São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 2002

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MERCADO FINANCEIRO

Com rolagem de dívida e promessa de manutenção da equipe do BC, moeda dos EUA recua a R$ 3,475

Dólar cai para o menor valor em 3 meses

FABRICIO VIEIRA
GEORGIA CARAPETKOV

DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar recuou para seu menor valor em três meses. No quinto dia consecutivo de baixa, a moeda norte-americana fechou vendida a R$ 3,475, em queda de 1,42%.
Somente nesta semana, o dólar ficou R$ 0,27 mais barato. A moeda chegou a abrir em alta, mas passou a cair após a afirmação do futuro presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, de que manterá a atual diretoria da autoridade monetária.
Com o sucesso da rolagem de 65% dos US$ 2,6 bilhões de dívida atrelada ao câmbio que vence no dia 2, o dólar acelerou a trajetória de baixa no período da tarde. As taxas pagas pelo BC na rolagem, próximas dos 20%, ficaram bem abaixo das registradas nas operações dos últimos meses.
"A posição do futuro presidente do BC, de manter uma política monetária rígida, na linha da praticada atualmente, tem sido bem recebida. A resposta do mercado vem na forma de baixa na cotação do dólar", afirma o diretor de tesouraria do banco Fator, Sérgio Machado.
Desde 20 de setembro, quando fechou a R$ 3,405, a moeda norte-americana não encerrava os negócios abaixo dos R$ 3,50. No mês, a desvalorização do dólar já chega a 4,9%.
O risco-país, medido pelo JP Morgan, também voltou a cair. A baixa de 3% registrada nos negócios de ontem levou o risco para os 1.417 pontos, ficando no menor nível desde junho.
"O risco-país deve convergir para a média dos países emergentes mais rápido do que muitos imaginam. Espero que as linhas de crédito melhorem a partir de janeiro, uma vez superado o efeito dos balanços de fim de ano", afirma Octávio de Barros, economista-chefe do banco BBV.
Quanto mais elevado é o risco-país, maiores são as dúvidas do mercado em relação a um governo ter capacidade de honrar suas dívidas. Para as empresas, risco-país muito elevado significa crédito mais caro e escasso.
No ano passado, o setor privado conseguiu a rolagem de quase todos os seus vencimentos no mercado externo. Neste ano, a média de rolagem deve ficar em torno dos 34%.
Os C-Bonds, papéis mais negociados da dívida brasileira, também tiveram mais um dia positivo. Os títulos subiram 1,4% para encerrar o dia vendidos a US$ 0,6631, maior preço desde junho.
O dia foi de muitos negócios no mercado de câmbio ontem. Operadores afirmam que muitas empresas já estão fazendo os últimos ajustes e não devem entrar no mercado na próxima semana. "Quem tinha de comprar dólares para quitar dívidas, por exemplo, já fez. Na próxima semana, os negócios vão ficar mais calmos, basicamente na mão de tesourarias de bancos", afirma a diretora de câmbio da corretora AGK, Miriam Tavares.

Taxas em baixa
"Era esperado que o BC pagasse taxas menores para rolar sua dívida. O cupom cambial no mercado futuro indicava isso", diz Machado. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), as taxas do FRA -Forward Rate Agreement, melhor medida do cupom cambial- abriram ontem próximas dos 20%. Após a rolagem da dívida, a taxa no FRA mais negociado, com prazo em abril, recuou para 19% ao ano. Antes das eleições de outubro, essa taxa chegou a superar os 50%. Nesse período, o governo não estava conseguindo rolar sua dívida, pois o mercado exigia taxas muito elevadas para aceitar papéis novos. No leilão de ontem, o mercado aceitou papéis com vencimentos mais longos, grande parte deles para resgate em janeiro e julho de 2004.


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