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Seis milhões ganham apenas R$ 55 por mês
DA SUCURSAL DO RIO
A concentração de renda no
país manteve sua tendência de
queda no ano passado, com uma
ligeira redução (1,4%) em relação
a 1998. O índice de Gini, que mede
a distribuição de renda, caiu de
0,575 para 0,567. Ainda é um valor considerado alto pelos padrões internacionais.
O índice é um padrão internacional e varia de 0 a 1, com o zero
indicando uma hipotética distribuição de renda perfeita. Quanto
maior o índice, maior a concentração.
O Brasil tem a renda tão concentrada que, na população com
mais de dez anos e ocupada, os
10% mais pobres -cerca de 6 milhões de pessoas- ganham em
média R$ 55 por mês.
Juntos, esses 10% mais pobres
recebem apenas 1% da massa salarial do país. Os 50% mais pobres
ganham 14,5% do total de salários
pagos, apenas um pouco mais
que o 1% mais rico, detentor de
12,5% dos salários.
Em compensação, os 10% mais
ricos concentram 45,7% da massa
salarial do país. São os que ganham a partir de R$ 1.200, com
renda média de R$ 2.402.
O economista Roberto Cunha,
da PUC (Pontifícia Universidade
Católica), diz que "o conceito de
classe média é difícil de definir".
Ele afirma, no entanto, que o índice de inflação voltado para o custo
de vida das famílias menos abastadas considera ganhos familiares
de até oito salários mínimos.
"Um ganho de R$ 1.200, mesmo
considerando o salário mínimo
do ano passado, não chega a dez
salários mínimos", afirma.
A redução na concentração de
renda não se deve a uma melhoria
na renda dos mais pobres, mas a
uma perda generalizada no rendimento real da população.
A desconcentração foi possível
porque as maiores perdas atingiram os 10% que ganham mais.
Nessa faixa de renda, a perda do
ano passado foi de 8,6%. Entre os
10% mais pobres, a perda foi de
6,8%.
No ano passado, 11,1% das famílias tinham rendimento de até um
salário mínimo, e 3,5% das famílias viviam sem rendimento. Enquanto isso, 5,9% das famílias viviam com mais de 20 salários mínimos mensais.
"O país continua entre os que
exibem as maiores disparidades
do mundo. Mas a perda real de
rendimento foi distribuída entre
todas as classes, principalmente
entre os mais ricos", disse a pesquisadora Vandeli Guerra, do IBGE.
A concentração de renda no
Brasil apresentou declínio de 1990
a 1992, subiu em 1993, voltou a
cair em 1995 e 1996 e vem baixando desde então.
A concentração é maior nas regiões mais pobres. No Nordeste,
por exemplo, o índice é de 0,587,
enquanto no Sudeste é de 0,537.
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