São Paulo, sexta-feira, 20 de maio de 2005

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TRANSAÇÕES CORRENTES

Impulsionado pela balança comercial, resultado positivo já chega a US$ 14,2 bi nos últimos 12 meses

Contas externas têm novo saldo histórico

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Mais uma vez impulsionadas pela balança comercial, as contas externas do Brasil alcançaram, pelo segundo mês consecutivo, resultados recordes. A conta de transações correntes -que inclui as negociações de bens e serviços com outros países- acumulou, nos últimos 12 meses, um saldo positivo de US$ 14,234 bilhões.
O valor, equivalente a 2,21% do PIB (Produto Interno Bruto), é o maior já registrado desde 1947, ano em que se inicia a série história calculada pelo Banco Central para esse indicador.
O resultado só não foi maior por causa do forte aumento nas remessas de lucros e dividendos de empresas multinacionais para o exterior. No mês passado, US$ 1,284 bilhão foi enviado para fora do país, valor 56% maior do que o registrado em abril de 2004.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, afirma que o aumento nas remessas de dividendos reflete o crescimento da economia e a valorização do real: por um lado, a expansão do nível de atividade em 2004 proporcionou lucros maiores para as empresas, permitindo maior envio de recursos ao exterior; por outro, com o câmbio mais valorizado as companhias conseguem, com a mesma quantidade de reais, comprar mais dólares para mandar para suas matrizes.
A conta de transações correntes é formada pela balança comercial (exportações menos importações), balança de serviços (como remessas de lucros, pagamento de juros da dívida externa e gastos com viagens internacionais) e transferências unilaterais (dinheiro enviado ao Brasil por residentes no exterior e vice-versa).
Esse indicador sempre foi negativo no Brasil, graças, em boa parte, aos gastos com juros da dívida externa. No final de 2002, porém, a conta de transações correntes foi impulsionada pela forte desvalorização do real ocorrida na época das eleições para presidente da República e passou a apresentar resultados positivos.
Nos últimos meses, mesmo com a queda do dólar, a balança comercial continua registrando saldos bastante elevados e que ajudam a manter as contas externas no azul. Entre janeiro e abril, as exportações brasileiras superaram as importações em US$ 12,194 bilhões -superávit 50,7% maior do que o apurado no mesmo período de 2004.
Pesquisa feita pelo BC com analistas de mercado mostra que a expectativa do setor privado é que o superávit da balança comercial chegue a US$ 35 bilhões neste ano. Confirmada essa estimativa, aponta o levantamento, a conta de transações correntes encerraria o ano de 2005 com um saldo positivo de US$ 9 bilhões.
Já o balanço de pagamentos, que é a contabilidade de todos os dólares que entram e saem do país, é formado pela soma entre as transações correntes e a conta financeira. Essa última é composta pelos investimentos e empréstimos direcionados ao Brasil por estrangeiros, e vice-versa. Computadas todas essas contas, o balanço de pagamentos registrou um saldo negativo de US$ 509 milhões no mês passado.


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