São Paulo, sábado, 20 de outubro de 2007

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Greenspan faz críticas à criação de superfundo

Para ex-presidente do BC dos EUA, proposta poderia criar efeito "adverso" nos mercados, afastando os compradores

Fundo de US$ 75 bilhões seria formado por Citigroup, Bank of America e J.P. Morgan Chase e conta com o apoio do Tesouro dos EUA

DA REDAÇÃO

O ex-presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) Alan Greenspan fez uma série de ressalvas sobre a criação de um "superfundo" de investimento pelos grandes bancos americanos. Para ele, a criação desse fundo poderia impedir o mercado de estabelecer os preços reais de títulos lastreados em ativos.
"Não está claro para mim que os benefícios [da criação do fundo] superarão os riscos", afirmou Greenspan em entrevista à revista "Emerging Markets". "Eu já tive os dois tipos de experiência com esse tipo de intervenção."
Segundo ele, a criação do fundo com ativos de mais de US$ 75 bilhões por parte de Citigroup, Bank of America e J.P. Morgan Chase -com apoio do Tesouro americano- poderia diminuir a confiança nos mercados de crédito.
Esse fundo compraria ativos de fundos que estão com problemas, em uma tentativa de diminuir o impacto na economia dos EUA da crise no mercado de crédito imobiliário "subprime" (para pessoas com histórico ruim de pagamento).
Para o ex-comandante do banco central americano, que atualmente trabalha como consultor de várias instituições financeiras, como o Deutsche Bank, a criação do fundo poderia ter um efeito "adverso", levando os investidores a acreditar que os preços dos ativos estariam fortalecidos devido a "alguma força artificial de fora do mercado". Na opinião de Greenspan, esse plano poderia impedir que as forças de mercado agissem para que os preços caíssem o suficiente para atrair compradores.
A idéia da criação do "superfundo" se tornou pública no início desta semana e já foi criticada, entre outros, pelo investidor Warren Buffett, o terceiro homem mais rico do mundo segundo a "Forbes", e por Bill Gross, administrador do fundo Pimco, um dos maiores de títulos do mundo. Para Gross, a proposta é "bem idiota".
O sucessor de Greenspan no Federal Reserve, Ben Bernanke, ainda não comentou sobre o plano de criação do fundo.
Em evento ontem, ele discursou sobre a necessidade de uma ação mais forte de bancos centrais para minimizar as conseqüências de cenários econômicos desastrosos, mesmo naqueles com pequena probabilidade de acontecerem.


Com o "Financial Times"

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