São Paulo, quinta, 20 de agosto de 1998

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'Risco Brasil' cresce, avalia banco inglês

ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local

O déficit fiscal acumulado de 7,1% do PIB de maio de 97 a maio de 98 -o "calcanhar de aquiles" da economia brasileira- aumenta substancialmente a percepção do "risco Brasil" e deixa o país exposto a um choque externo na esteira da débâcle da Rússia, de acordo com o Dresdner Kleinwort Benson, de Londres.
No último relatório do banco de investimentos londrino sobre a economia latino-americana, a avaliação do "risco Brasil" passou de "sinal verde" para "sinal amarelo" devido à prolongada crise na Ásia, agravada pela moratória russa, o que, diz o documento, manterá o ambiente externo "extremamente difícil" nos próximos 12 meses.
Segundo a instituição, a afirmação do ministro Pedro Malan, segundo a qual os dolorosos efeitos colaterais das medidas tomadas pelo Brasil para combater o contágio asiático estariam chegando ao fim, pode não passar de uma "errônea identificação dos próprios desejos com a realidade".
"Contra esse pano de fundo, o adiamento da reforma da Previdência Social é uma grande decepção porque amplia o prazo para um mais do que necessário ajuste fiscal e reduz a resistência do Brasil ao contágio asiático."
O Dresdner Kleinwort Benson diz que um profundo "choque fiscal" deve ser a prioridade, uma vez passadas as eleições de outubro, para desativar a "bomba-relógio" do déficit fiscal que ameaça os alicerces do Plano Real.
O Dresdner aponta o excelente desempenho do país no controle da inflação (a taxa anual de 1% em julho deste ano é a menor dos últimos 49 anos), área na qual o país alcançou resultados melhores do que os EUA e a Argentina.
"O presidente, que acreditamos será reeleito em outubro, deveria usar o sucesso da estabilização para atacar a faceta menos atraente do desempenho recente do Brasil, que é a fragilidade fiscal."



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