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Abin investiga segurança da Petrobras
Agência deve recomendar mudança nos procedimentos da estatal, vistos no Planalto como muito frágeis
VALDO CRUZ
ANDREA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Além do inquérito da Polícia
Federal, a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) fará uma
investigação paralela sobre os
procedimentos de segurança
da Petrobras e buscará identificar instituições -empresas ou
governos- que poderiam ter
interesse nos dados sigilosos
furtados da estatal.
Ao final dos seus trabalhos, a
Abin irá fazer recomendações
ao presidente Lula e à Petrobras sobre mudanças no sistema de segurança da empresa
para proteger dados estratégicos considerados segredos de
Estado pelo governo.
A estratégia das duas investigações foi definida em reunião
anteontem em Brasília na sede
da Abin, convocada pelos ministros Tarso Genro (Justiça) e
Jorge Armando Félix (Gabinete de Segurança Institucional).
O primeiro é responsável pela
PF. O segundo, pela Abin.
Na avaliação do Palácio do
Planalto, o esquema de segurança da estatal se mostrou "totalmente frágil" e precisa ser
revisto para evitar furtos como
o dos computadores e discos rígidos com dados sigilosos.
A equipe de Lula continua
tratando o furto como um caso
de espionagem industrial, que
pode envolver quadrilhas especializadas em vender dados sigilosos a empresas ou a governos estrangeiros.
A PF também trabalha como
linha principal de investigação
a espionagem industrial, apesar de não descartar a hipótese
de crime comum. Mas, nas palavras de um agente envolvido
no inquérito, seria "fatalidade
demais ser um furto banal".
Até o momento, as características do crime apontam que
não teria sido obra de apenas
uma pessoa, mas possivelmente de uma quadrilha, especializada em fazer furtos por encomenda. A PF está cruzando informações de uma outra investigação feita pelo órgão no ano
passado, chamada de Águas
Profundas, que investigou funcionários da estatal por venda
de informações.
Agentes do órgão avaliam
ainda que os indícios recolhidos inicialmente apontando
para um crime comum podem
ter sido uma "simulação".
Ontem, depois de participar
de uma teleconferência, o ministro Tarso Genro disse que o
furto é "seguramente uma
questão de Estado" independentemente se foi crime comum ou espionagem. "Mesmo
que tenha sido um delito comum, alguém apropriou-se de
material reservado, o que não
diminui a gravidade", afirmou.
Em seguida, o ministro comentou que, "se foi uma conspiração de quadrilha para obter
dados do Estado, também tem
gravidade. Em qualquer hipótese, é sim uma questão de segurança do Estado".
Tarso Genro também questionou o esquema de segurança
da estatal ao falar da possibilidade de o caso ser um crime comum. "Um material desse tipo
não poderia estar exposto a um
delito feito por amadores."
Até agora a Petrobras não detalhou o que de fato havia nos
equipamentos furtados em um
escritório/contêiner utilizado
pela Halliburton, empresa contratada pela estatal.
No governo, há apenas a confirmação de que estavam armazenados "dados estratégicos de
grande interesse do país", sem
especificar se eram informações dos campos Tupi e Júpiter, grandes reservas de petróleo recentemente descobertas.
Colaborou JOHANNA NUBLAT, da Sucursal de Brasília
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