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COMUNICAÇÃO & MERCADO
O consumidor móvel
HELCIO EMERICH
De acordo com um estudo
do BIS Strategic Decisions,
instituto de pesquisas de marketing com sede na cidade de
Norwell, Massachusetts, os
norte-americanos fizeram em
1997 um total de 155 milhões
de viagens a serviço de suas
empresas.
Ainda segundo o BIS, três
entre quatro dos 37 milhões
de profissionais empregados
nos Estados Unidos passaram
fora dos escritórios pelo menos 20% do seu tempo de trabalho.
Um funcionário em trânsito
pode parecer um consumidor
igual a qualquer outro, mas
muitos anunciantes, além das
agências de viagens, estão direcionando o seu marketing
para essa nova classe de compradores, a dos chamados
"clientes móveis".
É claro que entre as empresas mais interessadas em
atrair a preferência dos viajantes estão aquelas que operam no mercado da "tecnologia móvel".
Nem poderia ser diferente:
em 1993, foram vendidos nos
Estados Unidos 2,8 milhões de
notebooks, e, para este ano, a
previsão é que as vendas atinjam 6,3 milhões de unidades.
No mesmo período, as vendas de telefones celulares saltarão de 13 milhões para 33
milhões de unidades.
Mesmo a comercialização
de sistemas de comunicação
que não se enquadram na categoria high-tech está em
franca expansão (em 98 o número de assinantes dos serviços de "paging" deverá chegar
a 37 milhões).
É possível estabelecer, por
exemplo, uma comparação
entre a figura do caixeiro-viajante dos anos 50 com o profissional de vendas dos dias
atuais.
Enquanto o primeiro percorria as ruas equipado apenas com uma pasta, formulários de pedidos e um sapato
com sola reforçada de borracha, o típico "salesman" de
hoje carrega no carro telefone
celular, laptop, modem para
expedir e receber e-mail, fax e
até impressora.
Mas o perfil e as necessidades do "consumidor móvel"
não são um desafio apenas
para o marketing dos fabricantes das traquitanas eletrônicas. Recentemente, em entrevista a uma revista de negócios dos EUA, Darryl Hartley-Leonard, presidente da
cadeia de hotéis Marriot, dizia estar inteiramente superado o antigo conceito segundo
o qual um hotel para executivos deveria fazer o hóspede
"sentir-se em casa". Na sua
opinião, os profissionais em
viagem querem se mostrar tão
produtivos como nos seus escritórios. Por uma taxa adicional de US$ 15 na diária, 80
hotéis da Marriot já oferecem
apartamentos em "office centers" (computador, acesso 24
horas a impressoras, copiadoras e outras facilidades). A rede concorrente Hilton também criou um pacote para
executivos, que inclui um sistema de "check-in" instantâneo e emissão de fax e chamadas telefônicas grátis dentro
do território americano.
As salas "vip" das companhias de aviação nos aeroportos seguem o mesmo caminho:
aos poucos, o clima de "relax"
vai sendo substituído por ambientes de trabalho.
Helcio Emerich é jornalista, publicitário e
vice-presidente da agência Almap/BBDO.
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