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MERCADO FINANCEIRO
Analistas de NY avaliam que valor acumulado está em menos de US$ 100 mi; meta é de US$ 3 bi
Recompra de títulos pelo BC ainda é tímida
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central teve atuação tímida até agora no plano de recomprar até US$ 3 bilhões em títulos da dívida externa brasileira -uma das principais medidas do
"pacote calmante" anunciado pelo governo na semana passada-,
avaliam especialistas de Nova
York ouvidos pela Folha.
Segundo eles, é difícil calcular o
quanto o BC já teria gasto, mas as
estimativas apontam para algo inferior a US$ 100 milhões. A complicação para ter um número
mais preciso é que o BC tem feito
negociações informais no mercado, como sempre agiu, sem realizar leilões de compra.
A intenção do BC com essas
operações é valorizar esses papéis
no mercado -muito depreciados nas últimas semanas- e, assim, contribuir para reduzir o risco Brasil (medida da capacidade
do país de honrar suas dívidas).
Assim que a equipe econômica
anunciou a medida -a recompra
seria somente de papéis com vencimento em 2003 e 2004-, os títulos tiveram alguma valorização.
No auge da recente turbulência financeira, os Globals 2004 (um dos
principais alvos do BC, com volume financeiro de US$ 3 bilhões),
chegou a ser cotado a 87% de seu
valor de face. Na segunda-feira, já
estava a 95%, aproximadamente.
Agora está por volta de 90%.
Para os especialistas, contudo, a
posição conservadora do BC tem
um aspecto favorável. Quanto
mais depreciados os títulos,
maior a taxa de retorno sobre o
capital investido. Como para
comprar os papéis o BC usa as reservas líquidas, consegue alta rentabilidade para o dinheiro do país
-correndo o risco de crédito do
próprio governo brasileiro.
O ganho potencial dessa operação -desde que gastos os US$ 3
bilhões e que o BC fique com os títulos em carteira até seus vencimentos, o que, no segundo caso é
improvável- é de aproximadamente US$ 450 milhões ao ano,
mantidas as atuais condições.
A taxa de retorno desses papéis
hoje está em cerca de 17% ao ano
em dólar. Para ter uma idéia da alta rentabilidade, as NTNs cambiais (títulos públicos corrigidos
pela variação do dólar) com vencimento em 2004 têm rendido ao
investidor 12% ao ano. Ou seja,
um ganho líquido de cinco pontos percentuais, entre o quanto o
governo gasta para refinanciar a
dívida interna na moeda americana e o retorno que tem com a recompra dos títulos da dívida externa. (LEONARDO SOUZA)
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