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Mantega vê equívoco em previsões do FMI
Fundo diz que o Brasil crescerá menos do que a estimativa do governo; para o ministro da Fazenda, "o Natal será muito rico"
Para o Fundo, país crescerá 4,4% neste ano e 4% em 2008; Mantega prevê avanços entre 4,7% e 4,8%
e 5%, respectivamente
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) criticou ontem as
previsões do FMI (Fundo Monetário Internacional) para a
economia brasileira e afirmou
que o Brasil terá, em 2007, "o
melhor Natal dos últimos tempos".
"Tudo indica que nosso crescimento atingirá entre 4,7% e
4,8% em 2007. No ano que vem,
não há razão para não crescermos 5%", disse Mantega. Pelas
previsões do FMI, o Brasil cresceria 4,4% neste ano e 4% no
próximo.
"O FMI fez uma análise equivocada da dinâmica da economia brasileira. Demonstra um
desconhecimento do que está
acontecendo no Brasil, que está
crescendo de forma robusta,
impulsionado por um mercado
interno crescente. Isso vai desembocar no melhor Natal dos
últimos tempos. Vamos ter um
Natal muito rico no final de
2007", disse.
"A economia está aquecida,
com o setor de construção civil
aumentando sua produção e
com nível de investimento bastante elevado. Não há nenhuma
razão para haver desaceleração
da economia em 2008."
Mantega também criticou o
FMI por considerar "lento" o
processo de mudanças empreendido para tentar aumentar a participação dos emergentes nas decisões do órgão. Para
Mantega, o FMI corre o risco
de "perecer". Ele chegou a afirmar que um dos indicativos de
que o Fundo talvez esteja disposto a mudar é que o atual diretor-gerente, Rodrigo de Rato,
estaria "abandonando" o cargo.
"Rato sai do cargo antes do final do mandato. Não sei os motivos. As mudanças estão aparecendo. A questão é se vão
aparecer antes de o Fundo perder sua credibilidade", disse.
Um dia antes, Rato havia dito
que "não é inteligente" criticar
o FMI. O espanhol Rato alegou
razões pessoais para deixar o
cargo nas próximas semanas e
será substituído pelo ex-ministro francês das Finanças Dominique Strauss-Kahn.
Questionado se estaria pregando o afastamento do Brasil
do Fundo, ele disse: "Queremos
que o Fundo se modifique. O
FMI está em crise hoje, e é uma
crise de identidade de função.
Ele foi pensado para ajudar os
países emergentes, que hoje
precisam menos de ajuda. Foi
criado como instrumento dos
países avançados para ditar políticas. Essa função não é mais
admissível. Ou o Fundo se moderniza ou vai cair em desuso,
não vai servir para nada."
Antes da posse do presidente
Lula, em 2003, o FMI fez o
maior empréstimo de sua história ao Brasil, de US$ 30 bilhões. Depois da posse, o governo Lula seguiu todas as regras
do Fundo, inclusive aumentando além do estipulado o superávit fiscal (economia de gastos)
para pagar juros de sua dívida,
até estabilizar a economia.
Mantega também se reuniu
ontem com os membros do
chamado G4 (Brasil, China, Índia e África do Sul) para discutir formas de pressão para levar
adiante as mudanças no Fundo
e tentar uma forma de se integrar ao G7 (grupo dos sete países mais ricos do mundo -Canadá, França, Alemanha, EUA,
Japão, Reino Unido e Itália).
No final da tarde de ontem,
os membros do chamado G24,
do qual o Brasil participa, emitiram comunicado com as mesmas cobranças feitas por Mantega, porém em tom diplomático e bem mais ameno.
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