São Paulo, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2004

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SINAIS MISTOS

Índice do IBGE é o mais alto desde abril; prévia da inflação medida pela FGV, porém, indica pressão menor

IPCA-15 aumenta; IGP-M desacelera no mês

DA SUCURSAL DO RIO

A inflação medida pelo IBGE mostrou que segue em aceleração, uma trajetória mantida desde dezembro do ano passado. O IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15) de fevereiro registrou variação de 0,90%, a maior do índice desde abril do ano passado (1,14%). As mensalidades escolares subiram 8,17% e contribuíram com 0,31 ponto percentual na formação do índice.
Já a segunda prévia do IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) deste mês, que mede a alta dos preços de 21 de janeiro a 10 de fevereiro, mostrou desaceleração, ficando em 0,47%, contra 0,65% da segunda prévia de janeiro. O IGP-M é calculado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).
A desaceleração maior no IGP-M ocorreu no atacado, com o IPA (Índice de Preços por Atacado) baixando de 0,72% na segunda prévia de janeiro para 0,48% na segunda de fevereiro. O IPA representa 60% do IGP-M.
No varejo, os preços medidos pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor) caíram de 0,65% para 0,47%, os mesmos números do índice geral. A variação dos alimentos caiu de 1,25% para 0,45%. O IPC corresponde a 30% do índice geral. O INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), que completa o índice geral, acelerou de 0,20% para 0,38%.

IPCA
O IPCA-15 de fevereiro mediu a alta dos preços no período de 15 de janeiro a 10 de fevereiro. Ele foi mais alto que o IPCA normal de janeiro (0,76%), apurado do primeiro ao último dia do mês, que havia sido mais alto que o IPCA-15 de janeiro (0,68%, apurado de 10 de dezembro a 14 de janeiro).
Em novembro, o IPCA-15 foi de 0,17%. Nos dois primeiros meses do ano, o IPCA-15 acumulou alta de 1,59% e em 12 meses, 7,09%.
Para o economista Alexsandro Agostini Barbosa, da consultora Global Invest, a persistência da aceleração inflacionária é transitória, originada de pressões pontuais de custos e de oferta e não justifica a cautela do BC (Banco Central) com as taxas de juros.
"A política monetária tem que diferenciar choques de oferta e de custos, que se ajustam no curto prazo, de choque de demanda, que exige realmente alguma ação sobre os juros", afirmou.
Segundo Barbosa, são quatro as causas da aceleração registrada entre o final de 2003 e o começo de 2004: pressão das festas de final de ano sobre os alimentos; pressão, também sobre os alimentos, de um período de estiagem seguido de chuvas excessivas; mensalidades e materiais escolares; e aumentos de tributos e taxas ligadas à propriedade de veículos.
Barbosa inclui também a alta dos próprios veículos, causada, segundo ele, pelo aumento do aço. Como, para o analista, todas as pressões relacionadas tendem a refluir no curto prazo, o IPCA de fevereiro já deverá ser menor que o IPCA-15 do mês, ficando em 0,70% ou menos.
O economista Paulo Levy, diretor de Estudos Macroeconômicos do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do Ministério do Planejamento, concorda que há pressões pontuais, mas argumenta que a inflação sem essas pressões também está alta, na casa dos 0,6%. Para ele, o BC deve agir com cautela na política monetária para evitar risco de generalização das pressões, comprometendo a meta de inflação para o ano -5,5% para o IPCA.


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