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Governo prepara pacote para setores mais afetados
Indústria e construção civil devem ser os primeiros a receber socorro, segundo Lupi
Em reunião com centrais
sindicais, Lula diz que a crise
está sendo superestimada e
que, passado o 1º trimestre,
economia irá melhorar
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com o anúncio oficial do péssimo desempenho do mercado
de trabalho em dezembro, o governo se prepara para anunciar
nas próximas semanas medidas para reativar os setores
mais afetados pela crise mundial. De acordo com o ministro
do Trabalho, Carlos Lupi, a indústria de transformação e a
construção civil, dois dos setores que mais demitiram em dezembro, serão os primeiros a
receber socorro.
Em reunião ontem com o
presidente Lula, Lupi disse ter
sugerido duas grandes propostas com foco na criação de vagas. A Folha apurou que sua
pasta prevê uma série de reuniões com outros setores do
governo, entre eles o BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
os ministérios do Planejamento, da Fazenda, das Cidades, do
Desenvolvimento Social, da
Casa Civil e o Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada),
para adotar "ações" para geração de emprego e renda.
O governo também deverá
promover uma nova rodada de
desoneração tributária para alguns setores. No Palácio do
Planalto, também há uma proposta de ampliar para até 12 as
parcelas do seguro-desemprego. Hoje, elas variam de três a
cinco, podendo chegar a sete,
em casos excepcionais.
Lupi voltou a defender ontem sua proposta de exigir contrapartidas sociais das empresas que tomam empréstimos
com recursos dos fundos públicos -FAT (Fundo de Amparo
ao Trabalhador) e FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço).
Centrais
No final do dia, o presidente
Lula também se reuniu, por
três horas, com as centrais sindicais para discutir o desemprego, mas não se comprometeu com nenhuma medida.
Os sindicalistas deixaram a
reunião com discurso afinado
em torno do empenho do governo em reduzir juros, diminuir o "spread" (ganho dos bancos nas operações de crédito)
-o que também é defendido
por Lupi- e desonerar as empresas, desde que haja garantia
de manutenção de empregos.
Não houve, entretanto, nenhuma ação específica anunciada
nesse sentido.
As centrais chegaram ao Planalto esperando medidas "ousadas" e acusando empresários
de fazerem "chantagem". Na
lista de reivindicações a Lula,
havia até pedido de aumento do
salário mínimo de R$ 415 para
R$ 476 -Lula confirmou ontem reajuste para R$ 465 (leia
texto abaixo)- e a edição de
medida provisória que dispensa licitação para contratações
do governo nos seis meses.
Durante a reunião, Lula considerou que a crise está sendo
superestimada e que, passado o
primeiro trimestre deste ano,
considerado por ele "delicado",
a economia irá melhorar. Ele
afirmou, de acordo com sindicalistas, que irá lançar nos próximos meses um programa de
compra de geladeiras e de fogões novos, como forma de
aquecer o mercado interno.
Disse que por 30 anos foi um
"anticonsumista", mas que
passou a fazer apologia a programas em favor do consumo.
Sobre o número recorde de
postos de trabalho fechados em
dezembro passado, Lula considerou que foi um movimento
"atípico", mas que acredita no
restabelecimento da economia
nos próximos meses.
Quanto à falta de crédito às
micro e pequenas empresas,
alegada pelas centrais, o presidente disse que o que existe, de
fato, é o aumento da demanda
por crédito e, por isso, maior
seletividade.
Jornada de trabalho
Lupi também se mostrou
contrário à proposta de redução da jornada de trabalho, com
redução de salários, que vinha
sendo negociada entre a Fiesp
(Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo) e centrais
sindicais. Para Lupi, momentos
de crise não são a melhor hora
para discutir "redução de direitos" dos trabalhadores.
Para este ano, o ministro projeta a geração de 1,5 milhão de
empregos formais. Segundo
ele, este mês e fevereiro já deverão apresentar resultado positivo, mas "fraco". Para março,
o ministério prevê a recuperação do mercado de trabalho.
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