São Paulo, sábado, 21 de julho de 2001

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Governo consegue refinanciamento parcial de títulos

DE BUENOS AIRES

A Argentina chegou ontem a um acordo para refinanciar parcialmente sua dívida de curtíssimo prazo. Com isso, o governo evitará os leilões quinzenais de refinanciamento de Letras do Tesouro (Letes), nos quais vinha pagando taxas de juros consideradas muito altas e que poderiam pressionar por um calote.
Segundo o vice-ministro de Economia, Daniel Marx, o governo chegou a um acordo com as AFJP (Administradoras de Fundos de Aposentadoria e Pensão), privadas, que se comprometeram a comprar US$ 2,3 bilhões em títulos públicos.
Esse montante será utilizado para resgatar parte dos US$ 5 bilhões em Letes em circulação hoje no mercado. Esses títulos têm vencimento entre 90 dias e um ano e eram renovados em leilões quinzenais. Pelas programações originais do governo, seriam rolados US$ 4,3 bilhões em Letes daqui até o final do ano.
Além do acordo com os fundos de pensão, o governo mantém negociações com os chamados "criadores de mercado", os bancos que têm prioridade na compra de títulos do governo, para a troca de outro montante de Letes por títulos com vencimento em 2002 ou 2003.
Segundo Marx, essa troca poderia ultrapassar US$ 1 bilhão. Os detalhes da transação ainda estariam em discussão. Com o avanço nas negociações, o governo anunciou a suspensão de todos os leilões de Letes para grandes investidores até o final do ano. Serão mantidos apenas leilões para pequenos investidores.
Na semana retrasada, apesar de uma negociação prévia com os bancos, o governo havia pago uma taxa de juros recorde, de 14,01%, para rolar US$ 830 milhões em Letes, o que pressionou o governo a propor a política de déficit fiscal zero, com o objetivo de evitar os juros pagos na rolagem de sua dívida.

Megatroca
A possível troca de Letes seria a segunda grande operação de refinanciamento realizada pelo governo argentino em menos de dois meses. No início de junho, a Argentina fechou uma megaoperação de refinanciamento, que postergou o pagamento de US$ 29,5 bilhões em títulos de curto e médio prazos por outros com vencimento mais longo. A operação não foi suficiente, porém, para eliminar as dúvidas dos investidores sobre a saúde financeira do país. (RW)



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