São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

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ENERGIA

Endividada, gigante americana AES anuncia que deixará o país; para analista, venda é difícil

AES planeja venda da Eletropaulo

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A AES, uma das maiores empresas americanas do setor de energia, vai se desfazer de seus ativos no país, a geradora AES Tietê e a Eletropaulo, segundo anunciou o presidente do grupo americano Paul Hanrahan em teleconferência com analistas de mercado.
A empresa passa por sérios problemas financeiros - suas ações tiveram desvalorização de 90% no ano passado- e pretende vender US$ 1 bilhão em ativos, no mundo, no próximo ano.
A dúvida, segundo analistas ouvidos pela Folha, é se haverá compradores para os ativos da empresa no Brasil. "O momento é desfavorável à venda, há muitas indefinições no setor elétrico e no país", diz Oswaldo Telles, analista do BBV Banco.
Seu principal negócio, a Eletropaulo Metropolitana, teve uma gestão financeira que se pautou pelo elevado endividamento, que hoje chega a US$ 4 bilhões, quase duas vezes o seu patrimônio líquido. O mercado já teme um "default" da dívida devido às dificuldades de rolagem em razão do aumento do risco-país e da indefinição do cenário político local.
Com a desvalorização cambial de 1999, a dívida da empresa praticamente dobrou. No ano passado, enfrentou o racionamento, a queda de receitas e a disparada do dólar. Não fosse pela reposição das perdas do setor elétrico, via aumento de tarifas, a Eletropaulo teria uma receita R$ 1,7 bilhão menor no ano passado e estaria no vermelho, dizem analistas.
No momento a direção da empresa busca captar US$ 200 milhões no mercado internacional para pagar parte da dívida de US$ 500 milhões que vence em agosto. Segundo Telles, a empresa tem vencimentos de dívida de US$ 1,8 bilhão neste ano.
"Ela deverá receber R$ 1 bilhão do BNDES, referente ao financiamento da perda de receita que teve com o racionamento", diz ele. "Isso deverá ajudar, mas a empresa precisará captar ou rolar uma boa parte dos débitos", afirma o analista do BBV.
A geradora AES Tietê seria a parte mais palatável dos ativos do grupo. "Por ser uma geradora pura, poderia atrair interessados entre as empresas do setor, como Duque, Tractebel e Endesa", diz Telles.



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