São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2009

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Governo prepara pacote para setores mais afetados

Indústria e construção civil devem ser os primeiros a receber socorro, segundo Lupi

Em reunião com centrais sindicais, Lula diz que a crise está sendo superestimada e que, passado o 1º trimestre, economia irá melhorar

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com o anúncio oficial do péssimo desempenho do mercado de trabalho em dezembro, o governo se prepara para anunciar nas próximas semanas medidas para reativar os setores mais afetados pela crise mundial. De acordo com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, a indústria de transformação e a construção civil, dois dos setores que mais demitiram em dezembro, serão os primeiros a receber socorro.
Em reunião ontem com o presidente Lula, Lupi disse ter sugerido duas grandes propostas com foco na criação de vagas. A Folha apurou que sua pasta prevê uma série de reuniões com outros setores do governo, entre eles o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), os ministérios do Planejamento, da Fazenda, das Cidades, do Desenvolvimento Social, da Casa Civil e o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), para adotar "ações" para geração de emprego e renda.
O governo também deverá promover uma nova rodada de desoneração tributária para alguns setores. No Palácio do Planalto, também há uma proposta de ampliar para até 12 as parcelas do seguro-desemprego. Hoje, elas variam de três a cinco, podendo chegar a sete, em casos excepcionais.
Lupi voltou a defender ontem sua proposta de exigir contrapartidas sociais das empresas que tomam empréstimos com recursos dos fundos públicos -FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

Centrais
No final do dia, o presidente Lula também se reuniu, por três horas, com as centrais sindicais para discutir o desemprego, mas não se comprometeu com nenhuma medida.
Os sindicalistas deixaram a reunião com discurso afinado em torno do empenho do governo em reduzir juros, diminuir o "spread" (ganho dos bancos nas operações de crédito) -o que também é defendido por Lupi- e desonerar as empresas, desde que haja garantia de manutenção de empregos. Não houve, entretanto, nenhuma ação específica anunciada nesse sentido.
As centrais chegaram ao Planalto esperando medidas "ousadas" e acusando empresários de fazerem "chantagem". Na lista de reivindicações a Lula, havia até pedido de aumento do salário mínimo de R$ 415 para R$ 476 -Lula confirmou ontem reajuste para R$ 465 (leia texto abaixo)- e a edição de medida provisória que dispensa licitação para contratações do governo nos seis meses.
Durante a reunião, Lula considerou que a crise está sendo superestimada e que, passado o primeiro trimestre deste ano, considerado por ele "delicado", a economia irá melhorar. Ele afirmou, de acordo com sindicalistas, que irá lançar nos próximos meses um programa de compra de geladeiras e de fogões novos, como forma de aquecer o mercado interno. Disse que por 30 anos foi um "anticonsumista", mas que passou a fazer apologia a programas em favor do consumo.
Sobre o número recorde de postos de trabalho fechados em dezembro passado, Lula considerou que foi um movimento "atípico", mas que acredita no restabelecimento da economia nos próximos meses.
Quanto à falta de crédito às micro e pequenas empresas, alegada pelas centrais, o presidente disse que o que existe, de fato, é o aumento da demanda por crédito e, por isso, maior seletividade.

Jornada de trabalho
Lupi também se mostrou contrário à proposta de redução da jornada de trabalho, com redução de salários, que vinha sendo negociada entre a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e centrais sindicais. Para Lupi, momentos de crise não são a melhor hora para discutir "redução de direitos" dos trabalhadores.
Para este ano, o ministro projeta a geração de 1,5 milhão de empregos formais. Segundo ele, este mês e fevereiro já deverão apresentar resultado positivo, mas "fraco". Para março, o ministério prevê a recuperação do mercado de trabalho.


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