São Paulo, sábado, 20 de julho de 2002

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VÔO PARA A SEGURANÇA

Envio por intermédio das contas CC-5 chega a US$ 690 mi nas duas primeiras semanas do mês

Cresce remessa de dinheiro para o exterior

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O volume de dinheiro mandado para fora do país registrou forte crescimento no início deste mês, segundo dados do Banco Central. As remessas líquidas para o exterior feitas por meio de contas CC-5 (contas de pessoas ou empresas residentes ou instaladas no exterior) nas duas primeiras semanas deste mês ficaram em US$ 690 milhões.
As remessas de recursos feitas pelas CC-5 no início deste mês são quase quatro vezes superior aos US$ 185 milhões que deixaram o país por esse mecanismo no mesmo período do ano passado. O volume registrado até agora é superior ao total de remessas feitas ao longo de todo o mês de junho, quando foram enviados US$ 605 milhões para o exterior.
No ano, já foram US$ 3,27 bilhões que deixaram o país por meio das CC-5. O valor é 17% maior do que o registrado no mesmo período de 2001.
Em momentos de maior nervosismo, o envio de dinheiro para fora do país por meio das contas CC-5 costuma aumentar. Quando há dúvidas sobre os rumos da economia brasileira, pessoas e empresas vêem nesse mecanismo uma maneira de proteger seus investimentos.
Além disso, não é preciso informar ao BC o motivo da remessa. Basta que os destinatários dos recursos sejam identificados para possibilitar um eventual rastreamento do dinheiro.
O envio de recursos para o exterior ajuda a pressionar a cotação do dólar. Além das saídas pelas contas CC-5, as operações financeiras (empréstimos externos e ingressos de investimentos estrangeiros, entre outras) também registraram saldo negativo nas primeiras duas semanas do mês, pressionando a cotação da moeda dos EUA.
Essas operações foram responsáveis por uma saída de US$ 878 milhões no período. Nas primeiras duas semanas de julho do ano passado, a movimentação havia sido positiva em US$ 50 milhões. O resultado reflete a dificuldade que as empresas brasileiras têm enfrentado para renovar as dívidas contraídas no exterior.
Os bancos estrangeiros reduziram a quantidade de linhas de crédito direcionadas ao Brasil. Com isso, as empresas não conseguem rolar suas dívidas e são obrigadas a enviar dinheiro para o exterior para quitar obrigações.
Até agora, porém, a maior parte das remessas de dólares para o exterior tem sido compensada pelo melhora no resultado da balança comercial.



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