São Paulo, segunda, 20 de julho de 1998

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COMUNICAÇÃO & MERCADO
O consumidor móvel

HELCIO EMERICH

De acordo com um estudo do BIS Strategic Decisions, instituto de pesquisas de marketing com sede na cidade de Norwell, Massachusetts, os norte-americanos fizeram em 1997 um total de 155 milhões de viagens a serviço de suas empresas.
Ainda segundo o BIS, três entre quatro dos 37 milhões de profissionais empregados nos Estados Unidos passaram fora dos escritórios pelo menos 20% do seu tempo de trabalho.
Um funcionário em trânsito pode parecer um consumidor igual a qualquer outro, mas muitos anunciantes, além das agências de viagens, estão direcionando o seu marketing para essa nova classe de compradores, a dos chamados "clientes móveis".
É claro que entre as empresas mais interessadas em atrair a preferência dos viajantes estão aquelas que operam no mercado da "tecnologia móvel".
Nem poderia ser diferente: em 1993, foram vendidos nos Estados Unidos 2,8 milhões de notebooks, e, para este ano, a previsão é que as vendas atinjam 6,3 milhões de unidades.
No mesmo período, as vendas de telefones celulares saltarão de 13 milhões para 33 milhões de unidades.
Mesmo a comercialização de sistemas de comunicação que não se enquadram na categoria high-tech está em franca expansão (em 98 o número de assinantes dos serviços de "paging" deverá chegar a 37 milhões).
É possível estabelecer, por exemplo, uma comparação entre a figura do caixeiro-viajante dos anos 50 com o profissional de vendas dos dias atuais.
Enquanto o primeiro percorria as ruas equipado apenas com uma pasta, formulários de pedidos e um sapato com sola reforçada de borracha, o típico "salesman" de hoje carrega no carro telefone celular, laptop, modem para expedir e receber e-mail, fax e até impressora.
Mas o perfil e as necessidades do "consumidor móvel" não são um desafio apenas para o marketing dos fabricantes das traquitanas eletrônicas. Recentemente, em entrevista a uma revista de negócios dos EUA, Darryl Hartley-Leonard, presidente da cadeia de hotéis Marriot, dizia estar inteiramente superado o antigo conceito segundo o qual um hotel para executivos deveria fazer o hóspede "sentir-se em casa". Na sua opinião, os profissionais em viagem querem se mostrar tão produtivos como nos seus escritórios. Por uma taxa adicional de US$ 15 na diária, 80 hotéis da Marriot já oferecem apartamentos em "office centers" (computador, acesso 24 horas a impressoras, copiadoras e outras facilidades). A rede concorrente Hilton também criou um pacote para executivos, que inclui um sistema de "check-in" instantâneo e emissão de fax e chamadas telefônicas grátis dentro do território americano.
As salas "vip" das companhias de aviação nos aeroportos seguem o mesmo caminho: aos poucos, o clima de "relax" vai sendo substituído por ambientes de trabalho.


Helcio Emerich é jornalista, publicitário e vice-presidente da agência Almap/BBDO.



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