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Pessimismo sobre os EUA derruba Bolsas
Balanços negativos de empresas e preocupação com o petróleo, que chegou a bater em US$ 90, afetam mercados; Bovespa cai 3,7%
Em NY, Dow Jones tem queda de 2,6%, sob o temor de que economia americana possa entrar em recessão; dólar retorna a R$ 1,80
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Passados exatos 20 anos do
crash da Bolsa de Nova York, o
mercado financeiro global teve
ontem um dia bastante ruim.
Prejudicadas pela escalada do
petróleo, notícias corporativas
desfavoráveis e pessimismo em
relação ao futuro da economia
norte-americana, as Bolsas de
Valores tiveram quedas nos
principais centros financeiros.
Para a Bovespa, que se manteve "colada" no desempenho
do mercado acionário americano, as perdas no último pregão
da semana ficaram em 3,74%.
Em Wall Street, o índice Dow
Jones, que reúne as ações americanas mais negociadas, teve
queda de 2,64%. A Bolsa eletrônica Nasdaq caiu 2,65%.
O dólar, que na quinta-feira
fechou vendido a R$ 1,788, no
menor valor desde 31 de julho
de 2000, subiu ontem. Mesmo
com o mercado internacional
de mau humor, o Banco Central brasileiro realizou leilão
para comprar moeda das instituições financeiras. No fim do
dia, o dólar era negociado a R$
1,804, em alta de 0,89%.
O barril de petróleo chegou a
bater em inéditos US$ 90 em
Nova York durante o dia e assustou analistas e investidores.
No final do pregão, recuou e fechou a US$ 88,60, com queda
de 0,97% em relação a quinta.
No início do mês, o barril estava
cotado em US$ 81,93.
O cenário é especialmente
preocupante para a economia
americana, pois pode se refletir
em queda no consumo, o que
amplia a possibilidade de uma
indesejada recessão.
Junto a isso, petróleo em alta
tende a ampliar as pressões inflacionárias. E, se a alta da inflação nos EUA estiver no centro
da pauta de preocupações do
Fed (o banco central americano), diminuem as chances de
haver um novo corte na taxa
básica do país.
"Em um dia sem dados econômicos relevantes, a cotação
do petróleo e resultados corporativos trouxeram volatilidade
aos mercados, com a Bolsa brasileira seguindo o movimento
dos mercados americanos", diz
André Segadilha, gerente de
análise da Prosper Corretora.
Os dirigentes do Fed se reunirão no dia 31 deste mês para
definir como fica a taxa básica
de juros americana, que está
em 4,75% anuais. Parte do mercado ainda confia na possibilidade de a taxa americana ser
reduzida. Outra parcela já trabalha com um cenário de manutenção dos juros.
Em setembro, os juros americanos foram reduzidos de
5,25% para 4,75%, animando as
Bolsas pelo mundo. Para as
Bolsas de Valores e os mercados emergentes, quanto mais
baixas as taxas de juros nos Estados Unidos, melhor.
No setor corporativo, desagradou o alerta da Caterpillar,
fabricante de equipamentos
pesados, que avaliou que a crise
de crédito imobiliário está contaminando outros segmentos
da economia, com os EUA podendo estar "perto ou mesmo
em recessão" em 2008.
O resultado abaixo do esperado divulgado pelo norte-americano Wachovia no trimestre também foi mal recebido. Os papéis do banco caíram
mais de 3% em Wall Street.
Nesta semana, grandes instituições financeiras, como o Citigroup e o Bank of America,
mostraram queda em seus lucros do terceiro trimestre.
Na Europa, o dia também foi
de venda de ações. O índice
FTSEurofirst 300, que reúne as
ações das maiores empresas
européias, recuou 0,56%, ao
menor nível em duas semanas.
A Bolsa de Londres caiu 1,23%.
A forte queda da Bovespa ontem quase que anulou seus ganhos acumulados no mês até
então. Em outubro, a alta agora
é de apenas 0,71%.
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