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MERCADO FINANCEIRO
Com rolagem de dívida e promessa de manutenção da equipe do BC, moeda dos EUA recua a R$ 3,475
Dólar cai para o menor valor em 3 meses
FABRICIO VIEIRA
GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL
O dólar recuou para seu menor
valor em três meses. No quinto
dia consecutivo de baixa, a moeda
norte-americana fechou vendida
a R$ 3,475, em queda de 1,42%.
Somente nesta semana, o dólar
ficou R$ 0,27 mais barato. A moeda chegou a abrir em alta, mas
passou a cair após a afirmação do
futuro presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, de que
manterá a atual diretoria da autoridade monetária.
Com o sucesso da rolagem de
65% dos US$ 2,6 bilhões de dívida
atrelada ao câmbio que vence no
dia 2, o dólar acelerou a trajetória
de baixa no período da tarde. As
taxas pagas pelo BC na rolagem,
próximas dos 20%, ficaram bem
abaixo das registradas nas operações dos últimos meses.
"A posição do futuro presidente
do BC, de manter uma política
monetária rígida, na linha da praticada atualmente, tem sido bem
recebida. A resposta do mercado
vem na forma de baixa na cotação
do dólar", afirma o diretor de tesouraria do banco Fator, Sérgio
Machado.
Desde 20 de setembro, quando
fechou a R$ 3,405, a moeda norte-americana não encerrava os negócios abaixo dos R$ 3,50. No
mês, a desvalorização do dólar já
chega a 4,9%.
O risco-país, medido pelo JP
Morgan, também voltou a cair. A
baixa de 3% registrada nos negócios de ontem levou o risco para
os 1.417 pontos, ficando no menor
nível desde junho.
"O risco-país deve convergir para a média dos países emergentes
mais rápido do que muitos imaginam. Espero que as linhas de crédito melhorem a partir de janeiro,
uma vez superado o efeito dos balanços de fim de ano", afirma Octávio de Barros, economista-chefe
do banco BBV.
Quanto mais elevado é o risco-país, maiores são as dúvidas do
mercado em relação a um governo ter capacidade de honrar suas
dívidas. Para as empresas, risco-país muito elevado significa crédito mais caro e escasso.
No ano passado, o setor privado
conseguiu a rolagem de quase todos os seus vencimentos no mercado externo. Neste ano, a média
de rolagem deve ficar em torno
dos 34%.
Os C-Bonds, papéis mais negociados da dívida brasileira, também tiveram mais um dia positivo. Os títulos subiram 1,4% para
encerrar o dia vendidos a US$
0,6631, maior preço desde junho.
O dia foi de muitos negócios no
mercado de câmbio ontem. Operadores afirmam que muitas empresas já estão fazendo os últimos
ajustes e não devem entrar no
mercado na próxima semana.
"Quem tinha de comprar dólares
para quitar dívidas, por exemplo,
já fez. Na próxima semana, os negócios vão ficar mais calmos, basicamente na mão de tesourarias
de bancos", afirma a diretora de
câmbio da corretora AGK, Miriam Tavares.
Taxas em baixa
"Era esperado que o BC pagasse
taxas menores para rolar sua dívida. O cupom cambial no mercado
futuro indicava isso", diz Machado. Na Bolsa de Mercadorias &
Futuros (BM&F), as taxas do FRA
-Forward Rate Agreement, melhor medida do cupom cambial- abriram ontem próximas
dos 20%. Após a rolagem da dívida, a taxa no FRA mais negociado,
com prazo em abril, recuou para
19% ao ano. Antes das eleições de
outubro, essa taxa chegou a superar os 50%. Nesse período, o governo não estava conseguindo rolar sua dívida, pois o mercado exigia taxas muito elevadas para
aceitar papéis novos. No leilão de
ontem, o mercado aceitou papéis
com vencimentos mais longos,
grande parte deles para resgate
em janeiro e julho de 2004.
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