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SINAIS MISTOS
Índice do IBGE é o mais alto desde abril; prévia da inflação medida pela FGV, porém, indica pressão menor
IPCA-15 aumenta; IGP-M desacelera no mês
DA SUCURSAL DO RIO
A inflação medida pelo IBGE
mostrou que segue em aceleração, uma trajetória mantida desde
dezembro do ano passado. O IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15) de fevereiro
registrou variação de 0,90%, a
maior do índice desde abril do
ano passado (1,14%). As mensalidades escolares subiram 8,17% e
contribuíram com 0,31 ponto percentual na formação do índice.
Já a segunda prévia do IGP-M
(Índice Geral de Preços do Mercado) deste mês, que mede a alta
dos preços de 21 de janeiro a 10 de
fevereiro, mostrou desaceleração,
ficando em 0,47%, contra 0,65%
da segunda prévia de janeiro. O
IGP-M é calculado pela FGV
(Fundação Getúlio Vargas).
A desaceleração maior no IGP-M ocorreu no atacado, com o IPA
(Índice de Preços por Atacado)
baixando de 0,72% na segunda
prévia de janeiro para 0,48% na
segunda de fevereiro. O IPA representa 60% do IGP-M.
No varejo, os preços medidos
pelo IPC (Índice de Preços ao
Consumidor) caíram de 0,65%
para 0,47%, os mesmos números
do índice geral. A variação dos alimentos caiu de 1,25% para 0,45%.
O IPC corresponde a 30% do índice geral. O INCC (Índice Nacional
de Custo da Construção), que
completa o índice geral, acelerou
de 0,20% para 0,38%.
IPCA
O IPCA-15 de fevereiro mediu a
alta dos preços no período de 15
de janeiro a 10 de fevereiro. Ele foi
mais alto que o IPCA normal de
janeiro (0,76%), apurado do primeiro ao último dia do mês, que
havia sido mais alto que o IPCA-15 de janeiro (0,68%, apurado de
10 de dezembro a 14 de janeiro).
Em novembro, o IPCA-15 foi de
0,17%. Nos dois primeiros meses
do ano, o IPCA-15 acumulou alta
de 1,59% e em 12 meses, 7,09%.
Para o economista Alexsandro
Agostini Barbosa, da consultora
Global Invest, a persistência da
aceleração inflacionária é transitória, originada de pressões pontuais de custos e de oferta e não
justifica a cautela do BC (Banco
Central) com as taxas de juros.
"A política monetária tem que
diferenciar choques de oferta e de
custos, que se ajustam no curto
prazo, de choque de demanda,
que exige realmente alguma ação
sobre os juros", afirmou.
Segundo Barbosa, são quatro as
causas da aceleração registrada
entre o final de 2003 e o começo
de 2004: pressão das festas de final
de ano sobre os alimentos; pressão, também sobre os alimentos,
de um período de estiagem seguido de chuvas excessivas; mensalidades e materiais escolares; e aumentos de tributos e taxas ligadas
à propriedade de veículos.
Barbosa inclui também a alta
dos próprios veículos, causada,
segundo ele, pelo aumento do
aço. Como, para o analista, todas
as pressões relacionadas tendem a
refluir no curto prazo, o IPCA de
fevereiro já deverá ser menor que
o IPCA-15 do mês, ficando em
0,70% ou menos.
O economista Paulo Levy, diretor de Estudos Macroeconômicos
do Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), órgão do
Ministério do Planejamento, concorda que há pressões pontuais,
mas argumenta que a inflação
sem essas pressões também está
alta, na casa dos 0,6%. Para ele, o
BC deve agir com cautela na política monetária para evitar risco de
generalização das pressões, comprometendo a meta de inflação
para o ano -5,5% para o IPCA.
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