São Paulo, sábado, 20 de outubro de 2007

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UBS Pactual fará gestão de ativos no México

Operação é primeira incursão na América Latina

CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O UBS Pactual irá abrir uma operação de asset management (administração de ativos) no México. Quarta maior gestora de recursos do Brasil, atrás apenas do Banco do Brasil, do Itaú e do Bradesco, o UBS Pactual tem, até setembro, R$ 87,3 bilhões sob sua gestão no país.
Essa será a primeira incursão da equipe brasileira em outro país, depois que o UBS adquiriu o Pactual, há dez meses, e a operação local tornou-se responsável pela América Latina.
"O Brasil responde por pouco mais de 80% da indústria de fundos na América Latina, e o México, o segundo maior mercado, por outros 10%", diz Rodrigo Xavier, diretor da área de asset management do UBS Pactual. "Não dá para pensar em ser um competidor regional sem estar no México."
Depois de o UBS ter conseguido a autorização para operar como banco no México no início do ano, o UBS Pactual pediu permissão, na Comisión Nacional Bancaria y de Valores (a CVM mexicana), para operar no país com gestão de ativos. A expectativa é que a área comece a funcionar no primeiro trimestre do ano que vem.
O UBS Pactual já contratou dois executivos mexicanos, que estão tomando contato com o "estilo Pactual" de gestão. Participam de reuniões e conferências nas quais conhecem o modelo de negócios que Xavier define como "voltado para a meritocracia e o empreendedorismo". E que os concorrentes preferem designar como de "altíssima agressividade e devoção integral" ao banco.
Tal modelo levou o UBS Pactual a se tornar o maior banco de investimentos do país, segundo a Thomson Financial. Na área de gestão de fortunas, fica na segunda posição, atrás apenas do Itaú, segundo a Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).
Já o desempenho na área de gestão de ativos virou exemplo para o controlador suíço. Atingido pela crise dos "subprime", as hipotecas de alto risco nos EUA, o banco reuniu, no fim de semana passado, seus principais executivos na Suíça. Em pauta, orientações para reverter o primeiro prejuízo trimestral em nove anos e superar as dificuldades que levaram ao corte de 1.500 funcionários.
"O Brasil foi citado como exemplo tanto na reunião quanto no último balanço do UBS", afirma Xavier.
A operação de gestão de recursos, particularmente, foi destacada várias vezes no balanço. Motivo: repetiu o desempenho dos últimos sete anos no Brasil. De 2001 para cá, o crescimento médio anual dos ativos a cargo do Pactual foi superior a 50%, em média, ao ano.
"O brasileiro está começando a planejar o futuro e seus investimentos, como se faz em outros países do mundo", afirma William Eid Junior, coordenador do centro de estudos em finanças da FGV. "Os bancos mais agressivos estão encontrando muitas oportunidades."
A ida ao México é parte da estratégia de manter o ritmo de crescimento. Enquanto a indústria de fundos de investimento mexicana tem US$ 55 bilhões em ativos, a brasileira é 14 vezes maior. "O mercado mexicano lembra o brasileiro dez anos atrás", diz Xavier.
Segundo ele, apesar das facilidades da operação remota no mercado de capitais, o ponto de vista local para a gestão de recursos é importante. "Isso não significa que abriremos escritórios na Argentina e no Chile", diz ele. "A relação custo-benefício tem de valer a pena."
Outra linha de crescimento é estreitar a sinergia entre as três áreas de atuação do UBS Pactual: banco de investimento, gestão de fortuna e administração de ativos.

Conflito de interesses
Concorrentes dizem que o procedimento gera conflito de interesses. Isso porque o banco que intermedeia empréstimos, faz aberturas de capital, gere fortunas e atua como formador de mercado, entre outras atividades, tem seu ganho atrelado a taxas de sucesso. Com isso, teria, por exemplo, interesse -e poder- para influenciar o valor de determinados papéis.
"Nossos resultados falam por si", diz Xavier. "O sucesso de uma área impulsiona o crescimento da outra."
Uma terceira linha de crescimento é aumentar a sinergia entre os dois bancos. Dos US$ 8 bilhões captados neste ano pelo UBS Pactual, US$ 1,5 bilhão veio por meio do UBS. "É bastante, mas temos uma avenida de crescimento pela frente."


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