São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2009

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Setor calçadista fecha 28.852 vagas em dezembro, 9% do total de empregos

GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

De acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), calçados foi o subsetor da indústria de transformação que, proporcionalmente, mais fechou postos de trabalho em dezembro. Foram 28.852 vagas -ou quase 9% do total do subsetor no início do mês. Em dezembro de 2007, 17.985 haviam sido fechadas.
Principal polo exportador de calçados do país, o Rio Grande do Sul sente os efeitos da crise global na forma de fechamento de fábricas e de demissão de pelo menos 4.800 trabalhadores nos últimos três meses. As vendas para o exterior caíram 25%, e empresários admitem novos cortes de pessoal.
Responsável por cerca de 60% das receitas brasileiras com exportações de calçados e por 110 mil empregos diretos, as indústrias gaúchas estão reduzindo embarques por causa da retração do crédito nos países importadores e pelos solavancos cambiais.
O setor, que se queixava desde 2004 de perda de competitividade por causa do câmbio, agora atribui à súbita desvalorização do real a redução nas vendas no último trimestre do ano passado.
"A volatilidade do câmbio mais atrapalhou do que ajudou porque ficamos com dificuldade de formar preços em plena temporada de negociação. A partir de outubro, a queda chegou a 25%", diz o diretor executivo da Abicalçados (Associação Brasileira da Indústria Calçadista), Heitor Klein. "Se não há venda, não há como manter funcionários."
A quantidade de sapatos vendidos para o exterior está caindo em todo o país, mas isso acontece mais acentuadamente no Rio Grande do Sul. Entre janeiro e novembro de 2008, o Brasil exportou 150 milhões de pares de calçados -redução de 7,5% em relação ao mesmo período de 2007. Já o Estado exportou 47,5 milhões (-26%).
Entre janeiro e novembro de 2008, o Rio Grande do Sul exportou US$ 1,02 bilhão -7% a menos do que no mesmo período de 2007.
A dimensão da perda de receita deverá crescer ainda nesta semana, quando os dados de dezembro forem divulgados.
Nas dez maiores cidades da região de Ribeirão Preto (SP), onde mais de 16 mil postos de trabalho da indústria foram fechados em dezembro, o maior corte aconteceu em Franca, principal polo calçadista masculino do país, que teve um saldo negativo de 9.974 vagas só nas fábricas -contando todos os setores, a cidade teve um saldo negativo de 11.101 empregos.
"Os empresários não manteriam seu quadro fixo de funcionários sem saber o que vinha pela frente. É a lógica do lucro. Mas a situação ainda não é alarmante, só vamos saber como Franca foi atingida após março", disse Paulo Afonso Ribeiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçados de Franca.
Em Sertãozinho, que concentra a indústria do setor sucroalcooleiro, e Araraquara, o tropeço também foi grande: saldo negativo de, respectivamente, 1.376 e 2.534 vagas. De modo geral, o desempenho na região foi o pior da década.


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