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Governo consegue
refinanciamento
parcial de títulos
DE BUENOS AIRES
A Argentina chegou ontem a
um acordo para refinanciar parcialmente sua dívida de curtíssimo prazo. Com isso, o governo
evitará os leilões quinzenais de refinanciamento de Letras do Tesouro (Letes), nos quais vinha pagando taxas de juros consideradas muito altas e que poderiam
pressionar por um calote.
Segundo o vice-ministro de
Economia, Daniel Marx, o governo chegou a um acordo com as
AFJP (Administradoras de Fundos de Aposentadoria e Pensão),
privadas, que se comprometeram
a comprar US$ 2,3 bilhões em títulos públicos.
Esse montante será utilizado
para resgatar parte dos US$ 5 bilhões em Letes em circulação hoje
no mercado. Esses títulos têm
vencimento entre 90 dias e um
ano e eram renovados em leilões
quinzenais. Pelas programações
originais do governo, seriam rolados US$ 4,3 bilhões em Letes daqui até o final do ano.
Além do acordo com os fundos
de pensão, o governo mantém negociações com os chamados
"criadores de mercado", os bancos que têm prioridade na compra de títulos do governo, para a
troca de outro montante de Letes
por títulos com vencimento em
2002 ou 2003.
Segundo Marx, essa troca poderia ultrapassar US$ 1 bilhão. Os
detalhes da transação ainda estariam em discussão. Com o avanço
nas negociações, o governo anunciou a suspensão de todos os leilões de Letes para grandes investidores até o final do ano. Serão
mantidos apenas leilões para pequenos investidores.
Na semana retrasada, apesar de
uma negociação prévia com os
bancos, o governo havia pago
uma taxa de juros recorde, de
14,01%, para rolar US$ 830 milhões em Letes, o que pressionou
o governo a propor a política de
déficit fiscal zero, com o objetivo
de evitar os juros pagos na rolagem de sua dívida.
Megatroca
A possível troca de Letes seria a
segunda grande operação de refinanciamento realizada pelo governo argentino em menos de
dois meses. No início de junho, a
Argentina fechou uma megaoperação de refinanciamento, que
postergou o pagamento de US$
29,5 bilhões em títulos de curto e
médio prazos por outros com
vencimento mais longo. A operação não foi suficiente, porém, para eliminar as dúvidas dos investidores sobre a saúde financeira do
país.
(RW)
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