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Setor calçadista fecha 28.852 vagas em dezembro, 9% do total de empregos
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
De acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados), calçados foi o
subsetor da indústria de transformação que, proporcionalmente, mais fechou postos de
trabalho em dezembro. Foram
28.852 vagas -ou quase 9% do
total do subsetor no início do
mês. Em dezembro de 2007,
17.985 haviam sido fechadas.
Principal polo exportador de
calçados do país, o Rio Grande
do Sul sente os efeitos da crise
global na forma de fechamento
de fábricas e de demissão de pelo menos 4.800 trabalhadores
nos últimos três meses. As vendas para o exterior caíram 25%,
e empresários admitem novos
cortes de pessoal.
Responsável por cerca de
60% das receitas brasileiras
com exportações de calçados e
por 110 mil empregos diretos,
as indústrias gaúchas estão reduzindo embarques por causa
da retração do crédito nos países importadores e pelos solavancos cambiais.
O setor, que se queixava desde 2004 de perda de competitividade por causa do câmbio,
agora atribui à súbita desvalorização do real a redução nas
vendas no último trimestre do
ano passado.
"A volatilidade do câmbio
mais atrapalhou do que ajudou
porque ficamos com dificuldade de formar preços em plena
temporada de negociação. A
partir de outubro, a queda chegou a 25%", diz o diretor executivo da Abicalçados (Associação
Brasileira da Indústria Calçadista), Heitor Klein. "Se não há
venda, não há como manter
funcionários."
A quantidade de sapatos vendidos para o exterior está caindo em todo o país, mas isso
acontece mais acentuadamente no Rio Grande do Sul. Entre
janeiro e novembro de 2008, o
Brasil exportou 150 milhões de
pares de calçados -redução de
7,5% em relação ao mesmo período de 2007. Já o Estado exportou 47,5 milhões (-26%).
Entre janeiro e novembro de
2008, o Rio Grande do Sul exportou US$ 1,02 bilhão -7% a
menos do que no mesmo período de 2007.
A dimensão da perda de receita deverá crescer ainda nesta semana, quando os dados de
dezembro forem divulgados.
Nas dez maiores cidades da
região de Ribeirão Preto (SP),
onde mais de 16 mil postos de
trabalho da indústria foram fechados em dezembro, o maior
corte aconteceu em Franca,
principal polo calçadista masculino do país, que teve um saldo negativo de 9.974 vagas só
nas fábricas -contando todos
os setores, a cidade teve um saldo negativo de 11.101 empregos.
"Os empresários não manteriam seu quadro fixo de funcionários sem saber o que vinha
pela frente. É a lógica do lucro.
Mas a situação ainda não é alarmante, só vamos saber como
Franca foi atingida após março", disse Paulo Afonso Ribeiro,
presidente do Sindicato dos
Trabalhadores nas Indústrias
de Calçados de Franca.
Em Sertãozinho, que concentra a indústria do setor sucroalcooleiro, e Araraquara, o
tropeço também foi grande:
saldo negativo de, respectivamente, 1.376 e 2.534 vagas. De
modo geral, o desempenho na
região foi o pior da década.
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