São Paulo, sábado, 21 de julho de 2001

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A BATALHA DE GÊNOVA

Para Grupo, é preciso evitar que a crise se alastre para outros países

G-7 diz que vai evitar colapso da Argentina

DA REDAÇÃO

Os chefes de Estado dos sete países mais ricos do mundo se reuniram ontem em Gênova (Itália) e diagnosticaram que a economia mundial se desaquece num ritmo mais forte do que o esperado. Para evitar problemas maiores, como uma nova crise global, eles se comprometeram a ajudar a Argentina.
As consequências do desaquecimento são a onda de falências de empresas que assola o planeta, a recessão que atinge parte dos países e as crises de confiança pelas quais passam economias emergentes, incluindo a Argentina.
Mas o chamado G-7 (Grupo dos Sete) se mostrou otimista. Parte dos problemas seriam derivados do desaquecimento da economia norte-americana, grande parceiro comercial das demais nações. Ou, como disse ontem o próprio presidente George W. Bush, os EUA atingiram o "fundo do poço".
O PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas produzidas) americano cresceu 1,2% no primeiro trimestre deste ano. No mesmo período de 2000, a elevação havia sido de 8,3%.
Os líderes, reunidos no Palácio Ducale (distantes dos conflitos nas ruas de Gênova), disseram acreditar que a economia dos EUA se recupera já a partir do terceiro trimestre. Ressaltaram, em documento assinado por todos, o papel importante do Fed, o banco central norte-americano, no esforço de revitalização econômica. Neste ano, o Fed cortou em 2,75 pontos percentuais a taxa (que agora está em 3,75% ao ano).
O mesmo documento demonstra que os países não estão dispostos a assistir passivamente à queda da Argentina. Ele é elogioso aos esforços que os argentinos e os turcos (outra economia na corda-bamba) estão empreendendo para se recuperarem.
"As recentes medidas adotadas pela Argentina e pela Turquia representam passos positivos para o reforço dos sistemas bancários e o saneamento dos orçamentos nacionais. As instituições financeiras internacionais e os países do G-7 devem estar dispostos a ajudar os países para garantir o acesso constante aos mercados de capitais", assinala o documento.
Posteriormente, o presidente francês, Jacques Chirac, afirmou que os países mais ricos não deixarão a Argentina naufragar. "Certamente vamos adotar as medidas necessárias para prevenir a Argentina do colapso", afirmou. Ele ressaltou que não é do interesse de ninguém que a crise argentina se alongue.
"Se a Argentina quebrar, não irá sozinha. Pode desencadear um processo igual ao que nós vimos que aconteceu na Tailândia", afirmou, em referência aos problemas que ocasionaram a crise asiática e que castigou os mercados globais por dois anos. Ninguém disse concretamente, porém, se haverá ajuda financeira.
O Japão aproveitou a reunião para pedir apoio ao conjunto de reformas estruturais que está implementando. A alegação é que o país desempenha um importante papel global e precisa ter apoio para se recuperar da recessão, que já dura anos.
Os membros do G-7 discutiram vários assuntos. Eles se congratularam pelos progressos e prometeram dar continuidade ao programa de perdão das dívidas de países pobres. Condenaram os "paraísos fiscais", pedindo mais fiscalização aos países que permitem lavagem de dinheiro.
O G-7 reúne as economias mais poderosas entre os países industrializados. Participam EUA, Japão, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Canadá.
Hoje começa a reunião do G-8, que reúne os mesmos países e mais a Rússia, que tem grande importância militar.



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