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ENERGIA
Endividada, gigante americana AES anuncia que deixará o país; para analista, venda é difícil
AES planeja venda da Eletropaulo
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A AES, uma das maiores empresas americanas do setor de energia, vai se desfazer de seus ativos
no país, a geradora AES Tietê e a
Eletropaulo, segundo anunciou o
presidente do grupo americano
Paul Hanrahan em teleconferência com analistas de mercado.
A empresa passa por sérios problemas financeiros - suas ações
tiveram desvalorização de 90% no
ano passado- e pretende vender
US$ 1 bilhão em ativos, no mundo, no próximo ano.
A dúvida, segundo analistas ouvidos pela Folha, é se haverá compradores para os ativos da empresa no Brasil. "O momento é desfavorável à venda, há muitas indefinições no setor elétrico e no país",
diz Oswaldo Telles, analista do
BBV Banco.
Seu principal negócio, a Eletropaulo Metropolitana, teve uma
gestão financeira que se pautou
pelo elevado endividamento, que
hoje chega a US$ 4 bilhões, quase
duas vezes o seu patrimônio líquido. O mercado já teme um "default" da dívida devido às dificuldades de rolagem em razão do aumento do risco-país e da indefinição do cenário político local.
Com a desvalorização cambial
de 1999, a dívida da empresa praticamente dobrou. No ano passado, enfrentou o racionamento, a
queda de receitas e a disparada do
dólar. Não fosse pela reposição
das perdas do setor elétrico, via
aumento de tarifas, a Eletropaulo
teria uma receita R$ 1,7 bilhão
menor no ano passado e estaria
no vermelho, dizem analistas.
No momento a direção da empresa busca captar US$ 200 milhões no mercado internacional
para pagar parte da dívida de US$
500 milhões que vence em agosto.
Segundo Telles, a empresa tem
vencimentos de dívida de US$ 1,8
bilhão neste ano.
"Ela deverá receber R$ 1 bilhão
do BNDES, referente ao financiamento da perda de receita que teve com o racionamento", diz ele.
"Isso deverá ajudar, mas a empresa precisará captar ou rolar uma
boa parte dos débitos", afirma o
analista do BBV.
A geradora AES Tietê seria a
parte mais palatável dos ativos do
grupo. "Por ser uma geradora pura, poderia atrair interessados entre as empresas do setor, como
Duque, Tractebel e Endesa", diz
Telles.
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