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TRANSAÇÕES CORRENTES
Impulsionado pela balança comercial, resultado positivo já chega a US$ 14,2 bi nos últimos 12 meses
Contas externas têm novo saldo histórico
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mais uma vez impulsionadas
pela balança comercial, as contas
externas do Brasil alcançaram,
pelo segundo mês consecutivo,
resultados recordes. A conta de
transações correntes -que inclui
as negociações de bens e serviços
com outros países- acumulou,
nos últimos 12 meses, um saldo
positivo de US$ 14,234 bilhões.
O valor, equivalente a 2,21% do
PIB (Produto Interno Bruto), é o
maior já registrado desde 1947,
ano em que se inicia a série história calculada pelo Banco Central
para esse indicador.
O resultado só não foi maior por
causa do forte aumento nas remessas de lucros e dividendos de
empresas multinacionais para o
exterior. No mês passado, US$
1,284 bilhão foi enviado para fora
do país, valor 56% maior do que o
registrado em abril de 2004.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes,
afirma que o aumento nas remessas de dividendos reflete o crescimento da economia e a valorização do real: por um lado, a expansão do nível de atividade em 2004
proporcionou lucros maiores para as empresas, permitindo maior
envio de recursos ao exterior; por
outro, com o câmbio mais valorizado as companhias conseguem,
com a mesma quantidade de
reais, comprar mais dólares para
mandar para suas matrizes.
A conta de transações correntes
é formada pela balança comercial
(exportações menos importações), balança de serviços (como
remessas de lucros, pagamento de
juros da dívida externa e gastos
com viagens internacionais) e
transferências unilaterais (dinheiro enviado ao Brasil por residentes no exterior e vice-versa).
Esse indicador sempre foi negativo no Brasil, graças, em boa parte, aos gastos com juros da dívida
externa. No final de 2002, porém,
a conta de transações correntes
foi impulsionada pela forte desvalorização do real ocorrida na época das eleições para presidente da
República e passou a apresentar
resultados positivos.
Nos últimos meses, mesmo
com a queda do dólar, a balança
comercial continua registrando
saldos bastante elevados e que
ajudam a manter as contas externas no azul. Entre janeiro e abril,
as exportações brasileiras superaram as importações em US$
12,194 bilhões -superávit 50,7%
maior do que o apurado no mesmo período de 2004.
Pesquisa feita pelo BC com analistas de mercado mostra que a
expectativa do setor privado é que
o superávit da balança comercial
chegue a US$ 35 bilhões neste
ano. Confirmada essa estimativa,
aponta o levantamento, a conta
de transações correntes encerraria o ano de 2005 com um saldo
positivo de US$ 9 bilhões.
Já o balanço de pagamentos,
que é a contabilidade de todos os
dólares que entram e saem do
país, é formado pela soma entre as
transações correntes e a conta financeira. Essa última é composta
pelos investimentos e empréstimos direcionados ao Brasil por
estrangeiros, e vice-versa. Computadas todas essas contas, o balanço de pagamentos registrou
um saldo negativo de US$ 509 milhões no mês passado.
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