São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 2000


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Seis milhões ganham apenas R$ 55 por mês

DA SUCURSAL DO RIO

A concentração de renda no país manteve sua tendência de queda no ano passado, com uma ligeira redução (1,4%) em relação a 1998. O índice de Gini, que mede a distribuição de renda, caiu de 0,575 para 0,567. Ainda é um valor considerado alto pelos padrões internacionais.
O índice é um padrão internacional e varia de 0 a 1, com o zero indicando uma hipotética distribuição de renda perfeita. Quanto maior o índice, maior a concentração.
O Brasil tem a renda tão concentrada que, na população com mais de dez anos e ocupada, os 10% mais pobres -cerca de 6 milhões de pessoas- ganham em média R$ 55 por mês.
Juntos, esses 10% mais pobres recebem apenas 1% da massa salarial do país. Os 50% mais pobres ganham 14,5% do total de salários pagos, apenas um pouco mais que o 1% mais rico, detentor de 12,5% dos salários.
Em compensação, os 10% mais ricos concentram 45,7% da massa salarial do país. São os que ganham a partir de R$ 1.200, com renda média de R$ 2.402.
O economista Roberto Cunha, da PUC (Pontifícia Universidade Católica), diz que "o conceito de classe média é difícil de definir". Ele afirma, no entanto, que o índice de inflação voltado para o custo de vida das famílias menos abastadas considera ganhos familiares de até oito salários mínimos.
"Um ganho de R$ 1.200, mesmo considerando o salário mínimo do ano passado, não chega a dez salários mínimos", afirma.
A redução na concentração de renda não se deve a uma melhoria na renda dos mais pobres, mas a uma perda generalizada no rendimento real da população.
A desconcentração foi possível porque as maiores perdas atingiram os 10% que ganham mais. Nessa faixa de renda, a perda do ano passado foi de 8,6%. Entre os 10% mais pobres, a perda foi de 6,8%.
No ano passado, 11,1% das famílias tinham rendimento de até um salário mínimo, e 3,5% das famílias viviam sem rendimento. Enquanto isso, 5,9% das famílias viviam com mais de 20 salários mínimos mensais.
"O país continua entre os que exibem as maiores disparidades do mundo. Mas a perda real de rendimento foi distribuída entre todas as classes, principalmente entre os mais ricos", disse a pesquisadora Vandeli Guerra, do IBGE.
A concentração de renda no Brasil apresentou declínio de 1990 a 1992, subiu em 1993, voltou a cair em 1995 e 1996 e vem baixando desde então.
A concentração é maior nas regiões mais pobres. No Nordeste, por exemplo, o índice é de 0,587, enquanto no Sudeste é de 0,537.



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