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São Paulo, domingo, 20 de julho de 2003

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Profissão de catador atrai família

DA REPORTAGEM LOCAL

Primeiro foi uma irmã. Depois, ele. Mais tarde, a mulher. Seguiram-no outra irmã, o genro e três sobrinhos. Os novatos são um irmão e outro sobrinho, recém-chegados de Palmares, interior de Pernambuco. Ao todo, dez pessoas da família de José Marcolino da Silva, 46, somado o próprio, trabalham como catadores de resíduos no centro de São Paulo.
Há 28 anos na cidade, o relato de Silva em pouco difere do da maioria dos carroceiros: foi ajudante e soldador em uma metalúrgica e prensista em indústria de embalagem. O último emprego, há dez anos, em uma tecelagem, rendia cerca de R$ 700.
Conta que, demitido, passou mais de um ano à procura de um trabalho registrado até decidir comprar um cavalo e uma carroça e recolher sucata em Ferraz de Vasconcelos (Grande São Paulo).
Migrou para a região da Sé, em 99, influenciado pela irmã mais velha, Maria Lúcia, ex-faxineira, que estava na região havia nove anos como catadora. Maria Lúcia ganhava quatro vezes mais que o ex-metalúrgico. "Quando vim para o centro tinha muito material disponível e pouco carroceiro", diz Silva. Hoje, na área que atua, concorre com outros seis carroceiros. Ele e a mulher ganham juntos R$ 600 por mês.
O ex-metalúrgico e sete familiares são membros da Recifran, cooperativa de catadores, instalada debaixo de um viaduto. O irmão e o sobrinho estão na fila para entrarem na cooperativa. Por ora, trabalham como "avulsos", vendendo material para os cerca de 20 ferros-velhos da região -e que pagam 30% menos que recebem os cooperativistas.
A disputa entre os catadores obriga o estabelecimento de regras de convivência: não se pode coletar material em ponto que pertence a outro. Desrespeitar a norma significa ser expulso do ponto pelos parceiros. (JAD E LV)

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