|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Investimento público será alvo de cortes
Para fechar as contas, Planalto deve bloquear até R$ 20 bi nas próximas semanas e reduzir investimentos "inflados" pelo Congresso
Proposta do governo para gastos em obras e compra de equipamentos foi ampliada em quase 70% por emendas parlamentares
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Prioridade no pacote que o
governo anunciará na segunda-feira, os investimentos públicos não escaparão dos cortes de
gastos que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva editará até
o início de fevereiro.
Gastos com obras e compra
de equipamentos respondem
pela fatia do Orçamento que
mais cresceu durante a votação
da lei no Congresso Nacional.
Os investimentos autorizados com dinheiro dos tributos
arrecadados pela União aumentaram quase 70% e somam
R$ 27,3 bilhões na lei encaminhada nesta semana para a sanção de Lula.
Os R$ 11,2 bilhões de gastos
em investimentos autorizados
por meio de emendas apresentadas por deputados e senadores são alvos inevitáveis dos
cortes. Decreto presidencial
em estudo no governo deverá
bloquear um volume de despesas já autorizadas entre R$ 18
bilhões e R$ 20 bilhões.
As despesas de custeio da
máquina pública, indicadas pelo ministro Guido Mantega
(Fazenda) como opção para os
cortes, aumentaram R$ 6,1 bilhões em relação à proposta
original de Orçamento encaminhada ao Congresso. Nesse bloco, destacam-se repasses de dinheiro público a hospitais, Santas Casas e o Incor (Instituto do
Coração), por exemplo.
Ocorre que essa parcela das
emendas não é suficiente para
bancar o ajuste no Orçamento
de 2007 em estudo no governo.
A conta não fecha nem com o
bloqueio de todas as autorizações de gastos em investimento
propostas por deputados e senadores.
Esse cenário descarta a hipótese de preservar investimentos públicos do corte, como
vem sugerindo o governo. Ao
lançar as linhas gerais do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento) em seu discurso
de posse, o presidente Lula destacou que acelerar e agilizar os
investimentos públicos seria
prioridade no segundo mandato, ao lado dos incentivos ao investimento privado.
Pesquisa feita pela Folha no
texto da lei orçamentária encaminhada a Lula indica como alvo prioritário do bloqueio de
gastos obras de infra-estrutura
previstas em programas dos
ministérios do Turismo e das
Cidades, ao lado de obras de
instalações esportivas.
Objeto de grande interesse
dos parlamentares, obras de
construção de calçadas, praças,
chafarizes e quadras esportivas
respondem por alguns bilhões
de gastos autorizados na lei.
O programa "Turismo no
Brasil, uma viagem para todos"
foi o que recebeu o maior volume de autorizações de gasto extra no Congresso: R$ 1,3 bilhão
para apoio a projetos de infra-estrutura turística em cidades.
No ranking dos programas
que mais receberam emendas
parlamentares e agora se habilitam para os cortes, os investimentos do Ministério do Turismo são seguidos por um tipo
de obra semelhante nas cidades. O programa de apoio ao
desenvolvimento urbano de
municípios de pequeno porte
também recebeu de R$ 1 bilhão
por meio de emendas.
Entre os investimentos que
inflaram no Congresso -mas
menos que programas que prevêem a compra de ambulâncias, pivô do escândalo dos
Sanguessugas-, estão ações do
Sistema Único de Segurança
Pública. Recentemente, os
quatro governadores da região
Sudeste reivindicaram mais
gastos no programa. Também
inflaram no Congresso despesas autorizadas no programa
do Ministério da Defesa que investe na segurança de vôo.
Dificilmente ocorrerá corte
no mais caro investimento do
governo em 2007 e que destina
mais de R$ 2 bilhões à manutenção de rodovias federais. O
programa teve gastos reduzidos no Congresso. O mesmo
aconteceu com outra propalada prioridade de Lula: a transposição do rio São Francisco.
No ano em que o governo pretende licitar a obra de R$ 3,3
bilhões, o projeto prevê despesas de apenas R$ 15 milhões.
Texto Anterior: Boris Tabacof: "Dois monólogos não fazem um diálogo' Próximo Texto: Governo já admite promover ajustes no PAC após anúncio Índice
|