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POLÍTICA ECONÔMICA
Presidente do Banco Central repete que nível de reservas aguenta remessas de US$ 1 bi ou US$ 10 bi
Saída de dólares era esperada, diz Franco
CARI RODRIGUES
enviada especial a Porto Alegre
O presidente do Banco Central,
Gustavo Franco, afirmou ontem
que US$ 1 bilhão deixou o país na
última terça-feira, mas minimizou
a importância da saída de recursos
externos ao responder a perguntas
de empresários reunidos na Federasul (Federação das Associações
Comerciais do Rio Grande do
Sul), em Porto Alegre (RS).
"Nosso nível de reservas é capaz
de aguentar saídas de US$ 1 bilhão, US$ 2 bilhões, US$ 5 bilhões,
US$ 10 bilhões. Isso não nos traz
preocupação", afirmou. As reservas fecharam o mês de junho em
pouco mais de US$ 70 bilhões.
Franco disse que a saída registrada no dia 18 estava prevista e refere-se a operações de curto prazo
(geralmente recursos que ingressam no país para lucrar com o diferencial de juros).
Nos primeiros 18 dias do mês,
deixaram o país US$ 3,576 bilhões,
segundo números oficiais do BC e
dados obtidos no mercado. O número mais aproximado de saída
registrada anteontem foi de US$
1,026 bilhão. No mês passado, ingressaram no país US$ 4,9 bilhões.
Essa entrada foi impulsionada pela privatização da Telebrás.
Os dólares estão deixando o país
pelo segmento de taxas livres, que
opera com moeda estrangeira para
comércio exterior (exportações e
importações) e operações financeiras (investimentos diretos,
ações, fundos).
Anteontem, deixaram o país
US$ 2,669 bilhões pelo mercado
de taxas livres. Grande parte desses recursos se refere a vencimentos de títulos de empresas privadas
lançados no exterior para captar
recursos.
Como os compradores dos papéis estão exigindo juros mais altos para comprar os papéis brasileiros, devido à crise externa, os
tomadores estão quitando as operações e remetendo o dinheiro para fora do país.
Outra parte corresponde ao vencimento das operações conhecidas
como "63 caipira" -empréstimos tomados no exterior, teoricamente destinados à agricultura,
mas que podem ser aplicados em
títulos com correção cambial.
O diretor de Assuntos Internacionais do BC, Demósthenes Madureira de Pinho Neto, disse ontem que já estavam previstas saídas de recursos externos em agosto e setembro, quando vencem essas operações.
Ontem, Pinho Neto mudou a estimativa do valor dos empréstimos externos feitos por meio dessa modalidade que vencem neste
mês e em setembro. Inicialmente,
o BC havia dito que esse valor era
de US$ 4 bilhões, depois passou
para US$ 4,5 bilhões e, ontem, aumentou para US$ 5 bilhões.
Apesar das dificuldades para rolagem de empréstimos tomados
no exterior, admitida anteontem
por Franco, o diretor de Assuntos
Internacionais do BC disse que
não vê nada no cenário externo
"que nos faça sair do rumo da política monetária". Ele se referia a
mudanças na trajetória dos juros.
Pinho Neto disse que as reservas
devem "flutuar" em torno dos
US$ 70 bilhões nos próximos dois
meses, mas não quis adiantar números. "Seria fútil prever em
quanto poderão fechar as reservas
em agosto", afirmou.
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