São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

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MERCADO FINANCEIRO

Analistas de NY avaliam que valor acumulado está em menos de US$ 100 mi; meta é de US$ 3 bi

Recompra de títulos pelo BC ainda é tímida

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central teve atuação tímida até agora no plano de recomprar até US$ 3 bilhões em títulos da dívida externa brasileira -uma das principais medidas do "pacote calmante" anunciado pelo governo na semana passada-, avaliam especialistas de Nova York ouvidos pela Folha.
Segundo eles, é difícil calcular o quanto o BC já teria gasto, mas as estimativas apontam para algo inferior a US$ 100 milhões. A complicação para ter um número mais preciso é que o BC tem feito negociações informais no mercado, como sempre agiu, sem realizar leilões de compra.
A intenção do BC com essas operações é valorizar esses papéis no mercado -muito depreciados nas últimas semanas- e, assim, contribuir para reduzir o risco Brasil (medida da capacidade do país de honrar suas dívidas).
Assim que a equipe econômica anunciou a medida -a recompra seria somente de papéis com vencimento em 2003 e 2004-, os títulos tiveram alguma valorização. No auge da recente turbulência financeira, os Globals 2004 (um dos principais alvos do BC, com volume financeiro de US$ 3 bilhões), chegou a ser cotado a 87% de seu valor de face. Na segunda-feira, já estava a 95%, aproximadamente. Agora está por volta de 90%.
Para os especialistas, contudo, a posição conservadora do BC tem um aspecto favorável. Quanto mais depreciados os títulos, maior a taxa de retorno sobre o capital investido. Como para comprar os papéis o BC usa as reservas líquidas, consegue alta rentabilidade para o dinheiro do país -correndo o risco de crédito do próprio governo brasileiro.
O ganho potencial dessa operação -desde que gastos os US$ 3 bilhões e que o BC fique com os títulos em carteira até seus vencimentos, o que, no segundo caso é improvável- é de aproximadamente US$ 450 milhões ao ano, mantidas as atuais condições.
A taxa de retorno desses papéis hoje está em cerca de 17% ao ano em dólar. Para ter uma idéia da alta rentabilidade, as NTNs cambiais (títulos públicos corrigidos pela variação do dólar) com vencimento em 2004 têm rendido ao investidor 12% ao ano. Ou seja, um ganho líquido de cinco pontos percentuais, entre o quanto o governo gasta para refinanciar a dívida interna na moeda americana e o retorno que tem com a recompra dos títulos da dívida externa. (LEONARDO SOUZA)


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