UOL


São Paulo, sábado, 21 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ENERGIA

Estatal afirma que empresa que já foi comandada por Dick Cheney atrasou auto-suficiência de petróleo do Brasil

Petrobras cobra US$ 380 mi da Halliburton

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Por causa de atrasos na construção de duas plataformas, a Petrobras trava uma disputa com a empresa norte-americana Halliburton -que teve o vice-presidente norte-americano, Dick Cheney, como presidente até o ano 2000. A pendência entre as duas empresas chega a US$ 380 milhões.
A Petrobras afirma que há um atraso de um ano no projeto de duas plataformas -P-43 e P-48-, que irão para os campos de Barracuda e Caratinga, na bacia de Campos, no Rio de Janeiro.
Segundo o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, esse [contencioso] foi um dos motivos pelos quais a auto-suficiência [na produção de petróleo] que estava prevista para 2005 foi adiada para 2006". A Petrobras quer ser ressarcida por ter sido obrigada a adiar o início da produção dos dois campos.
A expectativa da estatal era produzir no Brasil 1,9 mil barris/dia de óleo já em 2005 -o suficiente para cobrir todo o consumo interno. Mas, sem poder contar com as duas unidades em funcionamento pleno naquele ano, a meta foi rebaixada para 1,82 mil barris/dia.
Os dois sistemas de produção de óleo -que incluem, além das duas plataformas, equipamentos de apoio- estão orçados em US$ 2,5 bilhões. A Petrobras alega que teve perdas de US$ 380 milhões e quer levar esse valor para ser arbitrado (decidir quem tem razão).
As duas companhias assinaram um acordo que prevê que o caso será analisado por um comitê de arbitragem em Nova York, que decidirá quanto cada uma deve à outra e quais são as responsabilidades de cada empresa pelo atraso nas obras.
De sua parte, a Halliburton pede a arbitragem de um valor um pouco menor: US$ 375 milhões. A empresa quer discutir itens que foram incluídos posteriormente nos projetos que julga não serem de sua responsabilidade.
Em nota, a Halliburton informou que já contabilizou uma perda de US$ 104 milhões com os projetos por causa da revisão dos custos inicialmente estimados. É quanto a empresa aceita "pagar" pelos seus erros nos projetos. Também em nota, a Petrobras assumiu que R$ 59 milhões dos custos extraordinários pelo atraso são de sua responsabilidade.
Pelo acordo, o cronograma das obras será revisto, adiando o início da produção para 2004. Mesmo entrando em operação em 2004, as plataformas não estariam ainda produzindo ainda a plena carga em 2005 e contribuindo para a meta de auto-suficiência.


Colaborou Paulo Rolemberg, free-lance para a Agência Folha, em Sergipe.


Texto Anterior: Mercado financeiro: Bolsa despenca 4,4% em semana agitada
Próximo Texto: Estatal quer mudar lei para preço do gás cair
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.