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Superávit primário pode gerar atrito com Fundo
DA REPORTAGEM LOCAL
A Argentina que agora governa
Néstor Kirchner pretende crescer
4,5% em 2004, com uma inflação
acumulada no ano de 10%. Mais:
obter um superávit primário
equivalente a 2,5% do PIB nas
contas públicas, ainda que para
isso seja obrigada a não conceder
reajustes a servidores públicos.
Foi com base nessas premissas
que o ministro da Economia, Roberto Lavagna, preparou o projeto de Orçamento do próximo ano
-o documento terá que passar
pelo crivo do presidente, antes de
ser enviado ao Congresso.
Para um país que ao longo do
governo Fernando de la Rúa tornou-se pródigo em descumprir
acordos firmados (e que chegou a
convocar deputados para aprovar
às pressas o Orçamento na véspera do Natal), a definição antecipada de um projeto pode ser decisiva nas negociações com o Fundo
Monetário Internacional.
Lavagna tenta apressar a revisão
do acordo firmado com o FMI em
janeiro e possibilitar o fechamento de outro, de três anos, previsto
para ser fechado até setembro.
A meta de crescimento estimada pelo ministro não parece descabida se considerado que, no
primeiro trimestre deste ano, o
PIB argentino cresceu 5,4%.
O que promete ser o principal
entrave nas negociações com o
Fundo diz respeito ao superávit
primário. O enviado do FMI, John
Dodsworth, deverá apresentar ao
governo um parâmetro de superávit mínimo de 3,5% do PIB.
Lavagna, segundo informações
do diário ""Clarín", admite um superávit global de 3% -2,5% do
governo federal e 0,5% originário
das Províncias (Estados).
Kirchner, no entanto, estaria
disposto a endurecer as negociações com o FMI (e o discurso contra bancos e empresas privatizadas) para garantir a manutenção
do superávit atual, de 2,5%.
Para o FMI e bancos trata-se de
um tema-chave: quanto menor
for o superávit primário, menos
sobraria para o pagamento dos
credores externos. Nesse caso, teriam que aceitar uma perda muito
maior no valor de face de seus papéis quando, a partir de setembro,
sentarem-se à mesa para discutir
a moratória argentina.
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