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Na região de Ribeirão Preto, 16 mil vagas foram fechadas na indústria em dezembro
LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
Mais de 16 mil postos de trabalho da indústria nas dez
maiores cidades da região de
Ribeirão Preto foram fechados
em dezembro, segundo dados
do Ministério do Trabalho.
O maior corte aconteceu em
Franca, principal polo calçadista masculino do país, que teve
um saldo negativo de 9.974 vagas só nas fábricas -contando
todos os setores, a cidade teve
um saldo negativo de 11.101 empregos no mês passado.
"Os empresários não manteriam seu quadro fixo de funcionários sem saber o que vinha
pela frente. É a lógica do lucro.
Mas a situação ainda não é alarmante, só vamos saber como
Franca foi atingida após março", disse Paulo Afonso Ribeiro,
presidente do Sindicato dos
Trabalhadores nas Indústrias
de Calçados de Franca.
Em Sertãozinho, que concentra a indústria do setor sucroalcooleiro, e Araraquara, o
tropeço também foi grande:
saldo negativo de, respectivamente, 1.376 e 2.534 vagas.
De modo geral, o desempenho verificado na região foi o
pior da década. Em dezembro,
considerando todos os setores,
foram fechados 25.368 postos
de trabalho na região, sendo
63,6% apenas na indústria.
O agravamento da crise,
grande vilão segundo o Ciesp,
sindicatos e empresários, contribuiu para que o desempenho
da indústria também fosse negativo quando considerado todo o ano de 2008.
O saldo negativo de 847 postos de trabalho na indústria
contribuiu para que houvesse
uma queda de 42,9% no total de
vagas de emprego criadas na região no ano passado, na comparação com 2007. Na região, pelo menos oito grandes indústrias já contataram sindicatos
de trabalhadores para negociar
redução de jornadas de trabalho e salários ou implantação
de banco de horas. A medida,
dizem, visa evitar um número
cada vez maior de demissões.
O Ceise-BR (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroalcooleiro e Energético) discutirá hoje soluções com o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Ribeirão Preto e
Região. O presidente do Ceise-BR, Mário Garrefa, disse que já
passou da hora de definir uma
saída para evitar cortes. "As demissões não vão parar de acontecer. O que queremos é que
aconteçam em menor quantidade. Mas, enquanto discutimos, mais e mais funcionários
estão perdendo o emprego."
A principal proposta da entidade é reduzir a jornada de trabalho e, por consequência, salários. A implantação de banco de
horas também é discutida. No
entanto, o sindicato exige garantias de manutenção das vagas para aceitar a proposta.
"A flexibilização do trabalho
é uma medida que só pode ser
levada em casos extremos. E,
mesmo assim, só pode ocorrer
se houver garantia de manutenção de empregos", disse Élio
Cândido, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Ribeirão Preto e Região. De acordo com Garrefa, os
cortes são inevitáveis. "Num
cenário pessimista, calculamos
corte de 20% do quadro. Se formos otimistas, ficará em torno
dos 10%", disse o empresário.
"Até março, as indústrias têm
encomendas. Depois disso, é
uma incógnita", afirmou.
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