São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2009

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Na região de Ribeirão Preto, 16 mil vagas foram fechadas na indústria em dezembro

LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Mais de 16 mil postos de trabalho da indústria nas dez maiores cidades da região de Ribeirão Preto foram fechados em dezembro, segundo dados do Ministério do Trabalho.
O maior corte aconteceu em Franca, principal polo calçadista masculino do país, que teve um saldo negativo de 9.974 vagas só nas fábricas -contando todos os setores, a cidade teve um saldo negativo de 11.101 empregos no mês passado.
"Os empresários não manteriam seu quadro fixo de funcionários sem saber o que vinha pela frente. É a lógica do lucro. Mas a situação ainda não é alarmante, só vamos saber como Franca foi atingida após março", disse Paulo Afonso Ribeiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçados de Franca.
Em Sertãozinho, que concentra a indústria do setor sucroalcooleiro, e Araraquara, o tropeço também foi grande: saldo negativo de, respectivamente, 1.376 e 2.534 vagas.
De modo geral, o desempenho verificado na região foi o pior da década. Em dezembro, considerando todos os setores, foram fechados 25.368 postos de trabalho na região, sendo 63,6% apenas na indústria.
O agravamento da crise, grande vilão segundo o Ciesp, sindicatos e empresários, contribuiu para que o desempenho da indústria também fosse negativo quando considerado todo o ano de 2008.
O saldo negativo de 847 postos de trabalho na indústria contribuiu para que houvesse uma queda de 42,9% no total de vagas de emprego criadas na região no ano passado, na comparação com 2007. Na região, pelo menos oito grandes indústrias já contataram sindicatos de trabalhadores para negociar redução de jornadas de trabalho e salários ou implantação de banco de horas. A medida, dizem, visa evitar um número cada vez maior de demissões.
O Ceise-BR (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroalcooleiro e Energético) discutirá hoje soluções com o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Ribeirão Preto e Região. O presidente do Ceise-BR, Mário Garrefa, disse que já passou da hora de definir uma saída para evitar cortes. "As demissões não vão parar de acontecer. O que queremos é que aconteçam em menor quantidade. Mas, enquanto discutimos, mais e mais funcionários estão perdendo o emprego."
A principal proposta da entidade é reduzir a jornada de trabalho e, por consequência, salários. A implantação de banco de horas também é discutida. No entanto, o sindicato exige garantias de manutenção das vagas para aceitar a proposta.
"A flexibilização do trabalho é uma medida que só pode ser levada em casos extremos. E, mesmo assim, só pode ocorrer se houver garantia de manutenção de empregos", disse Élio Cândido, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Ribeirão Preto e Região. De acordo com Garrefa, os cortes são inevitáveis. "Num cenário pessimista, calculamos corte de 20% do quadro. Se formos otimistas, ficará em torno dos 10%", disse o empresário. "Até março, as indústrias têm encomendas. Depois disso, é uma incógnita", afirmou.


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