURSAL DO RIO

A Companhia Vale do Rio Doce anunciou ontem que investirá R$ 10,8 bilhões neste ano, um aumento nominal de 89% em relação aos R$ 5,7 bilhões de 2004, e que destinará quase um quarto desse total à logística.
Os gastos nesse setor devem alcançar R$ 2,45 bilhões -um aumento de mais de 70% ante 2004- a fim de atender às necessidades do setor produtivo, afirmou o presidente da Vale, Roger Agnelli. "A demanda relacionada a ferrovias e portos no país tem crescido de forma brutal e justifica os investimentos."
No setor ferroviário, a Vale planeja gastar R$ 1,81 bilhão com a aquisição de 123 locomotivas e de mais de 5.600 vagões. Os planos incluem ainda a expansão e a melhoria da segurança da malha ferroviária, a compra de carregadores nos portos e a ampliação de terminais marítimos, como em Tubarão (SC) e Sepetiba (RJ).
Dos R$ 10,8 bilhões, 22,1% serão destinados à manutenção de negócios já existentes, e o restante, para o crescimento da empresa, por meio de P&D (pesquisa e desenvolvimento) e na ampliação de minas e plantas.
"Estamos antecipando investimentos previstos para [o período de] 2008 a 2010 devido ao aquecimento do mercado, que está forte, com preços bons", disse Agnelli. "Os gastos maiores em mineração estão fundamentados em um mapeamento das necessidades de nossos clientes pelos próximos dez anos", afirmou.

"Crescimento orgânico"
O presidente da Vale disse ainda que o orçamento para 2005 não inclui gastos com aquisições e que a prioridade será o "crescimento orgânico". Agnelli mencionou seis projetos em desenvolvimento para a ampliação da capacidade de produção de minério de ferro no Brasil, aos quais devem ser destinados mais de R$ 3 bilhões em 2005. O maior investimento, em Brucutu (MG), terá mais de R$ 1,3 bilhão.
A despeito de classificar como "bons" os preços do minério de ferro, ele voltou a defender o reajuste no mercado. "Há uma tendência nítida de aumento [dos preços]. A demanda é forte, as siderúrgicas têm elevado a produção, mas há mais de um ano o preço não sobe", disse o presidente da Vale, que, no entanto, afirmou que as negociações ainda estão em andamento.
A Vale destacou ainda os investimentos no mercado de carvão, no qual ingressou por meio de associações com companhias chinesas.
O mineral receberá a maior fatia dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento em 2005 -em novembro passado, a mineradora ganhou concessão para explorar a maior reserva de carvão do mundo ainda intacta, em Moçambique, na África.

Novas siderúrgicas
O presidente da Vale voltou a destacar que a mineradora continuará a procurar, em 2005, empresas interessadas em investir no setor siderúrgico brasileiro. Na semana passada, a mineradora assinou protocolo para construir uma siderúrgica no Estado do Rio em parceria com o grupo alemão ThyssenKrupp Stahl.
O complexo prevê investimentos totais de US$ 2,3 bilhões e a criação de 10 mil empregos, com inauguração em 2008. Agnelli citou o negócio como parceria que será procurada pela Vale para expandir o parque siderúrgico nacional e elevar as exportações da empresa, que devem ter alcançado US$ 5,2 bilhões em 2004, segundo estimativas.


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