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COMUNICAÇÃO & MERCADO
Cerveja, aviões e sorteios
HELCIO EMERICH
Bill Clinton pediu que lhe servissem, na suíte do Sheraton Mofarrej, uma "cerveja brasileira".
Garçons levaram cinco marcas:
Antarctica, Brahma, Bavária,
Cerpa e Carlsberg.
Não se sabe qual foi a escolhida, mas, para quem está acostumado a tomar Budweiser, qualquer uma das cinco, mesmo não
chegando aos pés das cervejas
alemãs, belgas ou mesmo australianas, deve ter descido pela garganta presidencial como uma autêntica Cristal Roederer Brut.
A queda do avião Fokker-100, no
vôo 402 da TAM que matou 99
pessoas em São Paulo, completará um ano no dia 31 deste mês e
até agora, num desrespeito inominável para com as famílias das
vítimas, não veio a público o laudo do Cenipa (Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes
do Ministério da Aeronáutica)
sobre as causas do acidente.
Não se sabe como o órgão investiga e menos ainda o que previne
em matéria de desastres aéreos,
mas essa catimba na divulgação
do relatório é mais uma razão
para que a aviação civil brasileira seja desmilitarizada. Se, como
diz o nome, é civil, por que continuar tutelada pela Aeronáutica?
A partir de reportagens publicadas pela Folha (e foi aqui na coluna que o assunto foi levantado
pela primeira vez), o Ministério
da Justiça resolveu nomear uma
comissão para investigar o esquema de sorteios de prêmios que
hoje infesta a programação da
TV brasileira.
Com pequenas variações, a milionária arrecadação mensal do
telecassino tem geralmente a seguinte destinação filantrópica:
40% para as emissoras, 25% para
a Embratel, 15% para as empresas de promoção, 10% para as
companhias telefônicas, 5% para
a compra de prêmios, 3% para
impostos e taxas e 2% para as
entidades assistenciais, em cujo
nome a jogatina é implantada.
Só que o secretário de Direito
Econômico do Ministério da Justiça, Ruy Coutinho, escolhido para chefiar a comissão, já declarou
que só tem três funcionários para
cuidar dos sorteios. O que ninguém entendeu: por que a fiscalização dos sorteios foi transferida
da Receita para a Justiça?
Não entendo de design ou de estilo de automóveis. E, afinal, a opinião não é só minha. A grade
dianteira do novo Corolla, da Toyota, um dos carros mais vendidos no mundo, lembra muito um
ralador de queijo.
Helcio Emerich é jornalista, publicitário e vice-presidente da agência Almap/BBDO.
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