São Paulo, sábado, 20 de outubro de 2007

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Pessimismo sobre os EUA derruba Bolsas

Balanços negativos de empresas e preocupação com o petróleo, que chegou a bater em US$ 90, afetam mercados; Bovespa cai 3,7%

Em NY, Dow Jones tem queda de 2,6%, sob o temor de que economia americana possa entrar em recessão; dólar retorna a R$ 1,80

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Passados exatos 20 anos do crash da Bolsa de Nova York, o mercado financeiro global teve ontem um dia bastante ruim. Prejudicadas pela escalada do petróleo, notícias corporativas desfavoráveis e pessimismo em relação ao futuro da economia norte-americana, as Bolsas de Valores tiveram quedas nos principais centros financeiros.
Para a Bovespa, que se manteve "colada" no desempenho do mercado acionário americano, as perdas no último pregão da semana ficaram em 3,74%.
Em Wall Street, o índice Dow Jones, que reúne as ações americanas mais negociadas, teve queda de 2,64%. A Bolsa eletrônica Nasdaq caiu 2,65%.
O dólar, que na quinta-feira fechou vendido a R$ 1,788, no menor valor desde 31 de julho de 2000, subiu ontem. Mesmo com o mercado internacional de mau humor, o Banco Central brasileiro realizou leilão para comprar moeda das instituições financeiras. No fim do dia, o dólar era negociado a R$ 1,804, em alta de 0,89%.
O barril de petróleo chegou a bater em inéditos US$ 90 em Nova York durante o dia e assustou analistas e investidores. No final do pregão, recuou e fechou a US$ 88,60, com queda de 0,97% em relação a quinta. No início do mês, o barril estava cotado em US$ 81,93.
O cenário é especialmente preocupante para a economia americana, pois pode se refletir em queda no consumo, o que amplia a possibilidade de uma indesejada recessão.
Junto a isso, petróleo em alta tende a ampliar as pressões inflacionárias. E, se a alta da inflação nos EUA estiver no centro da pauta de preocupações do Fed (o banco central americano), diminuem as chances de haver um novo corte na taxa básica do país.
"Em um dia sem dados econômicos relevantes, a cotação do petróleo e resultados corporativos trouxeram volatilidade aos mercados, com a Bolsa brasileira seguindo o movimento dos mercados americanos", diz André Segadilha, gerente de análise da Prosper Corretora.
Os dirigentes do Fed se reunirão no dia 31 deste mês para definir como fica a taxa básica de juros americana, que está em 4,75% anuais. Parte do mercado ainda confia na possibilidade de a taxa americana ser reduzida. Outra parcela já trabalha com um cenário de manutenção dos juros.
Em setembro, os juros americanos foram reduzidos de 5,25% para 4,75%, animando as Bolsas pelo mundo. Para as Bolsas de Valores e os mercados emergentes, quanto mais baixas as taxas de juros nos Estados Unidos, melhor.
No setor corporativo, desagradou o alerta da Caterpillar, fabricante de equipamentos pesados, que avaliou que a crise de crédito imobiliário está contaminando outros segmentos da economia, com os EUA podendo estar "perto ou mesmo em recessão" em 2008.
O resultado abaixo do esperado divulgado pelo norte-americano Wachovia no trimestre também foi mal recebido. Os papéis do banco caíram mais de 3% em Wall Street. Nesta semana, grandes instituições financeiras, como o Citigroup e o Bank of America, mostraram queda em seus lucros do terceiro trimestre.
Na Europa, o dia também foi de venda de ações. O índice FTSEurofirst 300, que reúne as ações das maiores empresas européias, recuou 0,56%, ao menor nível em duas semanas. A Bolsa de Londres caiu 1,23%.
A forte queda da Bovespa ontem quase que anulou seus ganhos acumulados no mês até então. Em outubro, a alta agora é de apenas 0,71%.


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