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São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 2003

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Superávit primário pode gerar atrito com Fundo

DA REPORTAGEM LOCAL

A Argentina que agora governa Néstor Kirchner pretende crescer 4,5% em 2004, com uma inflação acumulada no ano de 10%. Mais: obter um superávit primário equivalente a 2,5% do PIB nas contas públicas, ainda que para isso seja obrigada a não conceder reajustes a servidores públicos.
Foi com base nessas premissas que o ministro da Economia, Roberto Lavagna, preparou o projeto de Orçamento do próximo ano -o documento terá que passar pelo crivo do presidente, antes de ser enviado ao Congresso.
Para um país que ao longo do governo Fernando de la Rúa tornou-se pródigo em descumprir acordos firmados (e que chegou a convocar deputados para aprovar às pressas o Orçamento na véspera do Natal), a definição antecipada de um projeto pode ser decisiva nas negociações com o Fundo Monetário Internacional.
Lavagna tenta apressar a revisão do acordo firmado com o FMI em janeiro e possibilitar o fechamento de outro, de três anos, previsto para ser fechado até setembro.
A meta de crescimento estimada pelo ministro não parece descabida se considerado que, no primeiro trimestre deste ano, o PIB argentino cresceu 5,4%.
O que promete ser o principal entrave nas negociações com o Fundo diz respeito ao superávit primário. O enviado do FMI, John Dodsworth, deverá apresentar ao governo um parâmetro de superávit mínimo de 3,5% do PIB.
Lavagna, segundo informações do diário ""Clarín", admite um superávit global de 3% -2,5% do governo federal e 0,5% originário das Províncias (Estados).
Kirchner, no entanto, estaria disposto a endurecer as negociações com o FMI (e o discurso contra bancos e empresas privatizadas) para garantir a manutenção do superávit atual, de 2,5%.
Para o FMI e bancos trata-se de um tema-chave: quanto menor for o superávit primário, menos sobraria para o pagamento dos credores externos. Nesse caso, teriam que aceitar uma perda muito maior no valor de face de seus papéis quando, a partir de setembro, sentarem-se à mesa para discutir a moratória argentina.

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