São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997.

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FRANÇA
Desemprego atinge 12,8%
Menores de 30 estão mais pobres

MARTA AVANCINI
de Paris

O número de pobres com menos de 30 anos na França dobrou em dez anos.
O dado, do Insee (Instituto Nacional de Estatística e Estudos Econômicos), aponta piora na condição de vida dos jovens. ``É importante considerar que o número absoluto de pobres permanece estável, mas houve uma queda de faixa etária'', disse Christine Chambaz, pesquisadora do Insee, à Folha.
O estudo revela que há 5 milhões de pobres na França. Em 84, 9% tinham menos de 30 anos. Em dez anos, a porcentagem dobrou.
São consideradas pobres as pessoas com renda inferior a 39 mil francos (cerca de US$ 7.000).
Desemprego
Para o Ministério do Trabalho e dos Negócios Sociais, a pesquisa é o indicador de um problema que piorou nos últimos dois anos.
O aumento do desemprego é, segundo o ministério, a causa principal da degradação da condição econômica dos jovens.
Em março de 96, segundo o Insee, 22,1% dos jovens do sexo masculino estavam desempregados. A situação era pior entre as mulheres, afetando 31,9% delas.
Na época, eram cerca de 3,09 milhões os desempregados, ou 12,1% da população ativa.
Em março de 97, 12,8% da população ativa estavam sem colocação no mercado de trabalho.
``Está cada vez mais difícil entrar no mercado de trabalho, mesmo para quem tem um diploma universitário'', disse Christine.
Em março de 96, 7,4% dos jovens com formação universitária estavam fora do mercado de trabalho.
Assistência
Sem emprego fixo, Eric Figonese se sustenta com o que chama de ``doações''.
``Eu entro em um trem, conto minha história, e quem quiser me ajuda'', disse Figone à Folha.
Ele afirmou que chega a ganhar US$ 70 por dia.
Estatística do Secours Catholique, uma instituição de caridade, indica que 25% dos 50 mil atendimentos anuais são prestados a pessoas com menos de 25 anos.
Integração social
A Assembléia Nacional francesa deve votar, esta semana, projeto de lei para melhorar condições de integração social.
O projeto, apresentado pelo governo, se estrutura em cinco pontos: trabalho, direito, habitação, saúde e instituições.
Segundo o primeiro-ministro Alain Juppé, o combate à exclusão social é prioritário.
A intenção do governo é criar, em três anos, 300 mil CIL (Contrato de Iniciativa Local).
São empregos criados por associações e serviços públicos.
Por eles, pessoas que são hoje beneficiadas por programas de seguro-desemprego e de RMI (Renda Mínima de Inserção) retornariam ao mercado de trabalho.
Os contratos seriam financiados pelo próprio governo, a partir de verbas do RMI e outros programas sociais. Em 96, o governo francês aplicou US$ 4,1 milhões no programa de RMI.

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