São Paulo, sábado, 21 de fevereiro de 1998

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CRISE NA ÁSIA
Países receberão ajuda
Novo pacote não anima o Japão

MARCIO AITH
de Tóquio

O partido liberal-democrata japonês, do primeiro-ministro Ryutaro Hashimoto, anunciou ontem mais um pacote econômico de estímulo à segunda maior economia do mundo.
É o quarto pacote desde outubro passado e, da mesma forma que os anteriores, não entusiasmou o mercado.
As medidas anunciadas alteram leis contábeis, de modo a permitir que os bancos, afogados em créditos de difícil liquidação da ordem de US$ 700 bilhões, fechem seus balanços no azul em março.
Os bancos, que já demitiram cerca de 20 mil empregados desde novembro, terão também mais poder para recomprar suas ações (influenciando com isso seu próprio preço na Bolsa de valores) e aumentar o valor de suas garantias imobiliárias.
As medidas são vitais para o setor financeiro, que já havia recebido uma espécie de "Proer" (programa de ajuda) de cerca de US$ 250 bilhões do governo japonês.
De novidade, o pacote estabelece ajuda de US$ 2,38 bilhões em empréstimos a serem concedidos pelo Eximbank (Export-Import Bank of Japan) a países asiáticos com dificuldades para exportar. Cerca de US$ 1 bilhão será destinado à Indonésia.
"O propósito da medida é ajudar a Indonésia a se recuperar da situação de instabilidade econômica", afirmou ontem o ministro da Indústria e Comércio Exterior japonês, Mitsuo Horiuchi.
Os investidores esperavam mais do pacote. Eles queriam redução de impostos, considerando que os cortes de US$ 16 bilhões anunciados no final do ano passado foram considerados insuficientes.
Eles achavam também que o pacote traria um estímulo extra à economia de US$ 47 bilhões, cifra que chegou a ser divulgada antes do anúncio oficial.
O Japão vive sua pior crise financeira desde a Segunda Guerra Mundial, com desemprego recorde para os padrões do país e crescimento próximo de 0%.
O ministro das Finanças, Hikaru Matsunaka, reconheceu a timidez do pacote, sugerindo que medidas mais fortes só poderiam ser anunciadas depois de o orçamento de 98 ser aprovado no Parlamento.
O anúncio do pacote foi feito um dia antes do encontro dos países mais industrializados do mundo, o G-7, que começa hoje em Londres (Inglaterra).
No encontro, o Japão deverá sofrer pressões dos Estados Unidos para estimular sua economia.
Bolsa
Na Bolsa de Tóquio, o índice Nikkei, que reúne as principais ações negociadas, fechou com pequena alta de 0,84%. O índice encerrou a semana com 16.756 pontos, acumulando queda de 0,21%.
A alta foi influenciada pela expectativa de investidores em relação à reunião do G-7. Analistas avaliam que, na próxima semana, o Nikkei deverá oscilar entre 16 mil e 17 mil pontos.



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