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Apesar do corte acima do esperado,
taxa real ainda é a maior do mundo
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar do corte, acima da expectativa do mercado, de 1,5 ponto percentual na Selic, o país ainda
tem a maior taxa real do planeta.
O juro real passou de 11,98% ao
ano, em outubro, para 10,92%
agora, segundo cálculo da UAM
(Unibanco Asset Management).
De acordo com estudo da Global Invest, Israel -o segundo no
ranking dos juros- tem taxa real
de 8,4% ao ano, e a Hungria, de
6,5%. O juro real no Brasil foi calculado pela UAM com base na Selic efetiva -aquela praticada diariamente no mercado-, com
desconto da expectativa de inflação para 12 meses à frente, divulgada semanalmente pelo BC
(Banco Central).
Nos demais países, a Global Invest projeta a inflação futura com
base na média mensal deste ano.
De acordo com Alexsandro Agostini Barbosa, economista da empresa, o juro real encostou na taxa
de equilíbrio estimada por alguns
especialistas -de 10,5% ao ano. A
taxa de equilíbrio, segundo os
economistas, é aquela que permite otimizar o maior crescimento
possível da economia com o patamar desejado para a inflação.
Mas não há consenso, entre os
economistas, sobre o patamar de
equilíbrio da taxa de juro real.
"Por enquanto é difícil determinar qual é a taxa de juros adequada para proporcionar crescimento sem acelerar a inflação", diz
Luiz Suzigan, economista-chefe
da LCA Consultoria.
A dificuldade em cravar um
ponto de equilíbrio, segundo ele,
estaria nas mudanças recentes na
economia: "Passamos por um
choque de juros, em 2002 e no início deste ano, e por mudanças na
conta corrente do balanço de pagamentos do país", diz Suzigan.
O balanço de pagamentos é o
saldo das transações comerciais e
financeiras do país. "Essa conta,
que era deficitária em US$ 4 bilhões, está equilibrada hoje, o que
reduz a necessidade de financiamento externo do país."
Ou seja, se o Brasil precisa de
menos recursos externos para se
financiar, pela lógica, o juro real
não tem de ser tão alto para atrair
investidores. Para Suzigan, a taxa
está alta e inviabiliza o crescimento. "Se, nos próximos três anos,
continuarmos com taxa real em
torno dos 11%, não haverá crescimento de 3,5% do PIB [Produto
Interno Bruto], como projeta o
governo para 2004", diz.
Também não há consenso sobre o crescimento possível e seu
fôlego num contexto de controle
da inflação. "No ano 2000, o juro
real estava em torno de 10,5% ao
ano, e o PIB cresceu 4,5%. Mas, no
ano seguinte, o país entrou em recessão", diz Jorge Simino, diretor
da UAM.
Segundo Simino, para crescer
de forma consistente, não basta só
administrar a taxa de juros. "É
preciso aumentar a produtividade, os investimentos e melhorar a
infra-estrutura", diz.
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