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INTEGRAÇÃO
Proposta é só discutir os temas a partir de 98
Mercosul adere tese canadense para Alca
DENISE CHRISPIM MARIN
da Sucursal de Brasília
Os negociadores do Mercosul estão dispostos a ceder e apoiar a fórmula apresentada pelo Canadá para as negociações da Alca (Área de
Livre Comércio das Américas).
A flexibilização da posição do
Mercosul deve ser negociada alguns dias antes da reunião de ministros de Comércio dos 34 países,
que ocorre entre 13 e 15 de maio
em Belo Horizonte (MG).
A Folha apurou que essa decisão
poderá prevalecer se os demais
países da Alca concordarem em fazer alterações pontuais na proposta do Canadá.
A idéia apresentada pelos canadenses na reunião de vice-ministros do Comércio em fevereiro, em
Recife (PE), é iniciar a negociação
de todos temas envolvidos na Alca
ao mesmo tempo, a partir de 1998.
O Mercosul está disposto a dizer
tudo bem, desde que qualquer país
possa alegar que a negociação de
um tema depende da conclusão da
discussão de outro.
Essa alternativa permitiria maior
linearidade no modelo de negociação proposto pelo Canadá. Seria
principalmente uma forma o Mercosul e os Estados Unidos deixarem a briga pela aplicação de seus
cronogramas para depois de 1998.
Acordo manco
Outra alteração na proposta canadense diz respeito ao prazo final
das negociações. O Canadá quer
terminar em 2003, para implementar da Alca dois anos depois.
O Mercosul não imagina colocar
ponto final nas discussões antes de
2005, quando começaria a aplicação gradual e sem pressa do acordo de livre comércio.
Dessa forma, o acordo manco fechado pelos vice-ministros de Comércio na semana passada, no
Rio, chegaria a Belo Horizonte
com um pouco mais de equilíbrio.
O suficiente, pelo menos, para os
ministros anunciarem que, definitivamente, o início das negociações da Alca será em 1998 e a conclusão provável, em 2005.
Para o Mercosul, não interessa a
negociação apressada da Alca, sob
o toque de caixa dos Estados Unidos. Esse, por exemplo, é o discurso do ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia.
Alternativas
Se houver consenso sobre a pressa, melhor alternativa para o Mercosul seria esquecer a Alca e caminhar com os acordos bilaterais de
livre comércio com os países da
América e com a União Européia.
O Mercosul sabe que também será prejudicado na negociação da
Alca caso não consiga o recuo dos
EUA na política comercial que
protege seus setores produtivos.
No caso do Brasil, o temor do desequilíbrio nas negociações é bem
claro. De 1988 a 1995, a tarifa média importação caiu de 41% para
12,6% -fato que, aliado ao aumento da demanda interna, provocou aumento das importações.
Apesar da abertura, não houve
nenhuma contrapartida dos EUA.
Vários produtos do Brasil -como
os siderúrgicos e suco de laranja-
continuam sem acesso ao mercado
norte-americano por causa das
barreiras comerciais.
O Brasil se deu conta que falta
competitividade até mesmo para
os setores nacionais que contam
com alto potencial exportador.
Precisa de tempo para ampliar
escalas de produção, melhorar a
qualidade e treinar mão-de-obra.
Isso tudo, antes que os produtos
norte-americanos e canadenses
possam entrar no mercado brasileiro em condições mais favoráveis
que as atuais -como prevê a Alca.
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