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ENERGIA
Estatal afirma que empresa que já foi comandada por Dick Cheney atrasou auto-suficiência de petróleo do Brasil
Petrobras cobra US$ 380 mi da Halliburton
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Por causa de atrasos na construção de duas plataformas, a Petrobras trava uma disputa com a empresa norte-americana Halliburton -que teve o vice-presidente
norte-americano, Dick Cheney,
como presidente até o ano 2000. A
pendência entre as duas empresas
chega a US$ 380 milhões.
A Petrobras afirma que há um
atraso de um ano no projeto de
duas plataformas -P-43 e P-48-, que irão para os campos de
Barracuda e Caratinga, na bacia
de Campos, no Rio de Janeiro.
Segundo o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, esse
[contencioso] foi um dos motivos
pelos quais a auto-suficiência [na
produção de petróleo] que estava
prevista para 2005 foi adiada para
2006". A Petrobras quer ser ressarcida por ter sido obrigada a
adiar o início da produção dos
dois campos.
A expectativa da estatal era produzir no Brasil 1,9 mil barris/dia
de óleo já em 2005 -o suficiente
para cobrir todo o consumo interno. Mas, sem poder contar com as
duas unidades em funcionamento pleno naquele ano, a meta foi
rebaixada para 1,82 mil barris/dia.
Os dois sistemas de produção
de óleo -que incluem, além das
duas plataformas, equipamentos
de apoio- estão orçados em US$
2,5 bilhões. A Petrobras alega que
teve perdas de US$ 380 milhões e
quer levar esse valor para ser arbitrado (decidir quem tem razão).
As duas companhias assinaram
um acordo que prevê que o caso
será analisado por um comitê de
arbitragem em Nova York, que
decidirá quanto cada uma deve à
outra e quais são as responsabilidades de cada empresa pelo atraso nas obras.
De sua parte, a Halliburton pede
a arbitragem de um valor um
pouco menor: US$ 375 milhões. A
empresa quer discutir itens que
foram incluídos posteriormente
nos projetos que julga não serem
de sua responsabilidade.
Em nota, a Halliburton informou que já contabilizou uma perda de US$ 104 milhões com os
projetos por causa da revisão dos
custos inicialmente estimados. É
quanto a empresa aceita "pagar"
pelos seus erros nos projetos.
Também em nota, a Petrobras assumiu que R$ 59 milhões dos custos extraordinários pelo atraso
são de sua responsabilidade.
Pelo acordo, o cronograma das
obras será revisto, adiando o início da produção para 2004. Mesmo entrando em operação em
2004, as plataformas não estariam
ainda produzindo ainda a plena
carga em 2005 e contribuindo para a meta de auto-suficiência.
Colaborou Paulo Rolemberg,
free-lance para a Agência Folha,
em Sergipe.
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