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Tailândia dá susto no mercado global
Bolsa do país despenca 15% após medidas de controle de capital; Bovespa chegou a perder 1,42%, mas fechou em alta de 0,19%
Para analistas, impacto deve ser pequeno e de curto prazo; inflação maior que a prevista nos EUA também preocupou investidores
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado financeiro global
tomou um susto ontem. Uma
série de medidas anunciadas
pelo governo da Tailândia para
controlar a presença de capital
especulativo no país pegou os
investidores de surpresa e fez
com que os mercados abrissem
em terreno negativo. Nas principais Bolsas de Valores da Ásia
e da Europa, o dia foi de perdas
importantes.
No Brasil, a Bovespa chegou a
registrar desvalorização de
1,42% no pior momento do dia.
Mas, na última hora de pregão,
iniciou um movimento de recuperação e acabou por fechar
com alta de 0,19%. A baixa dos
preços atraiu investidores para
diferentes ações brasileiras.
O mesmo ocorreu na Bolsa
de Nova York. O índice Dow Jones chegou a cair 0,35%, mas
encerrou suas operações com
ganhos de 0,24%. A Nasdaq recuou 0,25%.
Além da preocupação com a
Tailândia, os EUA divulgaram
que o PPI (índice de inflação ao
produtor) subiu 2% em novembro, a maior alta em 32 anos. O
resultado ficou muito acima do
esperado e desagradou ao mercado.
Os mercados que mais sofreram com as medidas de controle tailandesas foram os asiáticos. A Bolsa da Tailândia despencou 14,84%. Na Indonésia, a
queda foi de 2,85%; em Hong
Kong, de 1,19%; o índice Nikkei,
de Tóquio, teve baixa de 1,09%.
Na Europa, as principais perdas ficaram com as Bolsas de
Paris (-0,82%), Londres (-0,70%) e Frankfurt (-0,66%).
Sobre as medidas tomadas na
Tailândia, Alexandre Lintz, estrategista-chefe do banco BNP
Paribas, diz que "há algum reflexo pontual nos mercados,
mas que o ambiente segue favorável". "Alguns investidores devem ter tido perdas na Ásia,
sendo obrigados a realizar [em
outros mercados] para ajustar
suas carteiras. Mas os impactos
são de curtíssimo prazo", diz.
As Bolsas de Valores atravessam um período de fortes ganhos, estando muitas delas em
seus mais elevados níveis históricos -como no Brasil, no México, na Argentina e nos EUA.
Por isso, já há analistas que
questionam se o mercado acionário não atravessa um momento de "bolha".
Mas o desempenho do mercado ontem parece mostrar
que as Bolsas estão fortes e podem seguir conquistando novos patamares. Analistas ouvidos pela Folha não entendem
que o "susto" dado ontem pela
Tailândia seja o prenúncio de
um momento crítico, como a
crise asiática de 1997, que contaminou e castigou os mercados mundiais naquele período.
O dólar terminou o pregão
ontem com alta de 0,56% diante do real. Vendido a R$ 2,162, o
dólar fechou em seu mais elevado valor em duas semanas.
"A Tailândia afetou um pouco, mas não entendo que vá
prejudicar o desempenho do
câmbio. Não vejo motivos para
pensarmos na crise de 97", afirma Mário Batisttel, diretor de
câmbio da corretora Novação.
"Era esperado que o dólar tivesse alguma alta nesses últimos dias de 2006."
Segundo Batisttel, é possível
que o mercado brasileiro até
venha a receber uma parcela
dos recursos que os investidores internacionais estavam planejando aplicar na Tailândia.
Por outro lado, a alta da inflação nos EUA sinaliza que há
menos espaço para que os juros
básicos americanos, que estão
em 5,25%, venham a cair ainda
no primeiro trimestre de 2007,
como esperava parte do mercado. E, para os emergentes,
quanto mais baixa estiver a taxa dos EUA, mais atraentes
eles ficam ao capital externo.
Apesar do dia agitado, o risco-país brasileiro marcava ontem no fim do dia 199 pontos
-menor patamar histórico-,
em queda de 1,9% em relação
ao fechamento de segunda-feira. Isso significa que os investidores não correram para se
desfazer dos títulos da dívida
brasileira devido às incertezas
em relação à Tailândia.
O risco em níveis mais baixos
indica que o Brasil representa
no momento um perigo menor
de dar calote. Assim, os investidores passam a cobrar taxas
mais baratas na hora de emprestarem ao país.
Na BM&F, os juros subiram
nos contratos de prazo mais
longo, refletindo o desconforto
com a inflação nos EUA. No
contrato DI que vence em 12
meses, a taxa foi de 12,42% a
12,47% anuais.
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