UOL


São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GUERRA COMERCIAL

Chineses cancelam missão após imposição de cotas para têxteis

China ameaça EUA com retaliação

DA REDAÇÃO

A disputa entre norte-americanos e chineses começa a ganhar ares de guerra comercial. A China condenou a decisão do governo George W. Bush de impor cotas para a importação de alguns produtos têxteis e ameaçou retaliar.
A primeira reação chinesa foi o cancelamento de duas missões comerciais aos EUA. Os chineses iriam se encontrar com produtores de soja, trigo e outros grãos, e existia a expectativa de que seriam fechados contratos.
Anteontem, o governo Bush anunciou que limitará a importação de três categorias de produtos têxteis, que envolvem itens como sutiãs, camisolas, robes e malhas de tricô. Segundo os EUA, houve um acentuado aumento nas importações, o que estaria afetando as empresas americanas e as exportações de outros países.
As importações de robes e sutiãs, por exemplo, mais do que dobraram nos cinco primeiros meses deste ano ante igual período do ano passado.
No entender do Departamento de Comércio dos EUA, as cotas são previstas dentro do regimes de salvaguardas da OMC (Organização Mundial do Comércio). As medidas constariam no acordo assinado pelos chineses quando ingressaram na OMC, em 2001. Mas a China discorda.
"A decisão do governo dos EUA vai contra os princípios de livre comércio da OMC", disse o porta-voz do Ministério do Comércio da China, Chong Quan, citado por uma agência de notícias chinesa. "A China se reserva o direito de abrir processos legais, para defender sua indústria."
Às vésperas de entrar em ano eleitoral, Bush está sob pesado ataque dos lobbies industriais. Estimativas apontam a perda de 2,5 milhões de vagas nos últimos três anos, e os empresários culpam a enxurrada de produtos asiáticos baratos como uma das principais razões para o desemprego. O setor têxtil, que fechou 316 mil postos de trabalho, teria sido um dos mais atingidos. Várias fábricas foram fechadas.
A maior queixa dos americanos é o fato de a China ter um câmbio fixo, que estaria artificialmente desvalorizado para estimular exportações. Mas um estudo do Fundo Monetário Internacional minou o argumento dos EUA.
Segundo o FMI, não há indícios de que o yuan, a moeda chinesa, esteja exageradamente desvalorizada. O Fundo disse ainda que, mesmo que o yuan fosse valorizado, não haveria grande impacto no comércio mundial.


Texto Anterior: Opinião econômica: A Alca e a raposa de La Fontaine
Próximo Texto: Parceria: PPP vai dar garantia a empresa que investir
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.