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LEÃO GULOSO
Receita teve o melhor abril da história e mais de R$ 117 bi em quatro meses; tabela corrigida não reduziu "mordida"
Arrecadação tributária bate novos recordes
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A arrecadação de impostos e
contribuições federais bateu dois
novos recordes: registrou o melhor abril da história e a marca
inédita de R$ 117,05 bilhões nos
quatro primeiros meses do ano.
Contrariando as previsões do governo, a receita do Imposto de
Renda retido na fonte sobre rendimentos do trabalho também
apresentou alta, apesar da correção da tabela do IR em 10%.
De janeiro a abril, o IR retido sobre os salários dos trabalhadores
cresceu, em termos reais, 3,86%
na comparação com igual período de 2004. Desde o final do ano
passado, o governo vinha argumentando que a correção geraria
perda anual de R$ 2,5 bilhões.
"Não quer dizer que erramos ou
chutamos. A projeção é correta se
considerarmos apenas os números do ajuste na tabela. Mas houve
melhoria do emprego e da massa
salarial. Ninguém tem bola de
cristal", disse o secretário-adjunto
da Receita Ricardo Pinheiro.
A nova tabela do IR está em vigor desde janeiro. O governo chegou a editar uma medida provisória (a 232) que, além de reajustar a
tabela, elevava a carga tributária
de alguns setores para compensar
a perda prevista pela Receita.
A MP provocou tanta polêmica
que o próprio Executivo abandonou a idéia de criar os mecanismos de compensação via medida
provisória. A intenção é elaborar
um projeto de lei.
Pinheiro disse que a perda de R$
2,5 bilhões poderá surgir ao longo
do ano, destacando ainda que é
preciso ficar atento à evolução das
despesas do governo. "Receita
não é um dado para ser olhado
isoladamente."
Arrecadação atípica
Em abril, a receita total atingiu
R$ 31,951 bilhões, o que representa aumento real de 8,43% na comparação com abril de 2004. O valor recorde acumulado no ano
-R$ 118,334 bilhões em valores
corrigidos pelo IPCA- representa evolução de 6,01% em relação a
igual período de 2004 (R$ 111,63
bilhões em valores corrigidos).
Entre os fatores que contribuíram para o bom desempenho da
arrecadação no quadrimestre está
o crescimento do IR pago pelas
empresas e da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido).
"Houve a recuperação de alguns
setores que refletiram na receita
de tributos que incidem sobre o
lucro", explicou Pinheiro.
De janeiro a abril, essas receitas
cresceram R$ 1,5 bilhão se comparadas ao primeiro quadrimestre de 2004. Os principais setores
que apresentaram recuperação
foram: extração de minerais metálicos, com aumento de 766%
nos tributos sobre o lucro; telecomunicações, cujo crescimento foi
de 648%; e serviços prestados a
empresas (60%).
Também foi verificada arrecadação atípica referente ao IR das
pessoas físicas sobre os ganhos de
capital na venda de bens e ganhos
líquidos em operações em Bolsa
de Valores. Entre janeiro e abril, a
receita desses itens somou R$ 831
milhões. No ano passado, totalizou R$ 423 milhões.
De acordo com Pinheiro, em
abril apenas um contribuinte pagou R$ 271 milhões em IR por
conta da venda de bens. No final
do dia, a assessoria de imprensa
da Receita disse que esse valor se
refere aos impostos pagos por um
grupo de contribuintes de uma
mesma região.
Já a receita dos ganhos sobre
operações na Bolsa, apenas em
abril, alcançou R$ 169 milhões
-R$ 71 milhões em março deste
ano. A Receita explica que o incremento se deve à mudança na sistemática de cobrança de IR sobre
essas operações. Desde fevereiro,
o imposto (alíquota de 0,005%)
passou a ser retido na fonte.
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