São Paulo, segunda, 20 de outubro de 1997.




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COMUNICAÇÃO & MERCADO
Cerveja, aviões e sorteios

HELCIO EMERICH
Bill Clinton pediu que lhe servissem, na suíte do Sheraton Mofarrej, uma "cerveja brasileira". Garçons levaram cinco marcas: Antarctica, Brahma, Bavária, Cerpa e Carlsberg.
Não se sabe qual foi a escolhida, mas, para quem está acostumado a tomar Budweiser, qualquer uma das cinco, mesmo não chegando aos pés das cervejas alemãs, belgas ou mesmo australianas, deve ter descido pela garganta presidencial como uma autêntica Cristal Roederer Brut.
A queda do avião Fokker-100, no vôo 402 da TAM que matou 99 pessoas em São Paulo, completará um ano no dia 31 deste mês e até agora, num desrespeito inominável para com as famílias das vítimas, não veio a público o laudo do Cenipa (Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes do Ministério da Aeronáutica) sobre as causas do acidente.
Não se sabe como o órgão investiga e menos ainda o que previne em matéria de desastres aéreos, mas essa catimba na divulgação do relatório é mais uma razão para que a aviação civil brasileira seja desmilitarizada. Se, como diz o nome, é civil, por que continuar tutelada pela Aeronáutica?

A partir de reportagens publicadas pela Folha (e foi aqui na coluna que o assunto foi levantado pela primeira vez), o Ministério da Justiça resolveu nomear uma comissão para investigar o esquema de sorteios de prêmios que hoje infesta a programação da TV brasileira.
Com pequenas variações, a milionária arrecadação mensal do telecassino tem geralmente a seguinte destinação filantrópica: 40% para as emissoras, 25% para a Embratel, 15% para as empresas de promoção, 10% para as companhias telefônicas, 5% para a compra de prêmios, 3% para impostos e taxas e 2% para as entidades assistenciais, em cujo nome a jogatina é implantada.
Só que o secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça, Ruy Coutinho, escolhido para chefiar a comissão, já declarou que só tem três funcionários para cuidar dos sorteios. O que ninguém entendeu: por que a fiscalização dos sorteios foi transferida da Receita para a Justiça?

Não entendo de design ou de estilo de automóveis. E, afinal, a opinião não é só minha. A grade dianteira do novo Corolla, da Toyota, um dos carros mais vendidos no mundo, lembra muito um ralador de queijo.


Helcio Emerich é jornalista, publicitário e vice-presidente da agência Almap/BBDO.



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